A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, esteve na 21.ª Hora da TVI24, para falar sobre a situação do novo coronavírus em Portugal. A responsável também comentou a situação da utente que ficou isolada durante seis horas numa casa de banho, em Cantanhede, e a do menino que foi à escola, em Gaia, depois de regressar de Milão.
Graça Freitas admitiu que “tudo indica que é incontornável” a chegada do coronavírus e que este “poderá já estar em Portugal."
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Mais tarde ou mais cedo obviamente em Portugal teremos casos. Aqui a questão não é essa, se teremos ou não. Vamos ter. Não sabemos é quando, nem quantos, e essa é que é a questão”, explicou Graça Freitas.
A médica sublinhou que quando Portugal deixar de estar na fase de casos contidos, o "problema será a escalada para uma verdadeira epidemia, que é o que a OMS já nos está a alertar". No entanto, reforçou a importância do equilíbrio entre o medo e a preocupação.
A partir do momento em que a OMS alerta que o risco é muito alto, quer dizer que está a admitir que focos parecidos como os de Itália possam acontecer. É tudo muito rápido”, alertou a diretora da DGS.
Graça Freitas admitiu que “não há nem risco zero, nem preparação perfeita”.
A diretora-geral da Saúde comentou o caso da escola onde só apareceram seis alunos porque um deles tinha regressado de Milão e foi às aulas. Graça Freitas considerou que o “medo é legítimo” e que as pessoas devem esclarecer os mecanismos da transmissão das doenças.
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Muitas das vezes, devidamente esclarecidas, as pessoas entendem que o seu receio é infundado”, começou por explicar.
Para Graça Freitas, “os pais que tiveram esse receio, tiveram direito a ter esse receio”, mas, igualmente, os pais que seguiram as indicações da DGS e da OMS “também têm direito a que o seu filho vá à escola, uma vez que era assintomático."
A responsável frisou ainda que não existem casos de Covid-19 em crianças: “É raríssimo, felizmente. Nós não sabemos porquê, mas é uma realidade muito boa.”
No entanto, a recomendação da DGS para que crianças que venham de Itália continuem a ir à escola deve-se a outros dois fatores.
Tem a ver com dois fatores. primeiro a probabilidade de transmissão entre crianças é relativamente baixa. O segundo fator é que só voltam para a escola crianças assintomáticas, portanto sem sintomas.”
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"Nós não estamos aqui para facilitar. Agora, também estamos a pedir contenção na proximidade entre as pessoas.As atividades lúdicas entre as crianças podem ficar interrompidas durante 14 dias, não acontece nada de outro mundo”, exemplificou Graças Freitas.
Sobre o caso da mulher isolada na casa de banho durante seis horas em Cantanhede, Graça Freitas admitiu que o que poderá ter falhado foi a Linha SOS 24 não ter considerado que a pessoa em questão teria suspeitas de coronavírus e, assim, reencaminhou-a ao centro de saúde.
Tenho a certeza que aquele centro de saúde fez o que achou o que deveria fazer em termos de isolar”, considerou a responsável da DGS.
Graça Freitas explicou ainda que o surto em Itália aconteceu no momento em que a DGS estaria no processo de expansão da linha de apoio ao médico, mas que os problemas nas linhas de apoio estão a ser ultrapassados, com dois reforços de recursos humanos na linha de apoio ao médico e na linha SNS24.
A responsável explicou a parecenças do novo coronavírus com o vírus da gripe e, com exceção das crianças e jovens, os grupos de risco são os “clássicos”, salientando a conjugação do fator idade com o fator doença.
Um grupo muito frágil é o dos idosos, com mortalidade muito elevada, e que tenham doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças do trato respiratório”, alertou.
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