Decepção na campanha em defesa dos povos da Amazónia - TVI

Decepção na campanha em defesa dos povos da Amazónia

  • Redação
  • Fabíola Ortiz dos Santos, da Agência Lusa
  • 29 jan 2009, 16:33
Fórum Social Mundial

Fórum Social Mundial: representantes do poder político não compareceram

O sentimento de decepção entre indígenas e movimentos sociais marcou o lançamento da campanha em defesa dos povos da Amazónia, no Fórum Social Mundial, em Belém, Brasil, devido à não comparência de representantes do poder político e da Fundação Nacional do Índio (Funai), ambos convidados.

Segundo o indígena Marcos Apurinã, membro da coordenação das Organizações Indígenas da Amazónia Brasileira (COIAB), a não presença e a falta de diálogo com as autoridades pode traduzir desinteresse da Funai e do próprio governo brasileiro pelo debate.

«Tivemos só decepção no sentido de que o presidente da Funai foi convidado e não compareceu. A ideia era discutir com eles para que pudessem divulgar e entender o nosso papel na protecção do meio ambiente e da biodiversidade da Amazónia», disse Apurinã à Lusa.

Para a liderança, houve um desânimo de muitos indígenas que «sentiram o choque da não presença» das autoridades. Isso, salienta Apurinã, comprova o descrédito das populações indígenas perante o governo.

«Se nós queremos um novo mundo que é com certeza possível, a gente queria que essas pessoas estivessem aqui [no Fórum Social] para fazer isso», insistiu.

Apurinã destacou que, apesar do desapontamento de muitos indígenas, que tiveram de percorrer um trajecto de mais de dez dias de barco para chegar à Belém, sede do Fórum Social, para levantar e promover um diálogo sobre as causas indígenas com as autoridades públicas, este não compromete a realização do evento mundial a decorrer esta semana.

«Isso não vai atrapalhar, a gente vai resistir como resistimos até hoje. Esse não comparecimento do poder público nas nossas reuniões só tem a atrapalhar, a gente não vê o avanço de uma melhoria para os povos indígenas», referiu.

«Vamos brigar para que não venham invasores»

De acordo com Apurinã, os povos indígenas irão resistir. «Nós temos força nem que seja até o último índio. Não queremos desflorestação, não queremos a destruição da Amazónia, vamos brigar para que não venham invasores», afirmou.

A agressão ao meio ambiente, segundo a COIAB, é causada, principalmente, pela acção de madeireiras, garimpeiros, pecuaristas e pelo avanço da fronteira agrícola na monocultura da soja e da cana de açúcar.

A campanha «Povos Indígenas da Amazónia - presente e futuro da humanidade», lançada na quarta-feira, aborda a relação de respeito dos índios pela natureza e valoriza o modo de viver destes povos.

Ainda neste primeiro semestre, as entidades promotoras da campanha vão organizar manifestações contra decisões políticas e legislativas, como a mudança do Estatuto dos Povos Indígenas e a criação do Conselho Nacional de Política Indígena.
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