Europa dos grandes: os negócios e as ligações portuguesas - TVI

Europa dos grandes: os negócios e as ligações portuguesas

Gonçalo Guedes (Reuters)

Análise aos cinco maiores campeonatos e às conexões com o futebol luso

Portugal é um país que exporta futebol por excelência. Dos 23 campeões europeus de França, apenas seis jogam na I Liga: Rui Patrício, Adrien, William Carvalho, Danilo, Eliseu e Rafa. Um joga na Ásia (Ricardo Carvalho) e outro numa liga secundária do futebol europeu: Ricardo Quaresma, na Turquia. Os restantes estão nos principais campeonatos da Europa: Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França.

O Maisfutebol foi tentar perceber as ligações históricas de Portugal com os principais clubes das principais ligas. Que emblema teve mais portugueses, quais as ligações diretas em termos de contratações, e até que clube tem mais jogadores em comum com o futebol português.

Ou seja, contabilizamos casos como o de Juskowiak. O Wolfsburgo tem este jogador em comum com o Sporting, embora ele nunca se tenha transferido diretamente de um emblema para o outro. O percurso do avançado foi: Lech Poznan, Sporting, Bor. Monchengladbach, Wolfsburgo, Energie Cottbus, MetroStars e FC Erzgebirge Aue.

Renato Sanches é o único jogador português que já jogou pelo gigante Bayern Munique

Uma ideia global

Antes de mais, a perceção geral é de que a Alemanha é o país com o qual os clubes nacionais negoceiam menos. Ela está absolutamente correta. Por exemplo, emblemas como Hamburgo ou Leverkusen nem sequer foram contabilizados neste estudo, porque não apresentam qualquer jogador português ao longo da história.

Quer isto dizer que não foram englobados todos os clubes que jogaram nos primeiros escalões dos cinco campeonatos. Foram incluídas assim as principais equipas e aquelas que, pelo número de ligações, sabia-se à partida terem enorme relevância no panorama de negócios nacional: é por isso que o Deportivo é um dos clubes estudados e o Sevilha não, ainda que o peso andaluzo na liga espanhola e no cenário europeu seja nos últimos anos maior.

Quanto a uma ideia geral, não será surpresa para ninguém que a proximidade seja um fator relevante e que, assim, as principais ligações dos clubes portugueses com uma das cinco ligas traga a espanhola à cabeça.

O Top só com portugueses

Qual o clube de uma das grandes ligas que teve mais portugueses? A resposta está perto. Tão perto que entendemos a Língua que só ali se fala quase como se fosse nossa: o Deportivo, da Corunha, já teve 21 futebolistas portugueses nos quadros.

O segundo da lista é o Atlético de Madrid. No total, 14 futebolistas lusos foram colchoneros. O primeiro foi Jorge Mendonça. Aliás, também foi primeiro no Barcelona. E segundo no Corunha, depois do portuense José Vara Martínez: alcunhado de Portugués, pois claro. Futre é aquele que terá tido maior impacto depois de Mendonça e naqueles 14 está incluído João Vieira Pinto: não se estreou com a camisola principal, jogou apenas no Atlético Madrileño.

Dani e Hugo Leal somaram-se à lista e, numa era mais recente, muitos portugueses assinaram pelo emblema de Manzanares: ainda no final da época passada Diogo Jota tornou-se rojo y blanco.

 

O terceiro clube é um fenómeno mais recente. E mora no topo da Premier League. Paulo Ferreira saiu do FC Porto campeão europeu para ser o primeiro português a assinar pelo Chelsea. Depois dele, mais 12.

Nesses 13 jogadores estão incluídos Fábio Ferreira, Filipe Oliveira e Nuno Morais, os menos mediáticos de uma série que conta com ilustres internacionais portugueses: Bosingwa, Ricardo Carvalho, Deco, Eduardo, Maniche, Raul Meireles, Ricardo Quaresma, Tiago e Hilário. E ainda José Mourinho, mas treinadores não entraram nas contas.

Seguem-se três equipas com 12 portugueses: Mónaco, PSG e Valência e o Barcelona teve 10 representantes. A partir daí, só há clubes com menos de uma dezena de jogadores lusos nos quadros.

Este ranking está influenciado pelos anos mais recentes, em que o aparecimento do empresário Jorge Mendes como um dos grandes agentes do mercado levou a uma maior exportação do futebolista nacional para as Big Five.

Por país, os clubes com mais jogadores de nacionalidade portuguesa são Deportivo, Chelsea, Mónaco e PSG, Inter de Milão (9) e Hannover (5).

Mais negócios com o Barcelona do que Real Madrid

O Chelsea pode ser um dos clubes com mais portugueses no seu historial, mas é apenas oitavo no ranking de contratações quando se inclui jogadores estrangeiros.

Nesta lista não estão contabilizadas apenas saídas e entradas de Portugal para um desses clubes. Encontram-se aqui todos os jogadores que saíram ou entraram diretamente de um clube português para um das Big Five: por empréstimo, transferência ou por serem jogadores livres para assinar contrato.

Um exemplo: Jonas. O Benfica foi buscá-lo depois de ter terminado contrato com o Valência. Está, assim, contabilizado como uma ligação direta entre o clube espanhol e a liga portuguesa.

Os casos mais recentes são fáceis de acompanhar. No entanto, não há como confirmar o registo de atletas mais antigos. É o caso do já mencionado Jorge Mendonça: passou do Sp. Braga para o Depor, mas não há nota sobre se foi como futebolista livre, por transferência ou cedência. Há notas soltas, mas nada que o confirme, porém.

Posto isto, o emblema com mais contratações diretas com Portugal é também o Corunha. No total, foram 37 idas e vindas de futebolistas entre as ligas portuguesas (contabilizámos jogadores que atuaram na I e II Ligas e ligações às equipas B – como foi o caso de João Vieira Pinto) e o clube galego.

Desses 37 futebolistas, onze andaram nos dois sentidos. Especificando: Carlos Wilson Cachicote da Rocha, angolano conhecido como Rudy e que joga no Doxa Katokopyas do Chipre, era jogador do Corunha, foi emprestado ao Belenenses e voltou ao Depor.  Nuno Espírito Santo foi ao contrário: saiu diretamente do V. Guimarães para a Corunha e de lá teve ligação direta também a Portugal: voltou para o FC Porto.


Legenda: Vermelho: jogadores que fizeram a viagem em dois sentidos (Portugal-Depor-Portugal ou então Depor-Portugal-Depor); Branco: jogadores que saíram de Portugal diretamente para o Depor; Amarelo: jogadores que vieram diretamente do Depor para Portugal; Verde: outros portugueses que jogaram no clube; Azul: outros estrangeiros que jogaram no Depor e em Portugal

Para além de 11 que andaram de lá para cá de forma direta, 17 foram de Portugal e, se voltaram, não o fizeram pelo Depor, que enviou para solo português oito jogadores: Milovanovic, Peter Rufai, Bráulio Benítez, Juanín, Emílio Viqueira, José Dieste, Dani Mallo e Catarbia.

O top5 completa-se com os seguintes clubes: Atl Madrid (32 jogadores), Barcelona (23), Valência (22) e Mónaco e PSG (20). Os franceses tiveram exatamente 12 portugueses cada e 20 negócios diretos com Portugal.

Real Madrid (19), Chelsea (15), Inter de Milão (14) e Marselha (12) completam o Top10.

Em jeito de curiosidade, vieram mais jogadores do Barcelona para Portugal do que do Real Madrid: Baía, Quaresma e Simão voltaram após estarem nos culés e ainda chegaram Aloísio, Rochemback, Geovanni, Keirrison, Okunuwo, Ivan Balliu, Cristian Tello, Nolito, Jeffrén, Grimaldo, Joan Roman, De la Sagra e Brian Olivan.

Do Real Madrid vieram Tote, Ezequiel Garay, Saviola, Javi Garcia, Rodrigo, Eduardo Almansa, Balboa, Casillas e Rodrigo Fabri.

Por países, o ranking é o seguinte: Deportivo (37 jogadores de ou para clubes portugueses), Mónaco/PSG (20), Chelsea (15), Inter de Milão (14) e Wolfsburgo (10).

 

Tanta ligação em comum

O Maisfutebol analisou 30 clubes das cinco grandes ligas: Mónaco, Bordéus, Lyon, Marselha, PSG, Atl. Madrid, Deportivo, Barcelona, Real Madrid, Valência, Milan, Fiorentina, Roma, Inter, Juventus, Lazio, Nápoles, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester United, Tottenham, Everton, Manchester City, Bayern Munique, Bor. Dortmund, Schalke, Wolfsburgo, Estugarda e Hannover.

No total, aqueles clubes têm 642 ligações em comum a Portugal. Não quer isso dizer que seja aquele o número de jogadores, porque alguns contam mais do que uma vez: por exemplo, Saviola jogou por Real Madrid, Barcelona e Mónaco, ou seja das 642 ligações, três são dele.

Ainda assim, consegue-se perceber quais daqueles 30 clubes têm mais jogadores em comum com o futebol português.

Quando Gonçalo Guedes se transferiu para o PSG tornou-se o 37º jogador a assinar pelo clube francês e a ter estado num emblema nacional, como Di María ou David Luiz. Ou também Gabriel Heinze, embora neste não haja uma passagem direta de um clube português para os parisienses, ou vice-versa.

Este ranking, tal como os anteriores, é liderado por Corunha e Atl. Madrid: 54 futebolistas passaram pelo menos uma vez na carreira pelo Depor e por Portugal, enquanto os colchoneros têm 48 atletas em comum.

Barcelona (41), Real Madrid (38) e PSG (37) fecham o top5, enquanto por países, a lista é a seguinte: Deportivo, PSG, Chelsea (27), Inter (29) e Wolfsburgo (15).

 

Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE