Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ele que passa. Ele? Ele, sim: o mercado de Inverno. Vai acabar mais uma edição de transferências à última hora, a janela de mercado devidamente autorizada pela FIFA a partir dos anos 90. Em Portugal, a moda pega. E de que maneira.
Há Janeiros em que chega um camião de jogadores, como o Benfica em 1997. Akwá, Amaral, Glenn Helder, Hadrioui, Ronaldo, Tiago e Valdir, os sete quê? Magníficos? De todo. O Sporting imita em número no Inverno seguinte, em 1998, com Assis, Edmilson, Damas, Leão, Patacas, Paulo Alves e Renato. Destes todos, só um (Edmilson) faz parte do plantel campeão português em 2000.
O recorde do FC Porto é cinco, em 2005, o tal ano da ressaca de Mourinho e do título europeu em Gelsenkirchen (3-0 ao Monaco). Chegam Cláudio Pitbull, Ibson, Leandro, Leandro Bomfim e Léo Lima. E? Nada feito, ganha o Benfica de Trapattoni o campeonato. Muito à conta, diga-se em abono da verdade, da contratação de Nuno Assis ao Vitória SC. É ele quem mexe os cordelinhos no meio-campo daí para a frente, com Simão, Nuno Gomes e Mantorras lá na frente a dar que falar. Esse é o melhor reforço invernoso do Benfica. Pelo menos, com efeitos imediatos. Claro que há David Luiz com retroactivos - Que o diga Jorge Jesus em 2009-10.
Em Alvalade, o reforço mais badalado é André Cruz. O central brasileiro ex-Torino chega e dá um nó cego na concorrência, graças a quatro golos, um deles de extrema importância, ao FC Porto, de livre directo. Como se isso fosse pouco, é também peça fulcral, agora ao lado de Babb, como titular do Sporting campeão nacional em 2002.
Veja nos links associados a «movida» completa dos três grandes no Inverno.
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FOTOS: de Drulovic a Pepe, 55 nomes para o FC Porto em janeiro
FOTOS: de Mauro Soares a Sporar, 61 nomes para o Sporting em janeiro
Nas Antas, a figura de peso chama-se Deco. Chega a Portugal em 1997, do Corinthians Alagoano para o Benfica. É emprestado ao Alverca e, depois, ao Salgueiros, onde joga seis meses. Os outros seis passa no FCP, em 1998. O resto é história: vencedor da Taça UEFA-2003, campeão europeu em 2004 e titular da selecção do Euro-2004 até ao Mundial-2010. Craque. Um pouco à imagem de Drulovic, o primeiro real reforço de Inverno em Portugal. Logo ele que aterra em Portugal para pasar tão-só cinco ou seis dias, em Julho 1992. "Era Verão e tempo de experiências. O Gil Vicente quis testar-me e acabei por ficar.” A simplicidade linguística traduz-se em 14 títulos nacionais, entre cinco campeonatos, quatro Taças e cinco Supertaças, todos conquistados pelo FC Porto, embora também tenha vestido a camisola do Benfica e Penafiel.
Na primeira época pelo Gil, Drulovic marca dez golos em 34 possíveis. Na segunda, de Agosto a Novembro de 1993, mais sete em 14. Claro, motiva o interesse do FC Porto, sem pedalada para o ritmo de Benfica de Toni e Sporting de Queiroz. Com a inovação da reabertura das inscrições, o FC Porto é o único grande a atirar-se de cabeça ao mercado. Primeiro, Drulovic. Depois, Bobby Robson mais Mourinho. A aliança rende golos atrás de golos, ao ponto de acabar o campeonato em segundo lugar, à frente do Sporting, que, a quatro jornadas do fim, é apontado como favorito ao título.
Nesse curto período de Dezembro a Maio (em 1993, e até 2002, o mercado só abre em Dezembro), Drulovic assina 11 golos, mais que Kostadinov e Domingos, juntos. Mais tarde, viria Jardel, com quem Drulovic se entendia de olhos fechados, à base daqueles cruzamentos com a parte exterior do pé esquerdo, porque, como dizia, jogava "muito pouco com o direito". Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ele que passa. Ele? O Drulovic.