Aí está a Premier League: todas as lutas que ficaram por lutar - TVI

Aí está a Premier League: todas as lutas que ficaram por lutar

Manchester United-Manchester City

Maisfutebol lança o último bloco competitivo da liga inglesa. Arrancamos com os primeiros jogos, passamos pelo anunciado campeão e acabamos a olhar para a «entourage» portuguesa

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Após a vitória por 2-0 do Manchester United sobre o Manchester City, Bernardo Silva viu a luta pelo título ficar apenas ao alcance de uma matemática (ainda mais) rocambolesca. Só uma hecatombe do Liverpool pode permitir que a Premier League tenha outro desfecho que não o da vitória da turma de Jurgen Klopp.

Apesar desse capítulo estar praticamente arrumado, pontos de interesse não faltam: a revelação de Bruno Fernandes e o seu papel de importância crescente no United; a disputa pelos lugares de acesso à Liga dos Campeões; a luta pela permanência entre seis equipas. Tudo questões que já deviam estar resolvidas nesta altura do ano.

Com o confinamento do futebol, o verão, que até tinha em agenda um Europeu, viu-lhe ser trocadas as voltas. Em vez de Euro, temos ligas europeias. A Premier League é mais uma: a terceira do big-5 a voltar, mais de três meses depois.

Os primeiros jogos realizam-se já nesta quarta-feira: Aston Villa-Sheffield United (18 horas) e Manchester City-Arsenal (20h15).

O movimento Black Lives Matter e as regras do novo regresso

A liga inglesa volta numa altura em que já estão em pleno funcionamento as ligas portuguesa, alemã e espanhola. A definição de regras não diverge muito entre as quatro, tendo a alemã, sobretudo, sido pioneira numa série de medidas adotadas pelas restantes - e à qual a Premier League não foi exceção.

Os treinadores vão poder realizar cinco substituições por jogo, tendo aumentado o número de suplentes de sete para nove jogadores por equipa. Os estádios (para já) vão estar à porta fechada, característica fundamental para a realização dos jogos.

A Premier League será, no seu regresso, porta-estandarte de outra luta que tem pautado as últimas semanas: a luta contra o racismo. Todos os jogadores utilizarão camisolas com a inscrição «black lives matter» em oposição aos habituais nomes próprios.

Ademais, não serão penalizados quaisquer tipos de protestos associados ao movimento BLM, prevendo-se que alguns jogadores possam festejar golos com mensagens sociais associadas.

Man. City-Arsenal e Tottenham-Man. United na agenda da primeira semana

A Premier League parou à 29.ª jornada, mas há quatro equipas com jogos em atraso da jornada anterior. Por isso, o campeonato volta esta quarta-feira com o Aston Villa-Sheffield e com o Manchester City-Arsenal que marca o reencontro de Guardiola e Arteta, num confronto entre mestre e aprendiz.

Regularizada a situação, a jornada abre sexta-feira com o Norwich-Southampton, mas as atenções nesse dia estão viradas para o estádio do Tottenham, mais concretamente para o duelo entre José Mourinho e Bruno Fernandes.

No dia seguinte o Leicester visita o Watford, o Brighton recebe o Arsenal e a armada portuguesa do Wolves enfrenta o sempre complicado West Ham, em Londres. O dia fica completo com o Bournemouth-Crystal Palace.

No domingo, o Newcastle recebe o Sheffield - que a par do Leicester é uma das sensações do campeonato - e o Chelsea visita o terreno do aflito Aston Villa.

O fim-de-semana termina com o escaldante dérbi de Merseyside, entre Everton e Liverpool. Na segunda-feira, a jornada encerra com a receção do City ao Burnley.

Campeonato entregue, Europa e descidas por decidir

O Liverpool não vence o título há 30 anos. Apesar de na época passada ter estado muito perto, as faixas foram mesmo para Manchester, com os cityzens a fazerem a festa. Foram 98 e 97 pontos por parte das duas equipas, muito perto do recorde de 100 pontos estabelecido pelo City na temporada 17/18.

Numa época em que nos habituamos a ver recordes serem batidos com alguma frequência – obra de Messi e Cristiano - podemos ver o recorde de pontos da liga ser batido apenas duas épocas depois.

O Liverpool tem 82 pontos, quando ainda há 27 em disputa. Os reds podem fazer (ainda que seja muito difícil) 109 pontos no total.

O City - que em duas épocas fez 198 pontos, revelou uma consistência quase robótica e trucidou a oposição - não apareceu para a edição 19/20 da Premier League.

Algumas equipas foram esmagadas pelos homens de Pep, é certo, mas não com a regularidade de épocas anteriores.

A luta pelos lugares de Champions está ao rubro, com o Leicester e Manchester City a levarem vantagem neste capítulo. Chelsea, Manchester United, Wolves e Sheffield lutam pelo último lugar de acesso, sendo que nunca é de descartar o Tottenham do sempre perigoso José Mourinho. Resta falar do Arsenal, que em caso de vitória frente ao City apanha os Wolves e o Sheffield no sexto posto.

Na luta da permanência, o Brighton soma 29 pontos, West Ham e Watford 27, e já em zona de despromoção, o Bournemouth tem 27 pontos, Aston Villa 25 (e um jogo em atraso) e o Norwich segue no fundo da tabela com 21 pontos. Um final de campeonato que se prevê intenso para estes emblemas.

Os destaques…

Com o nível de treino, treinadores e jogadores a ter aumentado nos últimos anos, não seria de espantar que este capítulo se estendesse ao longo de muitos parágrafos.

Ainda assim, há destaques que são por demais evidentes. É o caso do atual melhor marcador da competição, o avançado Jamie Vardy. Uma seta apontada à baliza de qualquer equipa, Vardy foi campeão pelo Leicester em 2016 e por lá ficou.

Quatro anos depois, a equipa do condado de Leicestershire volta a estar numa superposição - no 3.º lugar com cinco pontos de vantagem sobre o último lugar de acesso à liga milionária.

Muito se deve ao seu avançado, que soma 19 golos, mas não só. Podia-se ainda falar de James Maddison, de Ben Chillwell, de Soyuncu ou de Ricardo Pereira - ao português temos um capítulo dedicado mais à frente.

Ainda nos jogadores ingleses, Jack Graelish (Aston Villa) e Danny Ings (Southampton) têm sido dos mais falados durante o decorrer da época.

Graelish leva sete golos e seis assistências na maior divisão inglesa. A forma como no flanco esquerdo faz o típico movimento interior associado a destros tem sido a sua trademark.

Já Danny Ings, depois do fracasso ao serviço do Liverpool, onde as lesões não lhe deram tréguas, parece ter encontrado o seu espaço no sul de Inglaterra. Pelo Southampton, o avançado soma 15 golos, quando ainda há nove jornadas pela frente.

No Manchester City, e apesar da época menos conseguida, houve destaques positivos. Kevin de Bruyne foi um deles. Com 16 assistências, o belga tem tudo para passar o recorde de Henry, que em 2003 contabilizou 20 no total da competição.

A par do belga, também o avançado Kun Aguero se tem mantido regular, alheado ao mau momento da equipa liderada por Guardiola. 16 golos tem o argentino, menos um do que Aubameyang.

Jamie Carragher, ex-lenda do Liverpool afirma mesmo que «Auba é demasiado bom para o Arsenal». Os gunners estão neste momento na nona posição.

... os do Liverpool…

Tem sido um passeio este campeonato para o Liverpool. Com apenas um empate e uma derrota em 29 jogos, têm sido vários os jogadores a destacarem-se.

Na baliza, Alisson perdeu os primeiros jogos da temporada, mas voltou a tempo de ser um dos guarda-redes com mais jogos que conseguiu manter a sua baliza inviolada - 10 vezes.

Trent-Alexander Arnold, 21 anos, já é apontado por muitos como o melhor lateral-direito do mundo. Além da força, velocidade e técnica, tem no seu cruzamento uma arma poderosa. O inglês leva 12 assistências na liga até ao momento.

Na lateral contrária mora o super-trabalhador Andrew Robertson. O escocês, que só aos 24 anos entrou nas bocas do mundo com a transferência para Liverpool, tem sido de uma consistência surreal.

Muito poderoso fisicamente, tem uma qualidade defensiva e um envolvimento no ataque pouco comuns. Sete assistências tem o ex-Hull City na Premier League desta época.

O patrão da defesa é Van Dijk. O holandês esteve na corrida para a Bola de Ouro, acabando em segundo lugar, numa bola entregue pela 6.ª vez a Leo Messi. Sobre o defesa central, importa recordar as palavras Troy Deeney, avançado do Watford, que assume odiar jogar contra ele. E Porquê?

«Ele é demasiado grande, demasiado forte, demasiado rápido, demasiado bom com a bola… e cheira bem! Odeio-o» disse o inglês.

Neste rol de bons jogadores, há ainda o médio centro Jordan Henderson, candidato ao prémio de melhor jogador da liga, bem como o tridente ofensivo da equipa da cidade dos Beatles.

Salah, Firmino e Mané. 38 golos e 20 assistências entre os três na liga, e uma dor de cabeça constante para os adversários. Subir a linha defensiva contra o Liverpool é um risco que a maior parte das equipas não está disposta a correr sob pena de se expor à velocidade e técnica destes três elementos.

… e os portugueses

São cada vez mais os portugueses em ação no principal campeonato inglês.

A mais recente coqueluche nacional chegou ao United em janeiro e foi-se juntar a outro português, Diogo Dalot.

Com características talhadas para o espírito combativo da liga, Bruno Fernandes em menos de um mês saltou para os favoritos dos adeptos. Desde que chegou, o United não perdeu, e agora a luta passa por qualificar os Red Devils para a Champions League.

No outro lado de Manchester moram Bernardo Silva e João Cancelo. O primeiro, menino bonito de Guardiola, destacou-se na anterior época, e um dos motivos da queda do City pode estar associado à sua quebra de rendimento nesta temporada.

João Cancelo não teve muita sorte na passagem em Manchester, sendo um dos nomes apontados à saída.

No sensacional Leicester joga Ricardo Pereira, lateral português que até fazer uma rotura de ligamentos no joelho estava a ser dos melhores da temporada.

No Wolves, que conta com um contingente de oito portugueses, o treinador é Nuno Espírito Santo. Com o objetivo europeu em marcha - os lobos ainda estão a disputar a Liga Europa - o sonho passa por conseguir chegar à Liga dos Campeões.

Rui Patrício, Rúben Vinagre, Rúben Neves, João Moutinho, Pedro Neto, Bruno Jordão, Daniel Podence e Diogo Jota vão certamente trabalhar nesse sentido.

O Tottenham, de José Mourinho, conta com o médio Gedson Fernandes, emprestado pelo Benfica.  No Arsenal, embora sem ter realizado nenhum jogo, está Cedric Soares, e no Everton, em posição estável na tabela, joga André Gomes.

O ex-Benfica voltou aos relvados após lesão arrepiante e parece não ter perdido a confiança de Ancelotti.

Em posição mais delicada, e em risco de descida, está Domingos Quina, médio centro do Watford, internacional pelas seleções jovens.

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