Rogério Ceni: o voo do tri do São Paulo - TVI

Rogério Ceni: o voo do tri do São Paulo

Rogério Ceni

Anatomia de uma defesa

Yokohama, 18 de dezembro de 2005. São Paulo, campeão da Libertadores, e Liverpool, vencedor da Liga dos Campeões nesse ano após uma época final com o Milan e um momento já lembrado neste espaço, defrontam-se na final do Mundial de Clubes.

Mineiro adianta os brasileiros aos 27 minutos com uma finalização na cara de Pepe Reina e o resultado manter-se-á assim até ao último apito do árbitro mexicano Benito Archundia.

Pelo meio, Rogério Ceni é a face maior da resistência paulista. Ele que nas meias-finais apontou o terceiro golo da equipa de Paulo Autuori no triunfo por 3-2 sobre os sauditas do Al Ittihad.

Aos 52 minutos, o Liverpool tem um livre ao jeito do pé direito de Gerrard. Os jogadores da barreira guardam o poste mais próximo da bola (o direito), mas Ceni parece não estar posicionado de modo a proteger o lado oposto, o que tornará a ação que se segue ainda mais notável.

O médio inglês bate colocado na direção do ângulo superior esquerdo. O goleiro canarinho, que só começa a deslocar-se para lá após a bola ultrapassar a barreira, voa e nega o golo com a luva esquerda.

Rogério Ceni, então com 32 anos, encerra com chave de ouro uma das épocas mais memoráveis da carreira e já a contar com os dez anos que ainda lhe restariam até encerrar a carreira no São Paulo com recordes reconhecidos pelo Guinness, como número de jogos pelo mesmo e máximo de golos marcados por um guarda-redes: em 2005 foram 21 golos em 75 jogos, dois registos máximos pessoais numa temporada.

Notável, mas aquela defesa foi provavelmente mais replicada do que qualquer dos golos marcados. Em forma de escultura e numa série de 131 quadros pintados à mão e autografados por Ceni. Numa alusão ao terceiro título mundial do São Paulo, chamaram-me com propriedade: «O Voo do Tri | Milagre Sobre Tela.»

Artigo original: 22/04; 23h50

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