União Zoófila oferece cães e gatos - TVI

União Zoófila oferece cães e gatos

  • Portugal Diário
  • 18 mar 2007, 15:28

Instituição completa 56 anos e está com «lotação esgotada»

Numa rua íngreme de Benfica, em Lisboa, há um muro branco com um portão verde fechado a cadeado e uma placa com letras vermelhas onde se lê «Lotação Esgotada», ao lado outra placa faz um apelo - «Adopções de cães e gatos».

As duas placas resumem, ainda que de forma simplista, o que se passa do outro lado do muro, de onde chegam até à rua os latidos e miados dos mais de 1.000 cães e gatos abandonados acolhidos pela União Zoófila (UZ) que este ano comemora 56 anos enfrentando problemas de espaço e de recursos.

Aberto o portão, quem visita a UZ é recebido por olhares tristes, quase sem vida, de cães que, dia após dia, esperam que alguém os adopte como companhia.

Os espaços do canil da UZ são pequenos e reúnem cinco ou mais cães, mas a solidão impele os animais a andarem em círculos, como se de loucos se tratasse.

O Verão, a estação do ano tão aguardada por quase todos os portugueses é a pior época do ano para a UZ.

Em época de férias, os animais de estimação - neste caso, cães e gatos - transformam-se «no fardo que as pessoas despejam à porta da UZ», diz Luísa Barroso, responsável pela instituição de, protecção dos animais.

«Há imensas histórias tristes e isto é a imagem do país que temos. As pessoas são egoístas e, infelizmente no nosso país, o animal não é muito respeitado», adianta.

Pior do que o abandono, diz Luísa Barroso, há casos de pessoas que se dirigem à UZ com o propósito de abater os animais.

Nestes casos, a UZ acolhe-os e cuida deles até à morte, única altura em que a UZ tem a ajuda da Câmara Municipal de Lisboa - uma carrinha para transportar os cadáveres.

Ao município, a responsável pela UZ dirige um apelo para a criação de «albergues a preços acessíveis», para que os que abandonam animais não tenham a desculpa da falta de alternativas «Acho que nisto a Câmara tem um papel importante, podia fazer a oferta a preços acessíveis de alojamento para animais», disse.

Luísa Barroso não poupa críticas e acusa igualmente a autarquia de proibir as pessoas de terem animais, «às vezes o seu único amigo», quando realoja pessoas em habitações sociais.

«Olha, esta é uma história feliz!»

Enquanto a responsável pela UZ falava à Lusa foi surpreendida com uma visita do Pluto, que não a deixou indiferente.

Com apenas três meses, este cão foi adoptado por Andreia Ribeiro que, «em sinal de retribuição com quem ajuda os animais», escolheu esta tarde primaveril para mostrar o seu fiel amigo, agora com cinco meses, «a quem cuidou dele».

«Olhe, esta é uma história feliz!», exclama Luísa Barroso como que a sentir o reconhecimento dos 56 anos de trabalho da UZ.

A União Zoófila foi fundada em 17 de Novembro de 1951 e é uma associação de utilidade pública administrativa sem fins lucrativos que não recebe qualquer ajuda pública e vive do pagamento das quotas dos quase 24 mil sócios e dos donativos feitos por beneméritos.
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