Sporting-FC Porto: as boas intenções acabam no inferno - TVI

Sporting-FC Porto: as boas intenções acabam no inferno

Sporting vs FC Porto (LUSA)

Leões ameaçam prolongar uma tendência que se verifica há seis anos, e terão ganho balanço com a goleada de Barcelos. O clássico escalda.

JOGO GRANDE em Alvalade. SPORTING e FC PORTO reencontram-se no CLÁSSICO de Alvalade, um palco que tem sido negativo para os dragões há praticamente seis anos. Desde então, os portistas não voltaram a vencer em jogos para a Liga, e nos últimos três encontros nem sequer marcaram. Data de 5 de outubro de 2008, 5ª jornada do campeonato, o último triunfo, em que João Moutinho assinou, de penálti, o golo dos leões, depois de o argentino Lisandro López ter inaugurado o marcador. Ainda na primeira parte, Bruno Alves conseguiu o golo que valeu os três pontos para os visitantes. Mas já lá vamos.

As duas equipas estão hoje separadas por dois pontos na Liga, com o conjunto de Marco Silva a poder passar para a frente em caso de vitória. O BENFICA, líder isolado, parte com dois pontos de vantagem sobre os dragões e quatro sobre os leões, e, se cumprir na Amoreira, poderá aproveitar uma eventual derrapagem de um ou dos dois rivais. Apesar de todos os negarem, a imagem estará obviamente presente em ambos os candidatos antes e depois do pontapé de saída. Mesmo que se trate apenas da sexta de 34 longas jornadas.

Se o Sporting parece ter de certa forma reencontrado uma ideia para voltar ao seu caminho, com a troca de André Martins por João Mário, o FC Porto soma dois empates consecutivos na prova, frente a Vitória Guimarães. É verdade que, pelo meio, houve uma goleada ao BATE Borisov na Liga dos Campeões – ao passo que os de Alvalade tiveram um empate dececionante em Maribor –, mas do exterior olha-se com desconfiança para os excessos da gestão que Lopetegui tem vindo a impor. 

Mais do que boas intenções num estádio que tem sido um verdadeiro inferno nos últimos anos, o Dragão precisa de voltar a mostrar solidez para quebrar uma tendência que ameaça prolongar-se no tempo. O investimento que fez no mercado exige-o. Só que do outro lado estará um Sporting a tentar confirmar o que mostrou no último ano, e precisa do triunfo para não ficar demasiado para trás.


No que ao MOMENTO diz respeito, o moral poderá ser diferente dos dois lados da barricada. O empate frente ao Boavista, pelas circunstâncias de um jogo que esteve perto do adiamento por causa do dilúvio que se abateu sobre a cidade do Porto e por alguma renitência entre os dragões em querer jogar naquelas condições, acaba por ser frustrante logo depois da goleada gorda ao BATE, liderada por um fantástico Brahimi – o reforço argelino tem sido a grande arma, a par de Jackson. Haverá sempre a atenuante da expulsão de Maicon, mas dois empates seguidos não começarão a instalar a dúvida entre as hostes portistas? Pelo menos, a dúvida sobre uma gestão em fase tão precoce da temporada, com uma equipa nova e processos ainda por consolidar completamente. Uma coisa é certa, o FC PORTO não passou do 8 para o 80 e de novo para o 8, mas mostrou uma intensidade menor nos jogos da Liga.

Do lado do SPORTING, depois de três empates – quatro se somarmos o da Eslovénia – e de um triunfo muito sofrido frente ao Arouca, a goleada em Barcelos dará garantias a Marco Silva e ao resto do grupo de trabalho de que estão de volta ao trilho certo. João Mário, que já tinha entrado na segunda parte de Maribor, substituiu de vez André Martins em Barcelos - «opção de estratégia para o jogo», de acordo com o treinador – e somou duas assistências para golo. Nani parece em crescendo, Adrien apareceu mais solto, Slimani voltou a marcar. O Leão, que até aí manifestara problemas na construção sobretudo em zonas interiores apesar de boa presença nos flancos, reencontrou-se com a solidez e realizou uma boa exibição. O clássico surge como grande teste ao «novo leão», talvez mesmo o verdadeiro teste. Afinal, o que se passou no Minho foi Sporting a mais ou Gil Vicente a menos? O clássico poderá tirar essas dúvidas e, em caso de triunfo, restaurar o status quo. Mas, atenção, uma eventual derrota – e também porque a seguir haverá um embate terrível com o super-Chelsea de Mourinho – poderá marcar desde já a época dos verde e brancos, sobretudo se o Benfica também vencer o Estoril e o atraso passar para sete pontos.


O FC PORTO é dos dois o mais penalizado pelas
AUSÊNCIAS para o clássico. Ambos os treinadores recuperam unidades importantes, mas Lopetegui ficou sem MAICON durante o dérbi com o Boavista. JEFFERSON está de volta após castigo, bem como ALEX SANDRO e ÓLIVER nos rivais. O lateral brasileiro tinha sido poupado, já o médio recuperou de lesão no ombro. Helton é baixa há meses no conjunto portista. Shikabala é caso (literalmente) à parte, já que, apesar do processo disciplinar, antes nunca contou muito para o seu treinador.

Os dragões surgem mais diminuídos para o embate, uma vez que Maicon faz com Martins Indi a dupla preferencial, mas acabou por sair bem ao treinador espanhol a presença de MARCANO no último onze. Alex Sandro entrará diretamente na equipa, uma vez que José Ángel caiu, por opção, dos convocados. Já Oliver dependerá de Lopetegui, que tem mexido muito de partida para partida.


DISCURSO DIRETO. Os dois treinadores mostraram confiança no encontro desta sexta-feira. JULEN LOPETEGUI defende que «cada jogo é um caso» para justificar a alta rotatividade que tem imposto na equipa. Quer ter «todos preparados para quando forem chamados» e a verdade é que essa gestão permite-lhe não ter de estrear Marcano em Alvalade porque o central já jogou 90 minutos frente ao Boavista. Uma das frases fortes da conferência de imprensa incidiu sobre os dois pontos de atraso para o Benfica. «Até agora não tenho olhado para a classificação, isso veremos mais à frente. Não me importa quem está acima. Preocupa-me o jogo de Alvalade, quero a equipa concentrada ao máximo. Vai ser um jogo exigente, vamos ter de dar uma boa resposta. Acho que o Sporting é uma equipa equilibrada, com bons jogadores, com uma estrutura muito parecida com a do ano passado. É uma equipa sem dúvida com muitos argumentos.»


Já MARCO SILVA sublinhou a vontade de marcar golos a um adversário «que vale pelo seu coletivo» e que «investiu o que toda a gente sabe», preferencialmente em jogadas de bola corrida. «É uma realidade que o FC Porto sofreu apenas um golo, mas no último jogo também voltámos a ter a eficácia pretendida. Por norma temos um caudal ofensivo que nos permite ter oportunidades suficientes para ganhar o jogo, sabendo que vamos ter um adversário muito forte. É um dado que não tem grande relevância mas queremos ser a primeira equipa a marcar-lhes de bola corrida, se possível, para vencer o jogo, ou conseguir os golos necessários para vencer.» 
  
O HISTÓRICO DE CONFRONTOS entre os dois grandes no campeonato pode ser lido na sua totalidade ou dividindo-o por local, em casa ou fora. No que diz respeito à visão global, o FC PORTO tem mais seis vitórias do que o rival (62 contra 56), e registaram-se 42 empates. No entanto, os leões marcaram mais golos do que sofreram (233 contra 224). 
 
Se olharmos apenas para os encontros em Alvalade, aí o SPORTING tem clara vantagem: 43 vitórias, para 18 empates e 19 triunfos dos portistas. 155-83 em golos. 
 
E se restringirmos o nosso olhar para os últimos confrontos, o FC PORTO não vence há quase seis anos e não marca há três. RUI PATRÍCIO surge, inevitavelmente, como um dos grandes obstáculos aos avançados visitantes, que quererão certamente esta sexta-feira acabar com a travessia no deserto. Desde esse triunfo de 2008/09, verificaram-se três empates - 1-1 (2010/11) e 0-0 (2011/12 e 2012/13) – e dois triunfos do SPORTING – 3-0 (2009/10) e 1-0 (2013/14) 
      

Longe obviamente vão os tempos dos 9-1 de 1936/37, ou os 6-1 de 1937/38 e 1959/60, as maiores vitórias dos leões no seu covil. O resultado mais expressivo a favor dos visitantes no campeonato data de 1972, um claro 3-0. 
 
Como sempre, não é fácil arriscar EQUIPAS PROVÁVEIS, mas tal tarefa ainda se torna mais complicada com a gestão que Lopetegui tem feito desde o início da época. O espanhol nunca repetiu um onze. No entanto, Marcano, como já se disse, deverá continuar como titular, agora no lugar de Maicon; e, com José Ángel fora dos convocados, Alex Sandro, poupado ao dérbi com o Boavista, deverá também entrar diretamente para as opções iniciais. A recuperação de Óliver poderá, ainda, permitir o regresso do espanhol, em detrimento de Tello. 
 
Já Marco Silva mexe bem menos do que o rival, e deverá manter a confiança em João Mário, que tão boa conta de si deu em Barcelos. Não é previsível, salvo qualquer impedimento físico de última hora, ou uma jogada estratégica para este jogo específico – que parece difícil de acontecer até pelo discurso do treinador leonino, a olhar mais para dentro que para fora –, outra alteração ao esquema habitual. 


Se as duas equipas, pela forma como se apresentam em campo, parecem encaixar, haverá certamente muitos duelos interessantes ao longo dos 90 minutos. Logo à partida no meio-campo, onde RÚBEN NEVES terá mais um teste no seu caminho para a afirmação. Um setor onde o SPORTING parece reforçado com a entrada de JOÃO MÁRIO. Depois, NANI-DANILO e CARRILLO-ALEX SANDRO, mas também ÓLIVER-CÉDRIC e BRAHIMI-JEFFERSON. E há também o que JACKSON e SLIMANI podem fazer às duplas de centrais contrárias. Luta não faltará certamente!

ONZES PROVÁVEIS

SPORTING
 
 
Outros convocados: Marcelo; Ricardo Esgaio, Paulo Oliveira, Jonathan Silva, Rosell, André Martins, Mané, Capel, Montero e Tanaka

FC PORTO
 
 
Outros convocados: Andrés Fernández; Reyes, Evandro, Tello, Ricardo Quaresma, Adrián López e Aboubakar



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