Da fúria espanhola à «bella» Itália para uma jornada em cheio - TVI

Da fúria espanhola à «bella» Itália para uma jornada em cheio

Espanha (Reuters)

Quarto dia de competição traz os bicampeões da Europa para o relvado e ainda um muito prometedor Bélgica-Itália

Vamos começar por admitir o óbvio: até agora, talvez com a exceção do Alemanha-Ucrânia, este Europeu não está a ser nada de especial, não é?

Para quem ainda tem bem fresco na memória os frenéticos jogos da fase de grupos do último Mundial, o equilíbrio patente nos três primeiros dias de competição da experiência inaugural de um Euro com 24 equipas não tem permitido que haja grandes espetáculos. Vai valendo o pano de fundo (um Euro é sempre um Euro) e a fé dos seguidores à espera do momento que os faça saltar da cadeira.

No papel, esta segunda-feira, quarto dia de competição, parece um bom dia para que venha o tal click que está a faltar. Basta ver o cartaz, bem prometedor.

Espanha, bicampeã europeia, abre as hostilidades frente à República Checa, seleção com tradição de fazer boa figura em campeonatos da Europa. Às 17 horas, no menos interessante dos jogos do dia, há, ainda assim, Ibrahimovic. E quando assim é, até um Irlanda-Suécia pode resultar numa coisa boa de se ver.

E, por fim, o prato principal, a fechar o dia. Bélgica-Itália. Um outsider que todos gabam e de quem todos esperam ainda mais do que no último Mundial e um crónico candidato que, não estando num dos seus momentos mais fulgurantes, não deixa de ser…a Itália.

Em teoria, se há dia para o Euro despertar de vez é este. Se não for, paciência. Ou vai desistir já?

ESPANHA-REP. CHECA, 14h

Grupo D

Estádio de Toulouse (Toulouse)

Árbitro: Szymon Marciniak (Polónia)

O que esperar?

É o primeiro confronto entre dois antigos campeões. A República Checa venceu a edição de 1976, enquanto Espanha é tricampeã, os dois últimos ganhos nas anteriores edições do torneio.

Ora, assim sendo, não há como não ficar entusiasmado, ainda por cima numa fase de grupos, agora alargada, que não terá assim tantos duelos de choque quanto isso.

Naturalmente que mais importante do que a história é o momento das equipas. Não será Panenka a defender as cores checas, nem sequer Patrick Berger, que marcou na última final dos checos, em 96, ou Milan Baros, o goleador de 2004. Como Espanha também já não é a mesma de há quatro ou oito anos. Não há Xavi, por exemplo, nem David Villa, Puyol ou Torres, só para citar os mais óbvios.

E, além disso, há polémica de sobra, com o caso que envolve David De Gea e que lança ainda mais dúvidas sobre quem será o dono das redes espanholas, quando já se anunciava o fim de ciclo de Iker Casillas.

O ensaio geral, frente à Georgia (surpreendente derrota por 1-0) correu mal, mas, no teatro, é usual dizer que, quando assim acontece, a estreia é magnífica. É esse o desafio dos pupilos de Del Bosque que têm ainda um desastroso Mundial 2014 para colocar na gaveta dos acidentes de percurso.

O perfil de Espanha

O perfil da Rep. Checa

Checos vão tentar contrariar o favoritismo espanhol

Em Foco

David De Gea (Espanha)

Já antes, mas, sobretudo, desde a saída de Iker Casillas do Real Madrid que a discussão em torno da baliza da seleção espanhola ganhou um despique que não havia há mais de uma década. O reinado de «San» Iker chegaria ao fim? Com De Gea em bom plano no Manchester United, faria sentido, para muitos, que este fosse o Europeu da troca. Parecia tudo encaminhar-se para isso, mas rebentou, depois, o escândalo que liga o guarda-redes a um caso de abuso e agressão sexual em 2012. Desmentido pelo próprio, no seguimento. Del Bosque diz que acredita. A ponto de lhe dar a baliza?

Thomas Rosicky (Rep. Checa)

Ver Thomas Rosicky no Euro 2016 já é, por si só, notícia. Não pelo talento que todos conhecem, mas pelo ano absolutamente para esquecer que viveu. Aos 35 anos, fez…um jogo na equipa principal do Arsenal. Culpa das lesões, que minaram uma carreira que poderia ter sido (ainda) melhor. De qualquer forma, mal soube que estaria apto, o selecionador Pavel Vrba não abdicou do homem que pode, agora, ser titular no apoio ao ponta de lança. Tem treinado sempre à parte, ao que se sabe, numa seleção que esconde muito o jogo em França. Bluff?

Equipas prováveis

ESPANHA

REP. CHECA

IRLANDA-SUÉCIA, 17h

Grupo E

Estádio Saint-Dennis (Paris)

Árbitro: Milorad Mazic (Sérvia)

O que esperar?

Copo meio cheio ou copo meio vazio? Se vir o copo meio vazio, provavelmente vai desvalorizar este embate, enfiado entre dois pratos bem mais apetitosos e que junta as duas seleções menos cotadas do grupo E. Se vir o copo meio cheio, além de ter mais uma oportunidade para testemunhar, entre outras coisas, o génio de Zlatan Ibrahimovic, lembrará que o jogo junta as duas seleções menos cotadas do grupo E.

Então isso não era copo meio vazio, perguntam vocês. Depende. É que, se é verdade que nem Irlanda nem Suécia têm as estrelas da Bélgica e o estatuto da Itália, também é certo que têm aqui a oportunidade de vencer.

Se os outros dois rivais do grupo são mais fortes, entrar a ganhar pode dar o conforto e confiança necessárias para as batalhas seguintes. De igual modo, entrar a perder também pode deixar a eliminação mais perto, mesmo com a possibilidade de três equipas seguirem em frente, o que pode levar a um jogo calculista

Não está fácil, então, perceber o que vai sair daqui. O melhor então é acompanhar, a partir das 17 horas. Pode ser que veja a primeira vitória de sempre da Irlanda sobre a Suécia ou que os suecos continuem a fazer do Saint-Dennis um palco maldito para os irlandeses. Foi lá que fugiu, literalmente pela mão de Henry, o bilhete para o Mundial 2010.

O perfil da Irlanda

O perfil da Suécia

Ibrahimovic é, mais uma vez, a grande esperança sueca

Em foco

Shane Long (Irlanda)

No Euro 2012 participou em dois jogos e saiu em branco. Mas a influência de Robbie Keane naquela equipa era bem maior do que nesta, onde o histórico avançado não se deve livrar do banco de suplentes. O holofote ofensivo vai, então, para Long que vem da segunda melhor época da carreira em termos de concretização. Foram 13 golos ao serviço do Southampton. Terá guardado algum para o Euro?

Zlatan Ibrahimovic (Suécia)

Quem mais poderia ser? Naquela que deve ser a sua última fase final de uma grande competição, do avançado sueco pode esperar-se tudo. Um golaço, um momento de génio…um jogo para esquecer. É o porta estandarte da Suécia e, aos 34 anos, tem aqui a última oportunidade para ser ainda mais histórico no país.

Equipas prováveis

Irlanda

Suécia

BÉLGICA-ITÁLIA, 20h

Grupo E

Estádio do Lyon (Lyon)

Árbitro: Mark Clattenburg (Inglaterra)

O que esperar?

Se no dia 10 de julho Bélgica ou Itália erguessem o título europeu, não seria a maior surpresa da história do torneio, longe disso. Os italianos são crónicos candidatos (venceram em 1968) e a Bélgica surge como um dos mais fortes outsiders em competição, alicerçada numa geração repleta de talento, como há muito não se via.

Aliás, o poderio da equipa belga explica-se muito pelo facto de não ser fácil colocar, claramente, a Itália no papel de favorita para este encontro. A história não joga e, ao contrário dos belgas, os italianos não vivem o mais fulgurante dos períodos, no que ao talentos dos seus jogadores diz respeito. Mas…são italianos. Ainda pesa, ou não?

O jogo começou na sala de imprensa, com uma troca de palavras entre Lorenzo Insigne, avançado italiano, e o selecionador belga Marc Wilmots.

Insigne considerou «frágil» a defesa belga e Wilmots prometeu «colar na parede do balneário» essas declarações. «Assim saíremos mais motivados para o campo», explicou. Os italianos mexeram no vespeiro. Saírão picados?

É preciso recuar a 1972 para encontrar a última vitória belga sobre Itália, num duelo que já aconteceu num Europeu, em 2000, quando as duas equipas também ficaram no mesmo grupo. A Bélgica jogava em casa mas perdeu 2-0 e foi afastada nessa fase. A Itália foi até à final, onde também esteve há quatro anos. Em nenhum delas era o mais óbvio dos candidatos. Como agora…

O perfil da Bélgica

O perfil da Itália

A Bélgica quer ficar bem na fotografia neste Europeu

Em foco

Eden Hazard (Bélgica)

A Bélgica, como se disse, tem vários talentos mas é, mais ou menos, unânime que o maior deles todos dá pelo nome de Eden Hazard. O avançado do Chelsea não vem da melhor das temporadas depois de ter dado a ideia que se poderia intrometer nas lutas pelo trono mundial. Ainda está longe, mas não quer dizer que não tenha um talento imenso. Deve jogar encostado à esquerda do ataque, mas vamos vê-lo muitas vezes levar o jogo para o centro, onde gosta de estar. Podem apostar.

Insigne (Itália)

Não é certo que seja titular, mas é ele o rosto da antevisão do duelo. Ao considerar «frágil» a defesa belga, o avançado do Nápoles colocou um pouco de gasolina no ambiente em torno do jogo. Os belgas aproveitaram a deixa e sentiram o toque. Os italianos vão ter de saber conter a reação. Quanto a Insigne, se jogar, será descaído para a esquerda do ataque, onde também poderá aparecer El Shaarawy.

Equipas prováveis

Bélgica

Itália

Continue a ler esta notícia