Costa recebido como "filho" na Índia quer abrir portas à economia - TVI

Costa recebido como "filho" na Índia quer abrir portas à economia

António Costa

Mesmo sendo a Índia uma das principais potências emergentes a nível mundial, a verdade é que Portugal continua a possuir com o Estado moderno indiano relações económico-comerciais consideradas "incipientes". Primeiro-ministro quer mudar isso

O primeiro-ministro inicia no sábado uma visita de seis dias à Índia, que terá um inédito estatuto de Estado e durante a qual António Costa será distinguido formalmente como destacado membro da diáspora indiana. Foi convidado pelo do seu homólogo Narendra Modi e a visit tem um carácter marcadamente económico, para além de questões afetivas, já que visitará Goa, a terra do seu pai Orlando Costa.

A visita de António Costa está basicamente dividida em três fases distintas:

  • Primeiro, em Deli, onde terá um carácter sobretudo institucional, com reuniões formais com as mais altas autoridades da Índia;
  • Depois em Bangalore e Ahmedabad onde participará em dois seminários económicos e de cooperação tecnológica;
  • E, por fim, Goa (Estado de origem do pai do primeiro-ministro), em que prevalecerão as componentes da História e da cultura. Terá um encontro com empresários de Bollywood, aqui numa tentativa para captar para Portugal investimentos desta importante indústria cinematográfica.

Certo é que um dos principais objetivos desta viagen à Índia é promover um novo "salto" na cooperação económico-comercial entre os dois países, cujas relações neste domínio são consideradas incipientes.

A história entre os dois países

Índia e Portugal estiveram 12 anos com relações diplomáticas cortadas, até ao 25 de Abril de 1974, depois da invasão militar dos territórios do então Estado Português da Índia em dezembro de 1961.

Já no período da democracia portuguesa, em 1992, o então Presidente da República Mário Soares fez a primeira visita de Estado à Índia com o objetivo de "normalizar" as relações políticas, económicas e culturais entre os dois países, seguindo-se uma segunda de Cavaco Silva, em 2007, durante a qual se procurou sobretudo dinamizar as relações comerciais.

No entanto, mesmo sendo a Índia uma das principais potências emergentes a nível mundial, a verdade é que Portugal continua a possuir com o Estado moderno indiano relações económico-comerciais consideradas "incipientes" - um resultado cuja explicação radica em grande medida no atribulado período que marcou as últimas décadas da História colonial portuguesa.

As relações económicas

Com a Índia a crescer 7,7% no ano passado, e com uma relevante comunidade indiana residente em território nacional, Portugal apenas exportou em 2015 cerca de 80 milhões de euros, sobretudo máquinas, tendo por sua vez importado produtos no valor de 460 milhões de euros (principalmente têxteis).

Até outubro de 2016, as exportações de bens portugueses para a Índia subiram 18,5%, para 75,8 milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Em igual período, as importações de bens indianos avançaram 12,3% para 426,1 milhões de euros, o que representa um saldo negativo da balança comercial de 350,3 milhões de euros para Lisboa.

No ano passado, a Índia era o 46.º cliente de Portugal e o seu 17.º fornecedor. Já Lisboa era o 58.º cliente de Nova Deli e o seu 106.º como fornecedor.

A estes números também não são estranhos o conjunto de medidas de tendência protecionista adotadas pela Índia ao longo das últimas décadas.

O Governo português tem entre as suas principais metas tirar partido da presença de algumas empresas nacionais já a operar em território indiano (casos da Efacec, da Brisa ou da Visabeira) para ampliar a sua penetração neste mercado.

Fonte do executivo nacional adiantou também que um segundo objetivo passa pelo estabelecimento de parcerias com empresas indianas, tendo em vista a entrada em mercados do sudeste asiático ou da África Oriental, onde a Índia já tem forte presença.

O Governo português tem neste capítulo especiais expetativas no que respeita a empresas portuguesas das áreas do ambiente (saneamento, recolha de lixo e abastecimento de água), da defesa (a Índia é um dos principais compradores mundiais de armamento) e startups.

As 'startups' indianas já tiveram uma forte presença na última Web Summit em Lisboa, em novembro passado. Agora, no Instituto Universitário de Bangalore, na segunda-feira, juntamente com o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, António Costa participa num evento dedicado às statup, ocasião em que será assinado um memorando entre a MoU Statup Portugal e a Invest Índia.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, terá vários contactos ao longo da semana para procurar atrair turistas da Índia para Portugal, que ainda são em número considerado muito reduzido.

Outro primeiro-ministro socialista, José Sócrates, visitou a Índia em 2007, mas exercia formalmente a presidência portuguesa da União Europeia, numa cimeira entre os Estados-membros e aquele país asiático.

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