Euro-2016: Portugal-Sérvia, 2-1 (crónica) - TVI

Euro-2016: Portugal-Sérvia, 2-1 (crónica)

Estórias de felicidade sob a batuta de João Moutinho

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O Estádio da Luz recebeu alguns dos entes mais queridos numa noite recheada de estórias que teve, porventura, no pontapé acrobático de Matic o seu momento mais exuberante. O antigo médio do Benfica ainda resgatou o sorriso aos sérvios, mas Fábio Coentrão demonstrou que (também) ainda não esqueceu Lisboa e selou a primeira vitória de Portugal sobre a Sérvia. De resto, o relvado foi (quase) todo de João Moutinho.

FICHA DO PORTUGAL-SÉRVIA

A seleção portuguesa, um pouco à semelhança do País, é uma equipa em transformação. Atirou para trás das costas o sistema de três médios, que vigorou durante vários anos, prescindiu de uma referência ofensiva em cunha junto dos centrais adversários e remeteu para segundo plano um passado de espetáculo e posse de bola.

Portugal é, agora, uma equipa de acelerações constantes com pressa em fazer as coisas bem. Nem podia ser de outra maneira, tendo em linha de conta a curta duração da fase de apuramento para o Euro 2016.

O deslize, único até ao momento, ficou enterrado na primeira jornada, na receção ao Albânia. O tempo é, por isso, de somar e a Luz apenas teve de esperar dez minutos para erguer os braços e gritar golo, num lance que define bem as primeiras linhas desta crónica.

DESTAQUES DO PORTUGAL-SÉRVIA

Fábio Coentrão marca rapidamente um canto à maneira curta, combina com Danny, e descobre Ricardo Carvalho sem marcação para a primeira explosão de alegria na Luz.

O central do Mónaco colocou, desta forma, um ponto final no jejum de mais de oito anos sem marcar com a camisola das quinas.

Estavam decorridos somente dez minutos. Portugal na frente, o estádio ao rubro e o Europeu 2016 ao virar da esquina.


Imponderáveis

Com o prego a fundo aparecem sempre obstáculos. Ilídio Vale foi obrigado a mexer, por lesão de Ricardo Carvalho, e a equipa abanou.

Parecia regressar o fado. Escassos minutos separaram a subida ao Olimpo do regresso ao mundo real.

O sentido do jogo virou e a Sérvia foi ganhando gosto pela área portuguesa. Foi mais fogo-de-vista do que propriamente uma ameaça séria. Bruno Alves e companhia lá foram resolvendo os pequenos incêndios que teimavam em deixar no ar um espetro de desconfiança, sem, no entanto, obrigar Rui Patrício a sujar o equipamento.

As acelerações deixaram de sair com tanta eficácia, sobretudo porque a equipa estava demasiado encolhida. Foi então que Moutinho cresceu entre os gigantes sérvios: assumiu a batuta, pegou no jogo e fez tudo voltar à primeira fórmula.

Ronaldo, com um tomahawk em andamento (enorme defesa de Stojkovic), voltou a colocar Portugal no trilho correto, de onde não mais saiu até ao intervalo.

Há jogadores que não esquecem a Luz

Há 'estórias' de felicidade que parecem destinadas a acabar bem. Portugal subiu ao relvado para a segunda parte com menos intensidade, como se tivesse deixado uma mudança nas cabines.

Foi deixando a Sérvia viver e o aviso apareceu logo nos primeiros minutos numa cabeçada de Mitrovic. A ameaça tornou-se real, pouco depois, num pontapé acrobático de Matic. 


O médio, que tantas saudades deixou em Lisboa, voltava a ser feliz no estádio onde viveu durante duas temporadas e meia com mais um golo a Rui Patrício, repetindo a proeza de Londres ao serviço do Chelsea.

Portugal voltou a ter pressa e não deixou o sorriso colar-se à face dos sérvios.

Fábio Coentrão, outro dos filhos da Luz, reconheceu o terreno onde tantas (e tantas) vezes foi feliz e desceu à área adversária para recolocar a equipa lusa na frente. Já está, pensámos todos, mas a crença não tinha a mesma intensidade da primeira parte.

O susto, ainda que por breves instantes, deixou marcas, ao ponto de promover mais alguns fogachos junto à baliza portuguesa.

Mas o destino, tal como fado, não falha. Portugal adaptou-se à nova realidade, foi feliz e vergou pela primeira a Sérvia.

A luz da qualificação para o Europeu brilha agora com intensidade máxima. A mesma com que os adeptos empurram a equipa nas alturas difíceis.

Um final feliz, portanto.
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