«VAR? O problema não é o Ferrari, é quem o conduz» - TVI

«VAR? O problema não é o Ferrari, é quem o conduz»

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Um olhar sobre a arbitragem portuguesa, com vários problemas detetados

Que caminho deve seguir a arbitragem para que seja cada vez menos encarada como foco de discussões? Os árbitros terão de ser, obviamente, atores de relevo nas mudanças necessárias para que haja um «outro» futebol em Portugal, e foi esse caminho que esteve a ser debatido pelo árbitro João Capela, o ex-árbitro Duarte Gomes e o presidente da APAF, Luciano Gonçalves.

E uma coisa é certa: o futuro passa pela tecnologia. Ou melhor, o presente da arbitragem já passa pela tecnologia, e uma das necessidades mais prementes passa pela otimização dessa ferramenta. Ainda que os primeiros dois anos de VAR em Portugal recebam uma avaliação positiva pelos intervenientes convidados para a «Conferência Bola Branca – Que futebol queremos para Portugal», promovida pela Rádio Renascença, nesta segunda-feira.

«O VAR não é perfeito, mas o balanço é positivo. Em dois anos tivemos cerca de 100 erros evitados. E isso é uma vitória», apontou, defendendo a necessidade de dar mais tempo à adaptação à ferramenta», defende Duarte Gomes.

«Em qualquer processo de mudança, existem dores de crescimento. Mas acredito que daqui a dez anos ninguém vai discutir tecnologia. O problema não é o Ferrari, é quem o conduz», continua o antigo árbitro.

Ideia semelhante foi defendida por João Capela, juiz que nos últimos dois anos trabalhou com a ferramenta e que também pede tempo para que todos se habituem à ideia.

«Eu vejo o campo a 3D, e sou chamado para ver uma imagem em 2D. Tudo isto tem de ser trabalhado», diz Capela.

«A arbitragem precisa de estabilidade e serenidade para se adaptar a esta realidade», refere, olhando também ao contexto onde nota que «o avanço tecnológico não foi acompanhado por um avanço comportamental».

Já Luciano Gonçalves, assumindo a relevância da introdução do VAR, aponta o caminho da especialização dos árbitros nesta nova «vertente».

Contudo, para o mesmo responsável, o problema maior da arbitragem em Portugal está longe de ser tecnológico.

«Aquilo que falta ao futebol português é respeito. Não estamos a respeitar os apaixonados pelo futebol. Mas é um problema que ultrapassa o futebol, é algo da sociedade. Falta agir, mas não sabemos como agir», disse o presidente da APAF, indicando aquele que diz ser o principal problema do futebol nacional: «o que está a incendiar o nosso futebol é esta suspeição que é constantemente criada».

O mesmo responsável olha, porém, para o quadro da arbitragem nacional com uma preocupação que vai muito além dos lances que são debatidos até à exaustão em programas de televisão. E justifica-o com casos práticos.

«Este ano houve 38 agressões a árbitros. Ainda no último fim de semana um pai entrou em campo, deu um soco a um árbitro e deixou-o inanimado à frente do filho de sete anos», relatou o responsável pelos árbitros a nível nacional, defendendo que «tem de existir mão pesada a nível desportivo e civil».

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