Mão na bola ou bola na mão? Saiba os fatores que sustentam a decisão - TVI

Mão na bola ou bola na mão? Saiba os fatores que sustentam a decisão

Árbitro

Conselho de arbitragem considera que árbitros estão a decidir tendencialmente a respeito do tema

O Conselho de Arbitragem promoveu recentemente um debriefing técnico dirigido aos árbitros sobre decisões de mão na bola e bola na mão. O tema, muito discutido particularmente desde o dérbi da Luz com o Benfica, onde o Sporting se queixou de duas grandes penalidades por assinalar, estava na ordem de agenda do Conselho de Arbitragem, que fez chegar aos árbitros o sexto documento técnico preparado desde a pré-época e o segundo sobre este tema em particular.

O organismo convocou jornalistas para esclarecer eventuais dúvidas sobre um assunto que está longe de gerar consenso entre jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos, e sobre o qual nem mesmo os profissionais da área estão sempre de acordo.

O presidente do Conselho de Arbitragem, José Fontelas Gomes, e o vice-presidente, João Ferreira, mostraram casos (os mesmos que foram passados aos árbitros) que decorreram nesta temporada em jogos dos dois principais escalões do futebol português. Depois do visionamento dos lances, a explicação. Teria o árbitro tomado a decisão correta ao apontar (ou não) para a marca dos onze metros? Se sim, o que valida a decisão? Se não, em que falhou?

João Ferreira foi árbitro internacional e terminou a carreira em 2013

Ora, se este artigo de há uns meses pode estar a ajudá-lo nas discussões de café sobre arbitragem, fique agora a saber os fatores que um árbitro tem de ponderar antes de tomar uma decisão sobre um lance onde há contacto da mão (ou braço) com a bola.

Para que seja considerada uma infração, a mão em contacto com a bola tem de ser vista um «ato deliberado».

Quer isto dizer que, em muitos casos, não basta que esse contacto exista para que haja motivo para ser assinalada falta? Sim.

Ora, para decidir se o jogador quis ou não usar a mão ou o braço para impedir a passagem da bola, um árbitro tem em consideração vários fatores:

- Posição dos braços, volumetria (braços abertos, afastados do corpo e usados como uma extensão deste), distância a que o remate é desferido e tempo de reação, ressalto ou outro tipo de ação inesperada.

É sobre estes critérios que o juiz de uma partida tem de ponderar nas frações de segundo em que decide se apita ou não para a marcação de uma infração. Confuso?

É provável que fique ainda mais um pouco se lhe dissermos que alguns critérios podem anular (ou ser anulados por) outros. Por exemplo: um remate desferido à queima-roupa (passível de ser casual) pode originar uma falta no caso de o jogador (o potencial infrator) ter o braço muito afastado do corpo, numa posição pouco natural.

«Estamos agradados com as prestações dos árbitros. Estão a fazer um bom trabalho e a tratar bem o tema», considerou João Ferreira enquanto lançava num projetor alguns lances recentes de decisões de equipa de arbitragem, nem todas, diga-se, corretas.

Uma das novidades que o recém-eleito Conselho de Arbitragem implementou foi o facto de recorrer exclusivamente a lances ocorridos em Portugal para analisar as tomadas de decisão em lances cruciais de jogos. Esses lances (equipas do CA veem todas as partidas) chegam depois a todos os árbitros. Fontelas Gomes acredita ser uma forma de os ajudar a ser melhores. «Isso incentiva-os a tomar boas decisões porque, caso contrário, sabem que vão ser expostos perante os próprios colegas. Ninguém gosta que os colegas saibam que erraram. Expomos os árbitros perante os colegas, não para lhes apontar nada, mas para que sejam melhores.»

No que diz respeito aos casos de mão na bola ou bola na mão, há uma instrução clara: em caso de dúvida o árbitro deve mandar jogar. E, por vezes, essas dúvidas nem sempre se dissipam mesmo depois de visionadas as imagens. Foi o que aconteceu em alguns lances que foram mostrados aos jornalistas, onde as duas decisões eram aceitáveis. Quem disse que o futebol é uma ciência exata?

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