Bilardo: «Sou contra as violações, mas há mulheres provocantes» - TVI

Bilardo: «Sou contra as violações, mas há mulheres provocantes»

Carlos Bilardo

Declarações polémicas do antigo selecionador da Argentina deixaram o país em polvorosa

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Uma declaração de Carlos Bilardo, o selecionador que conduziu Maradona e companhia à vitória no Mundial-86, sobre a forma como as mulheres se vestem, deixou a Argentina em polvorosa, tendo em conta que o país da América do Sul tem uma das maiores taxas de violência doméstica do mundo, com uma média de uma morte a cada dezoito horas.

«Sou contra a violação, contra isso tudo, mas há mulheres que se vestem bem e há mulheres que se vestem de forma provocante», destacou o antigo selecionador da Argentina numa entrevista ao canal América 24 em que assegura que sempre foi contra as roupas ousadas das mulheres.

«Na praia sim, podem ir como quiserem. Agora na rua não podem andar como querem. As raparigas jovens incitam a isso, usam saias curtas, abaixam-se para apanhar um papel e vê-se as cuecas», referiu Bilardo em resposta aos frequentes abusos cometidos contra as mulheres na Argentina.

O treinador defende que as mulheres têm de se vestir «melhor» para combater o fenómeno, uma vez que, apesar de defender que os «violadores» «não têm o direto de tocar nas mulheres», também diz que é «lógico» que alguns não o consigam evitar. «Se estou num autocarro e vejo uma senhora, uma mulher ou uma jovem que usa um sutiã abaixo dos mamilos, como posso evitar olhar para ali?», perguntou.

A entrevista foi transmitida no domingo e, já esta segunda-feira, suscitou fortes reações em vários sectores de uma sociedade que, só nos dois primeiros meses do presente ano, foram assassinadas 58 mulheres.

Raquel Vivanco, líder do movimento Mulheres de la Matria Latinoamaericana (MuMalá), recorreu ao Twitter para exigir a Bilardo que se retrate das declarações que, segundo defende a líder do movimento, fomenta «a cultura de violação» e violência contra as mulheres.

Laura Ubfal, conhecida produtora de espetáculos, também se referiu a Bilardo como um «ignorante» e reforçou que a violação «nunca, nunca, nunca pode ser culpa da vítima».

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