Diego Maradona defende que, em tempo de pandemia, é a altura dos mais ricos no futebol ajudarem os mais pobres, e, nesse sentido, aponta a Bundesliga como exemplo, face ao perigo dos «estúpidos que se aproveitam para não pagar».
O atual treinador do Gimnasia y Esgrima começa por fazer um retrato da conjuntura atual no futebol face ao novo coronavírus. «A economia dos clubes é muito difícil de sustentar, o futebol conta com apenas uma receita, os direitos de televisão. Os patrocinadores não podem cumprir as suas obrigações, vai ser muito difícil sair disto. Precisamos da capacidade e da solidariedade de todos os dirigentes para ver como vamos sair desta situação», começa por destacar em declarações ao site argentino Infobae, desde a sua casa, onde cumpre o isolamento social.
Maradona distingue depois os jogadores ricos «que podem viver seis meses sem cobrar salários» e os pobres que «têm de sair às 6 ou 7 da manhã e voltar às sete da tarde para comer no dia seguinte». «Muitos destes rapazes tiveram azar, as coisas correram mal, mas deram a cara pelos seus clubes e agora é tempo de os sustentar, de garantir que recebam o que merecem», acrescentou.
O antigo craque apela à solidariedade e, neste sentido, dá o exemplo da Alemanha. «Nem todas as situações são iguais. Por exemplo, o que se passou na Alemanha foi muito bom», referiu em alusão ao facto dos clubes mais ricos - Bayern de Munique, Bayer Leverkusen, Borussia Dortmund e Leipzig - terem doado 20 milhões de euros aos clubes mais necessitados. «Os jogadores que tiveram a sorte de ganhar muito dinheiro ao longo da carreira, hoje deviam formar um fundo comum para ajudar os que jogam nos escalões inferiores. Eu estou disponível para ajudar os treinadores desses escalões», referiu.
Nesta luta, Maradona está ao lado de Turco Marchi, o carismático presidente do sindicato de jogadores na Argentina. «Estou com ele até à morte. Muitos embirram com ele porque ele dá a cara pelos jogadores. Vou trabalhar lado a lado com ele. Nunca abandonei os jogadores e não é agora que o vou fazer. Há alguns que se fazem de estúpidos e querem aproveitar este momento para não pagar e vivem com estas lengalengas há anos. Parece que sempre tiveram uma pandemia nos seus clubes», atirou.
Uma última palavra para os jogadores mais desfavorecidos, aqueles que não podem negociar uma quebra nos salários. «Agora não arranjem desculpas porque os jogadores têm de ganhar para comer. Há jogadores que podem ficar sem ganhar, sabemos disso. Mas há outros que não podem ficar sem receber um mês e a esses os clubes têm de pagar. Encontrem maneira. Com a ajuda de todos, mas esses têm de ganhar», reforçou.