Vara com caução de 25 mil euros - TVI

Vara com caução de 25 mil euros

Face Oculta: Armando Vara

Face Oculta: arguido proibido de contactar com cinco arguidos. Está indiciado por um crime de tráfico de influências. Defesa vai recorrer das medidas de coacção

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(ACTUALIZADA ÀS 18:50)

Armando Vara saiu esta tarde do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro com uma caução de 25 mil euros e impedido de contactar com cinco arguidos do processo «Face Oculta», concretamente, Manuel José Godinho (empresário de Ovar, principal arguido, em prisão preventiva), João Godinho( filho do empresário), Hugo Godinho (sobrinho do empresário), Maribel Rodrigues (secretária de Manuel Godinho) e Namércio Cunha, considerado o braço-direito do principal arguido.

O juiz de instrução criminal indiciou o arguido por um crime de tráfico de influências, sendo que anteriormente o ex-ministro se encontrava indiciado por dois crimes. A informação foi prestada à saída do JIC de Aveiro, pelas 17:20.

De acordo com o advogado Tiago Rodrigues Bastos, o arguido vai recorrer das medidas de coacção aplicadas, por entender que são desajustadas.

«Não existem indícios suficientes para a aplicação de qualquer medida de coacção para além do Termo de Identidade e Residência», considerou o advogado.

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À saída do JIC, Vara declarou-se «frustrado» com a decisão, tendo em conta os esclarecimentos prestados ao juiz de instrução.

«A minha posição no processo devia ser testemunha. Não desistirei enquanto não ficar completamente provada a minha inocência, porque não cometi nenhum crime», referiu, citado pela Lusa.

Para Armando Vara, «parece haver da parte da Justiça portuguesa uma tendência para o julgamento na praça pública, que é o que está a acontecer neste processo».

«Não sou culpado. Daquilo que me é permitido avaliar, houve indícios de indícios de indícios, coisas que em circunstância alguma poderiam levar a uma situação destas», acrescentou.

O arguido recusou o «papel de comentador», quando lhe foi perguntado se concordava com as declarações do ministro Vieira da Silva sobre a alegada «espionagem política» relativamente ao processo Face Oculta.

Também questionado sobre se abordaria esta questão com o primeiro-ministro, José Sócrates, com quem manteve conversas escutadas e não validadas pelo Supremo Tribunal de Justiça, declarou: «Não tenho falado com ele, não sei se vou falar com ele, nem esse é assunto que lhe diga respeito»

Garantiu, ainda, que sairá deste processo «inocente».

«Vou fazer disso um combate. É o meu bom nome que está em causa», frisou.

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À entrada do JIC, o vice-presidente do Millenium BCP, que suspendeu funções na sequência do processo, afirmara esperar sair «só com o Termo de Identidade e Residência».

Armando Vara começou a ser interrogado em Aveiro a 18 de Novembro, tendo a diligência prosseguido na última sexta-feira, 27 de Novembro.

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De acordo com a investigação, o antigo ministro socialista terá solicitado e recebido dez mil euros do empresário de Ovar para exercer a sua influência junto de titulares de cargos governativos ou políticos, titulares de cargos de direcção ou de pessoas com capacidade de decidir ou com acesso a informação privilegiada, para beneficiar as empresas de Godinho.

Recorde-se que Armando Vara integra segundo a investigação uma «rede tentacular» criada pelo empresário de Ovar, Manuel Godinho, principal arguido do processo «Face Oculta», com vista a privilegiar as suas empresas nos contratos de recolha, armazenagem, triagem e tratamento de resíduos com empresas participadas pelo Estado.
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