Atlético-Athletic: uma história quase de família - TVI

Atlético-Athletic: uma história quase de família

Athletic Bilbao-Atlético Madrid (Reuters)

Um é de Madrid, outro é de Bilbau. Um nasceu do outro

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A História de Um Jogo é uma rubrica do Maisfutebol. Escolhemos um dos encontros do fim-de-semana e partimos em busca de histórias e heróis de campeonatos passados. Às quinta-feiras.

Se você é um profundo conhecedor da história de Athletic Bilbao ou do Atlético de Madrid; se você é um conhecedor de equipamentos míticos, certamente já percebeu que estes dois clubes estão umbilicalmente ligados.

O jogo deste sábado é uma espécie de reencontro de família, algo desaconselhável em tempos de pandemia, mas que, ao longo da história, sucedeu quase todos os anos na liga espanhola: a exceção são os anos de escalão secundário do Atlético, pois o clube basco nunca desceu.

A história conta-se em poucos atos. A fundação de um, a fundação de outro, a independência do Atlético, a ditadura de Franco e, claro, o porquê de uns usarem calções pretos e os outros azuis.

Foto retirada do site do Athletic Bilbao: este equipamento era azul e branco.

O Athletic nasceu primeiro, em 1898. A cidade vivia tempos de industrialização e entre trabalhadores ingleses e jovens regressados da Grã-Bretanha o clube foi fundado.

O primeiro ato estava completo, e em 1902 havia outro pormenor para esta história: o Athletic trocou o equipamento todo branco com meias negras, por camisolas que eram divididas a meio e tinham duas cores: azul de um lado e branco do outro. Eram adquiridas ao Blackburn Rovers, de Inglaterra.

Quando 15 anos mais tarde o Athletic disputou a final da Taça do Rei frente ao Madrid Football, um grupo de jovens bascos que viviam na capital iniciaram o segundo ato: a criação do Atlético de Madrid.

Eduardo Acha viajou até Bilbau, explicou a ideia aos dirigentes do Athletic que a acolheram. Ficou então definido que o clube de Madrid se iria reger pelo mesmo regulamento e «como tal será uma sucursal». Até a quota era a mesma que o clube-pai, diziam os estatutos. Estava nascido o Athletic Club Sucursal de Madrid, o clube que hoje conhecemos como Atlético de Madrid e que, naquele tempo, jogava «à Blackburn Rovers» no que toca a equipamentos. Ou melhor dito, jogava tal e qual o Athletic.

Imagem retirada do site do Atlético de Madrid que mostra o equipamento azul e branco, idêntico ao do Athletic Bilbao na altura

Onde é que entra, então, o vermelho e branco que ambos usam na camisola? Em 1911. Juan Elorduy, dirigente e jogador responsável pelas compras do Athletic Bilbao, tinha a missão de em Inglaterra comprar 50 camisolas, número a dividir a meias com a sucursal. Não encontrou as ditas camisolas do Blackburn e, para não voltar sem nada, trouxe… umas do Southampton. 

Os equipamentos atravessaram o golfo de Biscaya e chegaram a Madrid depois de as duas equipas se defrontarem. Os da capital ficaram com o calção azul original do equipamento à Blackburn Rovers, algo que os diferencia até hoje, enquanto os de Bilbao optaram por calções negros.

Imagem retirada do site do Atlético Madrid: a camisola de 1911.

Durante quase vinte anos, o Atlético foi como um filho do Athletic. Quando pretendiam, os de Bilbao até usavam jogadores da filial. O ano de 1921 é o ano em que se dá a independência colchonera depois de os dois clubes se defrontarem na final da Taça de Espanha…em San Mamés, algo que não terá caído bem na capital – ficou 4-1 para os bascos.

A separação oficial chegou três anos mais tarde, com novos estatutos aprovados pelos de Madrid e que separaram no papel dois clubes que, no entanto, estão ligados como pai e filho.

Quando Franco chegou ao poder, proibiu anglicismos, e daí que a grafia inglesa Athletic tenha passado ao termo espanhol. Com o fim da proibição, os bascos voltaram ao nome original em 1972, os de Madrid ficaram Atlético até hoje.

Raul Garcia: um dos [pouco mais de 20] jogadores que atuou pelos dos clubes. Atualmente, joga no Athletic Bilbao.

Neste sábado, no Wanda-Metropolitano, serão duas instituições distintas que se defrontarão na moderníssima casa do Atlético. Mas serão também duas entidades ligadas por um passado comum, que nem cores, nem nomes podem negar.

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