Portagens: utentes questionam vantagens ao nível de receitas - TVI

Portagens: utentes questionam vantagens ao nível de receitas

Portagens Algarve

Comissão da A23, A24 e A25 garante que portugueses estão «a fugir das auto-estradas»

O porta-voz da Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, A24 e A25 (auto-estradas) disse esta segunda-feira duvidar que a cobrança destas taxas, desde há um mês, tenha vantagens efectivas em termos de receitas para o Estado.

«As pessoas não estão a circular na auto-estrada como o Governo previa, estão a fugir, a actividade económica reduz-se e, ao reduzir-se, as empresas pagam menos impostos», afirmou Francisco Almeida.

Por outro lado, acrescentou, «há empresas que dizem que têm de despedir pessoas», passando estas a deixar de «pagar IRS, Segurança Social» e começando a «receber ajudas do Estado» por estarem desempregadas.

Governo deve «rever» medida

«Eu tenho muitas dúvidas, e fundadas, que do ponto de vista das receitas do Estado isto tenha algum efeito que se veja», frisou Francisco Almeida, defendendo que ainda é «tempo de o Governo rever esta decisão».

Na sua opinião, durante o último mês «o que era previsível aconteceu» e, por exemplo, no que respeita à A25, as pessoas usam-na durante as viagens em que têm isenção «e depois é vê-las circular no velho troço do IP5 (Itinerário Principal 5), na zona de Vouzela», que no passado ficou conhecido pelo elevado número de acidentes mortais.

«Nos últimos tempos tenho percorrido essa zona do antigo IP5 e é ver veículos de mercadorias e carros ligeiros a circular numa zona perigosíssima», contou o responsável, alertando que, para não serem obrigadas a pagar portagens, «as pessoas estão a circular em estradas que não têm segurança».

No que respeita à A24, Francisco Almeida lamentou que muitas pessoas que vivem em Viseu e trabalham em Lamego tenham de fazer diariamente uma viagem «que não faz sentido nenhum no século XXI», demorando quase o dobro do tempo.

«Vão de Viseu ao Sátão, do Sátão a Vila Nova de Paiva, depois atravessam a Serra da Nave para ir sair a Tarouca e seguir para Lamego», explicou. Além disso, acrescentou, «estas estradas secundárias estão a ficar completamente cheias de veículos ligeiros e de mercadorias, criando problemas gravíssimos à segurança de quem todos os dias têm de se deslocar para ir trabalhar».

Pela auto-estrada demorariam menos de 45 minutos mas, dependendo do nó de entrada na auto-estrada, podem ter de pagar «quase dez euros» pelas viagens de ida e volta.

Francisco Almeida mostrou-se também indignado com o preço do quilómetro no troço da A25 entre o nó de Oliveira de Frades/Caramulo e Albergaria.

«Se alguém ainda consegue escapar entre Viseu e Vouzela, circulando pelo velho IP5, não o consegue fazer nesse troço. E nesse troço cada quilómetro custa dez cêntimos e meio em portagens. As pessoas gastam mais em portagens do que em gasóleo», criticou, lembrando que também nesse troço há várias zonas com limite de velocidade de 100 quilómetros por hora.

Segundo Francisco Almeida, a comissão tem recebido vários apelos, de particulares e empresas, para que o protesto contra as portagens continue. «Nos próximos dias vamos anunciar novas acções de luta contra as portagens na A25, A24 e A23», avançou.
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