Câmara de Lisboa compra 11 carros topo de gama por 600 mil euros em apenas um ano - TVI

Câmara de Lisboa compra 11 carros topo de gama por 600 mil euros em apenas um ano

Audi

Em apenas um ano, a Câmara Municipal de Lisboa gastou 600 mil euros (120 mil contos) em 11 viaturas topo de gama, destinados ao presidente do município e aos vereadores do PSD.

Em apenas um ano, a Câmara Municipal de Lisboa gastou 600 mil euros (120 mil contos) em 11 viaturas topo de gama, destinados ao presidente do município e aos vereadores do PSD.

Fonte próxima do processo afirmou à Agência Financeira que entre os veículos adquiridos estão nove da marca Peugeot, que custaram quase 50 mil euros (cerca de 10 mil contos) cada, e um Lância Thesis, também a cerca de 50 mil euros.

A 11ª viatura é um Audi A8 4.2 V8 Quattro, idêntico àquele em que se faz transportar o Presidente da República, e serve para as deslocações do presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes. Na publicidade deste modelo, a marca usa slogan ¿os sonhos não têm preço¿. Mas este teve e rondou os 115 mil euros (quase 23 mil contos).

Além do Audi, os restantes 10 carros estão, todos eles, ao serviço de vereadores do partido que venceu a autarquia, ou seja, do PSD, sendo que os vereadores dos outros partidos, nomeadamente PS e PCP, continuam a fazer-se transportar nos carros já existentes, com quatro a cinco anos de idade. O carro deixado pelo anterior presidente da Câmara, João Soares, um Volvo S80, tinha três anos.

As aquisições ocorreram sobretudo durante o ano de 2003, «numa altura em que o país se encontrava mergulhado numa profunda crise, e em que havia indicação por parte do poder central para contenção de despesas», afirma a mesma fonte.

A mesma fonte acrescentou ainda que, durante os anos de 2002 e 2003, foram ainda adquiridos alguns veículos para dirigentes de empresas municipais, como a EMEL, o MARL e a Ambelis, mas cujos montantes não constam das contas da Câmara e sim das contas das próprias empresas.

Na verdade, as autarquias portuguesas têm autonomia financeira para efectuar as operações que entenderem, sem ter de prestar contas sobre eventuais aquisições ao poder central. A decisão de compra dos carros não passou sequer por reunião de Câmara, nem pela Assembleia Municipal. Só no final de um exercício, é que se pode verificar para onde foram estes montantes, através do relatório de contas do município.

Pela Assembleia Municipal passaram, sim, as inúmeras alterações realizadas ao orçamento inicialmente destinado à aquisição de material de transporte, e «quase sempre votadas contra pelo PS e pelo PCP». Aos 950 mil euros previstos no orçamento para 2003, foram introduzidas cerca de duas alterações por mês, até que, no final, o orçamento destinado a estas aquisições ficou em quase 7,339 milhões de euros. Um aumento de 672,5%.

Deste modo, o presidente da Câmara conseguiu fazer com que as despesas pagas no final de 2003 ficassem dentro do orçamentado. É que as despesas pagas com material de transporte nesse ano ficaram em «apenas» 5,013 milhões de euros. Cerca de 427,66% acima do orçamento inicial.
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