As dez figuras internacionais do ano - TVI

As dez figuras internacionais do ano

Zidane (Lusa)

Os nomes que marcaram 2016.

2016 foi um ano marcado por mais uma Liga dos Campeões conquistada pelo Real Madrid, que aparece cada vez mais destacado como grande dominador da competição. Se o Euro-2016 foi ganho por Portugal, e como tal os grandes responsáveis entrarão no balanço do MAISFUTEBOL como figuras nacionais, houve ainda uma Copa América arrebatada novamente pelo Chile, para mágoa de Lionel Messi, e um torneio Olímpico a servir de redenção ao Brasil depois do Mineirazo de há dois anos.

Zinedine Zidane

Poucos dariam tanto por Zidane, jogador fabuloso, mas com ainda tudo a provar como treinador, ainda para mais estreando-se logo num grande como o Real Madrid. É verdade que o futebol espanhol continuou a ser dominado dentro de portas pelo Barcelona de Luis Enrique – os «merengues» não são campeões desde 2011/12 –, mas os adeptos pouco se importarão certamente depois de terem visto primeiro a 11ª Liga dos Campeões, e posteriormente mais uma Supertaça Europeia e um Campeonato Mundial de Clubes para o seu museu.

Também a segunda metade de 2016 parece estar a correr melhor para o treinador francês, que leva três pontos de avanço e menos um jogo realizado que o grande rival Barcelona, depois de já ter passado sem perder pelo Camp Nou (1-1).

A liderança discreta de Zizou tem colhido frutos no conjunto madrileno e o caso de mais difícil gestão tem sido o de James Rodríguez, o galáctico com menor expressão no onze titular. O técnico gaulês resiste ainda a uma BBC mais instável por culpa das lesões – tanto Cristiano Ronaldo (falhou 4 jogos) como Karim Benzema (3) já tiveram de parar várias vezes, e há algum tempo que não conta com Gareth Bale (9) –, mantendo alto o nível de eficácia.

2017 dirá se o Real Madrid recuperará o título que lhe foge há várias temporadas e/ou se conseguirá manter a tendência de vencer além-fronteiras, sendo um dos óbvios favoritos à conquista da Liga dos Campeões. 2016 acaba em grande.

Claudio Ranieri: de eterno loser a campeão inglês

Claudio Ranieri

Quem diria, não é? O underdog dos underdogs ganhou a Premier League em 2016, dilly-ding, dilly-dong. O incrível Leicester, treinado pelo eterno e simpático loser Claudio Ranieri, que em 30 anos de carreira tinha apenas no currículo duas taças, uma espanhola e uma italiana, e duas supertaças, uma transalpina e outra, mais importante, europeia, e que tinha várias vezes sido alvo de bullying – afinal, quem é lhe chamou de loser, quem foi? – por parte de José Mourinho.

O Leicester, pasme-se, que há duas épocas tinha regressado à Liga e que há uma se tinha salvo da despromoção com sete inacreditáveis vitórias nos últimos nove jogos. O Leicester que demitiria Nigel Pearson depois de ter garantido a manutenção.

O Ranieri, que ainda há pouco tinha sido demitido da seleção grega depois de uma inacreditável e humilhante derrota frente às Ilhas Feroé na qualificação para o Euro-2016, levava o antigo internacional Gary Lineker a perguntar: «Ranieri? A sério? É óbvio que tem experiência, mas é uma escolha sem grande inspiração. É incrível como os mesmos velhos nomes andam nesta espécie de jogo da cadeira ano após ano.»

Com um arranque fantástico, impulsionado pelos 13 golos em 11 jogos consecutivos, de agosto a novembro, de Jamie Vardy, os Foxes foram aproveitando as escorregadelas do campeão Chelsea de Mourinho, do Manchester City de Pellegrini, e do Manchester United de Van Gaal para continuarem no topo até que o sonho começou a parecer bem real, apesar dos últimos esforços dos mais diretos concorrentes: um bom Tottenham a jogar bem à bola e o Arsenal, que nem com a quebra dos principais rivais conseguiu voltar a conquistar um campeonato que lhe foge desde 2003/04.

Dilly-ding, dilly-dong! O Leicester sagrou-se campeão. O simpático Ranieri viu Mourinho ser despedido bem cedo na sua temporada de glória, e conseguiu um feito de que o Special One não se pode vangloriar, e Lineker foi obrigado a cumprir a promessa. Apresentou um programa de televisão de boxers. Tudo culpa do italiano, que agora até já se livrou da alcunha. Ninguém se atreverá a voltar a chamá-lo de eterno perdedor.

Griezmann: uma época fantástica, não consumada com títulos.

Griezmann

Foi um ano do quase para Antoine Griezmann, o tal que é descendente de portugueses, mas viu Cristiano Ronaldo levantar a taça da Liga dos Campeões e a do Euro-2016.

Depois de ter colocado o Atlético Madrid na final com golos decisivos frente a Barcelona e Bayern, o avançado francês falhou um penálti na final de Milão frente ao Real Madrid. O jogo acabou por ser empatado por Ferreira Carrasco já perto do fim, e apesar de se ter redimido ao converter o seu pontapé dos 11 metros no desempate, os colchoneros acabariam mesmo por perder nova final.

No Campeonato da Europa, o seu registo foi pouco menos que impressionante: seis golos e duas assistências em sete jogos, tendo ficado em branco na final do Stade de France. Uma performance apenas superada pelo compatriota Michel Platini em 1984. As exibições granjearam-lhe a atribuição do prémio de melhor jogador do torneio.

Jogador de equipa, com visão de jogo e grande qualidade na finalização, foi uma ameaça constante para todas as defesas que defrontou. 32 golos em 54 jogos na última temporada, mais nove em 21 na corrente provam-no. Faltam-lhe os títulos. Chegarão em 2017?

O maior predador das áreas em 2016.

Luis Suárez

Bota de ouro europeu, um predador na área, ainda por cima alimentado pela genialidade de futebolistas como Iniesta, Neymar e Messi.

Se desde que chegou ao Camp Nou assumiu como natural não estar no topo da hierarquia, num grupo recheado com a nata de futebolistas mundiais, beneficiou em 2015/16 de fazer parte de um ataque muitas vezes avassalador, assinando 14 remates certeiros nos últimos cinco encontros. Marcou 59 golos em 53 jogos, 40 dos quais na liga, tornando-se o primeiro jogador desde 2009 que não Messi ou Cristiano a ganhar tanto o Pichichi como a Bota de Ouro.

O uruguaio não foi só golos, uma vez que dividiu com Messi o título de jogador com mais assistências: 16.

Esta época já leva 15 golos em 21 partidas, o que faz prever mais uma temporada em cheio.

O único senão do ano de Suárez surgiu na final da Taça do Rei frente ao Sevilha, com uma lesão que não permitiu que fosse utilizado na Copa América Centenário.

Portugal conseguiu anular Bale na perfeição no Euro-2016.

Gareth Bale

O avançado galês ganhou Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Campeonato do Mundo de Clubes, embora só tenha realmente estado na final de Milão, contribuindo com a assistência para o golo inaugural de Sergio Ramos.

As lesões, muitas delas de origem muscular, marcam a última temporada e também já a atual, com vários jogos perdidos, deixando a dúvida de como teria sido a época do futebolista se não passasse tanto tempo no estaleiro.

Os dados estatísticos não enganam. Foram 19 golos e 15 assistências em 31 jogos em 2015/16; são 7 golos em 16 esta época, com mais quatro assistências.

No Euro-2016 apresentou-se em muito bom plano e foi dos artífices da chegada da seleção de Chris Coleman às meias-finais, com três golos marcados. Portugal marcou-o de forma exemplar, e Gales deixaria França com estatuto de equipa-sensação.

Não faltará a Alexis uma equipa à altura?

Alexis Sánchez

Melhor jogador da Copa América, ganha novamente pelo Chile. Três golos, duas assistências e muito bom futebol foi jogado pelo avançado frenético nos Estados Unidos. Foi o único troféu de Alexis Sánchez num ano em que o Arsenal voltou a falhar.

Se olharmos para os dados individuais não se pode dizer que o jogador não tenha dito presente. Dezassete golos e 11 assistências em 41 jogos, que se somam a um registo ainda mais impressionante nesta segunda metade de 2016: 14 remates certeiros e 12 assistências em 23 jogos.

Alexis tem jogado um pouco por todo o lado no ataque do Arsenal, que lutou até final, mas voltou a ficar aquém da conquista de Premier League, que caiu para o lado do Leicester. Um dos melhores avançados da atualidade merecia um plantel a poder lutar a sério por troféus.

Buffon está para dar e durar.

Gianluigi Buffon

Tem 38 anos e ainda bate recordes. É um guarda-redes incrível, com uma carreira incrível e que teve mais um ano fantástico.

Gianluigi Buffon estabeleceu na última temporada, no final de março, um novo recorde na Serie A ao estar 974 minutos sem sofrer golos. Conseguiu-o no dérbi com o Torino (1-4) a contar para a 30ª jornada.

Em novembro, igualou o máximo europeu de Iker Casillas ao entrar em campo pela 167ª vez com a camisola da squadra azzurra, na partida com a Alemanha. O recorde mundial pertence ao egípcio Ahmed Hassan, com 184, e a julgar pela resiliência de Buffon poderá não faltar muito para ser batido.

O guardião já avisou que não pensa reformar-se tão cedo. As exibições têm provado que ainda é um dos melhores no seu posto. Foi assim ao serviço da Juventus na liga e na Champions, e pela Itália no Euro-2016. A lenda continua.

A Islândia e os seus adeptos, uma comunhão perfeita.

Seleção da Islândia

Figura incontornável do ano. A Islândia deu cor ao Euro-2016, foi uma das equipas-sensação. Terminou o Grupo F no segundo lugar, a par da Hungria, depois de um golo desnecessário de Traustason no quarto minuto de descontos, que empurrou os nórdicos para o lado do calendário dos tubarões e Portugal para o outro, o dos menos favoritos. Eliminou a Inglaterra nos oitavos de final e caiu depois, perante o organizador, goleado no Stade de France (5-2).

A equipa de Lars Lagerback e Heimeir Hallgrimsson não praticou um futebol extraordinariamente atractivo, mas sim realista, organizado e abnegado, adequado a uma boa geração, que ainda não possui futebolistas entre a nata continental.

Paralelamente à boa campanha, os islandeses mostraram também uma comunhão quase total com os seus adeptos, que fizeram ecoar por França um cântico que foi imitado por adversários e que se tornou universal.

Na fase de qualificação para o Mundial, a Islândia acabou por ficar num grupo muito equilibrado, que engloba Croácia, Ucrânia, Turquia, Finlândia e o Kosovo. Os nórdicos estão na luta com duas vitórias, um empate e uma derrota, e agora já não surpreenderia ninguém se garantissem a qualificação para a fase final.

Ramos sente-se melhor na área adversária do que na sua.

Sergio Ramos

Um defesa de ataque. Muitas vezes, comete erros infantis no aspeto defensivo do jogo, mas faz-se valer do excelente jogo aéreo para reivindicar protagonismo e garantir vitórias importantes. É nos jogos grandes que aparece e é por isso que é inevitavelmente uma das figuras do ano.

MVP da final de Milão da Liga dos Campeões, em que assinou o 1-0, depois de já ter sido decisivo em Lisboa perante o mesmo adversário duas temporadas antes, marcou ainda na Supertaça Europeia conquistada ao Sevilha e já no final do ano, no clássico com o Barcelona no Camp Nou, que valeu um ponto que pode ser muito importante nas contas finais.

Na última temporada, fez 3 golos em 33 partidas, esta já leva 5 em 15. Nada mau para quem só aparece na área adversária nas bolas paradas.

Imagem do fantástico livre de Neymar na final do torneio olímpico.

Neymar

Depois da desilusão que foi o Mundial de há dois anos, o Brasil via os Jogos Olímpicos como forma de redenção perante o seu povo. Neymar e os seus companheiros não falharam, com o avançado do Barcelona a carregar o escrete até ao ouro olímpico, conquistado nos penáltis frente à Alemanha.

Ao serviço dos catalães, o futebolista teve apenas glória interna, com a conquista de mais uma dobradinha. Foram 31 golos e 27 assistências em 49 jogos em todas as competições. Este ano assinou apenas seis e está há nove na Liga sem faturar. Mas o talento está lá, e as redes vão balançar mais cedo ou mais tarde.

2016 foi ano do registo surpreendente de Zlatan Ibrahimovic (50 golos em 51 jogos no PSG), que se mudou para o Manchester United (16 golos em 25 jogos), da transferência do talentoso Pogba por mais de 100 milhões para os Red Devils, deixando a Juventus, que gastou grande parte em Gonzalo Higuaín, ao fim de uma temporada de excelência do argentino em Nápoles. Harry Kane bateu toda a concorrência na luta pelo estatuto de melhor marcador da Premier League, incluindo o excelente Jamie Vardy, importantíssimo no título do Leicester. Robert Lewandowski consagrou-se como primeiro estrangeiro a marcar 30 golos na Bundesliga. Luis Enrique levou o Barcelona à segunda dobradinha consecutiva, que mais uma vez contou com muito de Iniesta e Lionel Messi, com o argentino a prosseguir o jejum pela Argentina. A Pulga anunciou inclusivamente o abandono da seleção das Pampas, reconsiderando depois perante as dificuldades na fase de qualificação para o Mundial. Uma última palavra para Antonio Conte, responsável por uma boa Itália no Euro-2016 e por um Chelsea dominador até aqui.

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