Crime, digo eu - TVI

Crime, digo eu

Final da Libertadores adiada (Agustin Marcarian/Reuters)

«Balolas»

É uma imagem que não me sai da cabeça: aquela mãe a cobrir a cintura do pequeno filho com engenhos pirotécnicos, para assim entrar tranquilamente no Estádio Monumental, na final da Libertadores, sem ser revistada.

Mãe?! 

Pelo menos, e entretanto, foi condenada a dois anos e oito meses de prisão, com pena suspensa (onde é que eu já vi isto?), mas fica desde já impedida de entrar em recintos desportivos. Cá como lá, tenho dúvidas que isso aconteça. A investigação está no início, mas o ideal mesmo seria ficar impedida de ver o filho. Porque uma mãe que faz isto, não merece o filho que tem. 

O episódio foi um de muitos que marcou a final da Taça Libertadores, que entretanto acabou adiada. Agora que nem sequer se vai realizar na Argentina, mas já lá vamos.

O autocarro da Boca Juniors foi barbaramente atacado por adeptos do River, mas sabem qual a capacidade do Estádio Monumental? É o maior da Argentina, com mais de 60 mil espectadores. E sabem quantos foram os adeptos que provocaram o caos? Identificados foram trezentos, os mesmos de sempre, dizem na Argentina. E sabem que mais? Já ganharam! Entre avanços e recuos o jogo acabou mesmo por não se realizar naquele dia e essa foi para eles a grande vitória. E quem é que perdeu? Todos os outros que não viram aquele que deveria ser um dos melhores espetáculos do Mundo.

Um deles chama-se Gabriel Hugo Lanza, era sócio do River mas deixou de o ser: «Rendo-me, não consigo mais. Este país é uma merda; estes políticos são uma merda; o fanatismo é uma merda». Esta publicação no Facebook tornou-se viral e por isso esta decisão radical ficou conhecida, mas de certeza que Gabriel não foi o único a tomar esta atitude.

A segunda mão vai agora jogar-se em local incerto, a 8 ou 9 de Dezembro. Parece que a cidade de Doha no Catar reúne as preferências. Certo mesmo é que não será no Monumental onde Pablo Pérez, um dos jogadores atingidos no ataque ao autocarro do Boca, garantiu que não jogava: »Não vou jogar num campo onde posso morrer. Se jogássemos e ganhássemos matavam-me. Tenho mulher e três filhas. A mais velha abraçou-me a chorar quando cheguei a casa.»

Sabem que mais? Já não quero saber. Jogue-se onde se jogar, já não vou ver. Perdi o interesse. Já não me interessa!

«Balolas» é um espaço de opinião de Paulo Pereira, jornalista da TVI, que escreve neste espaço às quarta-feiras de três em três semanas.

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