Construção: bancos precisam reforçar provisões em 474 milhões - TVI

Construção: bancos precisam reforçar provisões em 474 milhões

Banqueiros CGD, BES, BPI, BCP e Santander

BdP analisou qualidade dos ativos de construção e concluiu que é preciso reforçar imparidades. Rácios de capital não estão em risco

Os bancos portugueses precisam de reforçar as suas imparidades em 474 milhões de euros até ao fim do ano, estima o Banco de Portugal, após a avaliação da qualidade dos ativos da banca nacional no setor da construção.

No relatório, divulgado esta segunda-feira, o banco central, que avaliou oito grandes grupos bancários com referência a dados de 30 de Junho de 2012, estima «a necessidade de reforço de 861 milhões de euros no valor das imparidades registadas para as exposições analisadas, de forma a atingir níveis de provisionamento robustos (cerca de 2,2% do montante global das exposições avaliadas)».

No entanto, ressalva, os reforços de imparidades constituídos pelos bancos até setembro fazem baixar o valor em falta dos 861 milhões de euros necessários em meados do ano, para 474 milhões de euros. O reforço deste último montante deverá agora ser constituído pelas instituições até 31 Dezembro de 2012.

Os oito grupos analisados, cujos ativos representam mais de 80% do total do sistema bancário nacional são: BCP, BPI, CGD, ESFG (BES), Montepio Geral, Santander Totta, Rentipar Financeira (Banif) e Grupo Crédito Agrícola.

O BCP tinha a maior necessidade de reforço mas a CGD é que está mais longe da meta.

Metas de capital não estão em risco

O BdP explica que, do valor total apurado, 472 milhões de euros resultaram da análise de informação e eventos posteriores à data de referência (junho), como novas insolvências/falências e reavaliações de garantias associadas.

A 30 de Junho de 2012, o impacto dos resultados do OIP sobre o rácio agregado de Core Tier 1 do

conjunto dos oito grupos bancários traduzir-se-ia numa ligeira revisão do seu valor, de 11,2% para

11,1%, muito acima do mínimo de 9% exigido à data.

No entanto, acrescenta, o impacto estimado do reforço remanescente sobre o rácio agregado de Core Tier 1 projetado a 31 de Dezembro de 2012, para o conjunto dos oito grupos bancários, «é imaterial, não comprometendo o cumprimento do mínimo regulamentar de 10% exigido pelo Banco de Portugal a partir do final deste ano».

Exposição dos 8 grupos ascendeu a 69 mil milhões

Além da consideração de exposições a entidades que operam diretamente nos setores da construção e da promoção imobiliária, o estudo incluiu também exposições a holdings das primeiras entidades, entidades do setor do turismo, entidades com atividade fortemente relacionada com o setor da construção (essencialmente fornecedores) e, por efeito de contaminação, entidades que pertençam ao mesmo grupo económico que as anteriores, sempre que a exposição das anteriores representasse mais de 25% da exposição global do grupo económico.

Para o conjunto dos oito grupos bancários o total das exposições abrangidas (população) ascendeu a 69 mil milhões de euros (61% aos setores da construção e promoção imobiliária, 39% a outras entidades relacionadas), representando o total cerca de 40% do segmento Corporate.

Para efeitos de análise dos montantes de imparidade registados, foi extraída dessa população uma amostra de 2.856 entidades, com exposição agregada de 39 mil milhões de euros, representando 56% da população.
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