Barómetro da semana: Quem nos trata da saúde? - TVI

Barómetro da semana: Quem nos trata da saúde?

  • Hélia Gonçalves Pereira, Professora Auxiliar de Marketing do ISCTE-IUL
  • 18 fev 2019, 17:08
Governo vai negociar com privados que ameaçam romper com ADSE

O Governo vive tempos inflamados, em que um analgésico pode não ser suficiente para diminuir o desconforto. Greves - com a dos enfermeiros à frente nos destaques noticiosos – e a crise na ADSE, que espelha a luta entre público e privado, prometem novos capítulos para a próxima semana. No futebol, tivemos um resultado que não se via há mais de meio século e Pedro Santana Lopes, com a sua Aliança “às direitas”, está de volta.

O Governo liderado por António Costa viveu uma semana... menos fácil. Na comissão política do PS acusou os sindicatos de “darem cobertura a uma greve selvagem”. Referia-se aos enfermeiros. Em reação, Carlos Silva, da UGT apela ao presidente da República que garanta a intermediação na greve desta classe de profissionais, tecendo graves críticas à Ministra da Saúde.  Neste período, o Governo acabou por publicar uma portaria que decreta a requisição civil imediata dos profissionais e os enfermeiros avançaram já com uma providência cautelar. Além disso, lidou-se com uma greve nacional da função pública onde, como sempre, foram os sectores da saúde e educação os mais afetados. Quer saber mais? Leia de seguida.

A segunda área com mais destaques noticiosos também tem a ver com a nossa saúde. José de Mello Saúde, Luz Saúde e o Grupo Lusíadas Saúde pretendem cessar as convenções com a ADSE, algo que a própria diz desconhecer formalmente. Negociação parece ser a palavra de ordem sendo que o Governo já adiantou que não pretende ficar aprisionado pelos interesses dos privados. Importa realçar que a ADSE conta com 1,2 milhões de beneficiários (funcionários públicos no ativo, aposentados do Estado e seus familiares) sendo um sistema de saúde pago exclusivamente com os descontos mensais dos seus beneficiários, de 3,5% sobre o salário ou pensão, o que lhes permite aceder a serviços de saúde privados a preços mais baixos. Nos últimos meses, um diferendo despoletou a situação que hoje se vive, com o instituto de gestão participada a exigir a devolução de 38 milhões de euros por excesso de faturação em 2015 e 2016.

Nem tudo são desgraças, sobretudo na perspetiva de alguns. No caso, o Benfica. O clube da capital ganhou 10-0 (sim, leu bem, dez a zero) e ninguém ficou indiferente. E aproveita-se o momento para fazer estatísticas. Há 30 anos que uma equipa não marcava 7 golos na segunda parte de um jogo e há 55 anos que o Benfica não tinha um resultado tão expressivo no campeonato. É obra. Ou, por outras palavras, até cansou quem viu. E Bruno Laje é o novo herói pela zona da 2ª circular, na zona perto do Colombo já que no Campo Grande os leões vivem tempos que gostariam de esquecer.

Quem também voltou para agitar as águas foi Pedro Santana Lopes que, com o seu partido Aliança, afirma ser “às direitas” nos outdoors que vemos pelas ruas o que significa, por outras palavras, que se propõe dar fortes dores de cabeça a Rui Rio e Assunção Cristas.

Em Portugal, os acidentes nas estradas, o sistema nacional de saúde – onde os médicos querem ter pelo menos 30 minutos para interagir com um doente – também geraram notícias. Também por aqui se noticiou o chumbo do orçamento de estado espanhol por falta de apoio dos independentistas catalães o que pode levar a eleições antecipadas. Por fim, o eco da crise na CGD. O Bloco de Esquerda veio pedir a exoneração de Carlos Costa enquanto governador do Banco de Portugal com a justificação de que, quem tanto avalia a idoneidade de outros, não tem condições de manter o lugar por ter sido administrador exatamente da Caixa no período em que se verificaram créditos considerados ruinosos. Haverão próximos capítulos de todos estes temas, com toda a certeza. Fique para ver, na próxima semana.

 

 

Ficha técnica:

O Barómetro de Notícias é desenvolvido pelo Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL como produto do Projeto Jornalismo e Sociedade e em associação com o Observatório Europeu de Jornalismo. É coordenado por Gustavo Cardoso, Décio Telo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho e a codificação das notícias é realizada por Carla Mendonça, Leonor Cardoso e António Lopes. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de aproximadamente 409 notícias destacadas diariamente em 17 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 4 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, PÚBLICO, JN e DN), as 3 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 4 primeiras notícias nos jornais das 20 horas nas estações de TV generalistas (RTP1, SIC, TVI e CMTV) e as 3 notícias mais destacadas nas páginas online de 6 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Atualmente fazem parte da amostra as páginas de Internet do PÚBLICO, Expresso, Observador, TVI24, SIC Notícias e JN.

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