Barómetro da semana: A insegurança e o que não queremos. Mas, o que fazemos? - TVI

Barómetro da semana: A insegurança e o que não queremos. Mas, o que fazemos?

  • Hélia Gonçalves Pereira, Professora Auxiliar de Marketing do ISCTE-IUL
  • 9 jul 2017, 16:38
Tancos

Os destaques noticiosos mais relevantes desta semana assentam, de formas diferentes, no tema da (in)segurança

Em menos de 15 dias, dois acontecimentos abalaram a segurança dos portugueses. Apesar das diferenças políticas patentes nos vários partidos representados na Assembleia da República, é consensual que a segurança deve pertencer ao Estado.

O tema do assalto a Tancos, de onde foram levadas armas de guerra segue, nos destaques noticiosos da semana, por três vias diferentes. Por um lado, o tema mais “quente”, o do assalto, e a dúvida, legítima, que se coloca quanto à capacidade das forças armadas garantirem a segurança nacional; por outro, e por não se saber qual o destino destas armas, o risco aumentado associado a potenciais ações contra Portugal ou na Europa, em geral. Finalmente, a sempre presente questão da responsabilidade política inerente a um caso com esta gravidade.

Logo de seguida segue o tema dos incêndios – o antes e o depois – e de que forma as entidades detentoras do poder de ação estão, ou não, em condições de assegurar que uma tragédia como a que vivemos recentemente não volta a ocorrer no futuro, em Portugal. Hoje, trata-se de cuidar dos vivos. Os principais destaques noticiosos vão, neste momento, para o pós: a realidade após incêndio, os planos que se preparam, a análise das responsabilidades, o SIRESP. Mas, afinal, estas preocupações vão até onde? O que somos, enquanto comunidade, capazes de fazer?

Aproveito este momento para falar de um projeto: Zé Mário, um menino de 11 anos natural de Castanheira de Pera teve um sonho. Sonhou que, da janela do seu quarto, via tudo verde. Ora, não é isto que acontece hoje nos 3 concelhos afetados mas este é o sonho de todos os seus residentes. É o sonho de todos nós. Porque esta gente somos nós.

Por isso, uma aluna do ISCTE-IUL, do 1º ano da licenciatura, resolveu desafiar um grupo de professores a ajuda-la a organizar uma proposta que, neste momento, já tem um nome: “Plantar um Sonho”. Trata-se de devolver às populações a sua alma, o coração que ficou perdido em 17 de junho, nas cinzas. De devolver a esperança. Estamos a envolver empresas, organizações sem fins lucrativos, media, outras universidades e pretendemos plantar um coração verde, primeiro com 64 árvores que simbolizam o número de vítimas dos incêndios, coração que se irá alargar à medida dos donativos que viermos a conseguir. E, adicionalmente, plantar árvores de fruto nos quintais destas pessoas. Para que, tal como Zé Mário, o seu sonho possa, tão rapidamente quanto possível, transformar-se em realidade.

No próximo ano, os projetos finais das licenciaturas na Escola de Gestão do ISCTE-IUL serão trabalhos de empreendedorismo para a região. Serão projetos com o objetivo de revitalizar o tecido económico e social. Serão projetos para devolver, definitivamente, a alma a esta terra, que é a nossa terra.

Depois de falar deste tema, do sonho do menino que pretendemos transformar em realidade, da capacidade desta jovem universitária que, entre a opção chorar ou (re)agir escolheu a segunda, da solidariedade que paira no ar, parece menos relevante falar no estado do tempo.

Mas, o clima mantém-se quente e, talvez, por isso, aos mais diferentes níveis, fala-se muito em remodelações governamentais. Primeiro o Chefe de Estado Maior do Exército foi responder perante uma comissão parlamentar. Depois vem a vez do próprio Ministro da Defesa. Antes, ouviu-se a Ministra da Administração Interna que chorou, afirmando que tinha vivido o pior momento, não da sua carreira, mas da sua vida. Sente-se no ar alguma vontade que rolem cabeças neste governo. Mas será esta a solução para que os cidadãos se sintam mais seguros?

 

 

 

 

Ficha técnica:

O Barómetro de Notícias é desenvolvido pelo Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL como produto do Projeto Jornalismo e Sociedade e em associação com o Observatório Europeu de Jornalismo. É coordenado por Gustavo Cardoso, Décio Telo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho. A codificação das notícias é realizada por Rute Oliveira, João Lotra e Sofia Barrocas. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de aproximadamente 411 notícias destacadas diariamente em 17 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 4 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, PÚBLICO, JN e DN), as 3 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 4 primeiras notícias nos jornais das 20 horas nas estações de TV generalistas (RTP1, SIC, TVI e CMTV) e as 3 notícias mais destacadas nas páginas online de 6 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Em 2016 fazem parte da amostra as páginas de Internet do PÚBLICO, Expresso, Observador, TVI24, SIC Notícias e JN.

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