E tudo o Brexit levou… - TVI

E tudo o Brexit levou…

  • Sandro Mendonça ISCTE-IUL
  • 1 jul 2016, 11:46
Brexit

A concorrência pela atenção mediática foi novamente dura esta semana. O top 5: de futebol ao terrorismo, da economia à política, da política nacional à internacional. Mas o Brexit falou mais alto. Mas se falou será que disse alguma coisa?! Vejamos.

Sabemos que as notícias Brexit foram um terço do total das 413 diferentes peças noticiosas captadas por este barómetro. Isto é: hoje em dia o Brexit tornou-se uma indústria… a prova que quando uns choram outros aproveitam para vender lenços de papel (neste caso papel de jornal).

A maior parte destas notícias tem a ver com as consequências para a União Europeia, para a economia global e até para Portugal. Porém, das 136 notícias Brexit pelo menos um terço representam notícias sobre desenvolvimentos internos. Foquemo-nos nestas.

Na Inglaterra parecem haver dois tipos de políticos.

Por um lado, os que perderam o referendo mas que talvez não queriam ganhar: Cameron. Este tem parecido tão descontraído que nem parece ter-se demitido em função de ter desencadeado um mega-evento político sem dele ter tido necessidade. Pelo contrário, não se arrepende: culpou a Europa na sua última aparição numa cimeira.

Por outro lado, há os que ganharam o referendo e afinal não sabem o que fazer com ele: Boris Johnson nunca articulou um plano para o “day after” e retirou-se da corrida a chefe dos Conservadores e Primeiro Ministro.

E entre este dois tipos de políticos há ainda uma figura unidimensional: o líder trabalhista, o qual não convocou o referendo nem muito menos o ganhou e que tem sido metralhado pelos seus correligionários.

Enfim, para parafrasear Churchill (desde quando um comentário fica completo sem usar a retórica deste outro Conservador que ganhou a guerra só para em seguida ser recompensado com a perda do governo?!): o Reino Unido é um país dividido que está dissolvido pela novidade de um caos político cortado a meio por uma guerra civil dentro de cada um dos seus maiores partidos.

São surpresas em cima de choques por sobre disrupções. Não é todos os dias que a política rivaliza com as bolsas ao nível das suas incertas palpitações.

Ficha técnica:

O Barómetro de Notícias é desenvolvido pelo Laboratório de Ciências de Comunicação do ISCTE-IUL como produto do Projeto Jornalismo e Sociedade e em associação com o Observatório Europeu de Jornalismo. É coordenado por Gustavo Cardoso, Décio Telo, Miguel Crespo e Ana Pinto Martinho. A codificação das notícias é realizada por Rute Oliveira, João Lotra e Sofia Barrocas. Apoios: IPPS-IUL, Jornalismo@ISCTE-IUL, e-TELENEWS MediaMonitor / Marktest 2015, fundações Gulbenkian, FLAD e EDP, Mestrado Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, LUSA e OberCom.

Análise de conteúdo realizada a partir de uma amostra semanal de 413 notícias destacadas diariamente em 17 órgãos de comunicação social generalistas. São analisadas as 4 notícias mais destacadas nas primeiras páginas da Imprensa (CM, PÚBLICO, JN e DN), as 3 primeiras notícias nos noticiários da TSF, RR e Antena 1 das 8 horas, as 4 primeiras notícias nos jornais das 20 horas nas estações de TV generalistas (RTP1, SIC, TVI e CMTV) e as 3 notícias mais destacadas nas páginas online de 6 órgãos de comunicação social generalistas selecionados com base nas audiências de Internet e diversidade editorial (amostra revista anualmente). Em 2016 fazem parte da amostra as páginas de Internet do PÚBLICO, Expresso, Observador, TVI24, SIC Notícias e JN.

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