“A política mudou porque o PS não teve maioria absoluta” - TVI

“A política mudou porque o PS não teve maioria absoluta”

  • SS - atualizada às 14:22
  • 10 nov 2018, 12:27

Palavras de Catarina Martins, este sábado, na XI Convenção do Bloco de Esquerda

A coordenadora do BE defendeu este sábado que "a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da esquerda", considerando que o primeiro-ministro "reconhece a derrota" do programa que levou a votos em 2015.

Agora, o primeiro-ministro congratula-se com o aumento do salário mínimo e felicita-se com o descongelamento e aumentos extraordinários das pensões. Ainda bem. Ainda bem que houve força à esquerda para contrariar as medidas do Programa do PS que pretendiam precisamente o contrário", disse Catarina Martins na abertura da XI Convenção Nacional do BE, que decorre em Lisboa.

Para a líder do BE, "a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da esquerda".

Quando o primeiro-ministro festeja as atualizações automáticas e os aumentos extraordinário das pensões, reconhece a derrota do programa que levou a votos", sustentou.

Lembrar 2015, segundo Catarina Martins, "é aprender a lição" de que "morreu o voto útil, renasceu a possibilidade de o povo impor o respeito".

"Esta Convenção sabe, mas Portugal inteiro também sabe que as medidas de recuperação de pensões e de salários vieram do Bloco e de outras vozes de esquerda e não poderiam ter vindo de outro lado", disse, voltando assim a apontar ‘baterias’ ao PS.

No dia em que passam precisamente três anos sobre a assinatura dos acordos que viabilizaram o Governo minoritário socialista, a líder bloquista considerou que estes "provaram que a histórica inclinação do Partido Socialista para se entender à direita não resultava de uma indisponibilidade da esquerda".

Só por essa evidência, estes três anos já teriam mudado a democracia para melhor e para sempre. Aquele voto com medo da direita e que preferia uma solução má a uma solução péssima, esse voto útil morreu. Paz à sua alma", ironizou.

Na opinião de Catarina Martins, "o Governo tem em 2019 desafios colossais", o primeiro dos quais que resulta da opção de o PS se ter juntado à direita na legislação laboral, deixando claro que "é tempo de acabar com essa vergonha e aprovar uma lei que protege os contratos, que impede a precariedade e que qualifica o trabalho".

Acabar com as rendas da energia e cumprir o Serviço Nacional de Saúde são outros dos desafios colossais para a próxima legislatura.

Mas, se Catarina Martins apontou ao PS, também não deixou de fora as duras críticas ao PSD e CDS-PP, porque "lembrar 2015 é também reviver o sufoco institucional provocado pelo poder absoluto".

Um Governo, uma maioria, um Presidente, esse velho sonho da direita foi o pesadelo do nosso povo", condenou.

Uma "economia destruída, desemprego e emigração em massa, privatizações ruinosas, um sistema financeiro preso por um fio, uma democracia descredibilizada por anos de promessas quebradas" é a descrição que Catarina Martins faz do estado em que estava o país em 2015, no "fim do tempo do governo PSD-CDS".

A líder bloquista também deixou um recado "a quem pensa que o sucesso do Bloco é um mistério": "nós existimos porque somos necessários, porque somos esse povo que luta".

Catarina Martins anunciou ainda na sua intervenção que vai propor a atual eurodeputada do partido, Marisa Matias, como cabeça de listas às eleições europeias do próximo ano.

Os trabalhos da XI Convenção do Bloco de Esquerda iniciaram-se às 11:27 deste sábado, em Lisboa, com a discussão e aprovação do regimento e a eleição da mesa, presidida por Helena Pinto e José Gusmão.

As cerca de 700 pessoas reunidas na reunião magna do partido homenagearam o antigo coordenador bloquista João Semedo e outras dezenas de militantes, falecidos nos últimos dois anos.

Semedo mereceu a salva de palmas mais longa e dupla entre o rol de personalidades que foram recordadas num vídeo transmitido no ecrã gigante do pavilhão do Complexo Desportivo Municipal do Casal Vistoso, em Lisboa.

O médico e ex-militante comunista morreu a 17 de julho, aos 67 anos, vítima de cancro. Aderiu ao BE em 2007 e foi deputado, tendo dividido a liderança do partido entre 2012 e 2014 com a atual coordenadora, Catarina Martins.

Helena Lopes da Silva, Alípio de Freitas, António Loja Neves António Alves Vieira, Ângelo Teixeira, João Paulo Tomé, Domingos Terramoto, Miguel Rocha Pereira, Luís Cordeiro, Clara Alexandra foram outros dos lembrados no pequeno filme cuja epígrafe foi: "não esquecemos quem também fez o caminho".

A XI Convenção bloquista, que decorre até domingo no Pavilhão do Casal Vistoso, tem como lema “Agora a Esquerda”, sendo o vermelho a cor dominante no palco do pavilhão.

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