Rui Pedro Soares: «É impensável os campeonatos profissionais não acabarem» - TVI

Rui Pedro Soares: «É impensável os campeonatos profissionais não acabarem»

Rui Pedro Soares (Lusa/Miguel A. Lopes)

Presidente da SAD do Belenenses diz ainda ser prematuro falar em reduções salariais, mas reconhece que crise causada pela pandemia trará problemas de tesouraria à indústria. Peso dos salários nos azuis ronda os 70 por cento dos custos

No dia em que a Federação Portuguesa de Futebol anunciou o cancelamento dos campeonatos de formação, o presidente da SAD do Belenenses afastou por completo a hipótese de que esse cenário venha a acontecer nos campeonatos profissionais.

«Os campeonatos profissionais vão acabar. Era impensável que não fosse assim e isso não está sequer em cima da mesa. Quando terminarmos este campeonato, recomeçaremos o seguinte. É impensável não se jogarem estas dez jornadas e os campeonatos profissionais não acabarem», disse Rui Pedro Soares esta sexta-feira durante uma videoconferência com jornalistas.

O dirigente da equipa lisboeta entende que há sintonia de ideias em relação a este tema. «Apenas posso falar pelo Belenenses SAD, mas não ouvi nenhum colega meu dizer que concluir os campeonatos não é uma prioridade. É impensável pensarmos que as dez jornadas não vão realizar-se. O futebol vai regressar e a prioridade é concluir este campeonato e não começar a próxima época», vincou.

Numa altura em que a Liga está parada há já algumas semanas e não há previsão para o reatamento competitivo, Rui Pedro Soares disse ser «prematuro» antecipar o impacto económico causado pela pandemia do novo coronavírus, e que, por isso, não é ainda a altura de equacionar, pelo menos para o imediato, cortes salariais, medida que já está a ser aplicada por clubes de outros países europeus. Ainda assim, assumiu que haverá consequências e que a indústria do futebol terá problemas de tesouraria num futuro próximo.

«Esta é uma indústria diferente das outras, porque o peso dos salários na estrutura de custos de cada sociedade é diferente. No Belenenses SAD, 66 por cento dos nossos custos totais são com salários. E 6 por cento são com seguros de acidentes de trabalho: 66 + 6. Quando estamos a pensar numa indústria que tem, no caso do Belenenses SAD, 72 por cento de custos que decorrem de salários. (...) O futebol, tal como as outras atividades, vai ser penalizado por uma queda abruta da economia provocada por uma paragem. Não é uma queda lenta que resulta de uma recessão. (...) Estamos a analisar todas as soluções possíveis. É prematuro dizermos já o que vamos fazer.»

O presidente da SAD do Belenenses não quis alongar-se sobre até quando esta situação será sustentável para as contas da sociedade que gere, mas frisou que há receitas com as quais não é possível contar nesta altura. «Os clubes portugueses têm necessidades de financiamento através da antecipação de receitas de televisão ou da venda de jogadores. Neste momento, essa antecipação de receitas pura e simplesmente não é possível. De uma forma global, vamos ter problemas de tesouraria nesta indústria, mas não podemos antecipar a intensidade e a forma como cada um vai conseguir responder.»

Para Rui Pedro Soares, só após o regresso das competições será possível fazer uma análise macro à real saúde do futebol. Desde os negócios de compra e venda de jogadores, às outras indústrias que continuarão associadas a ele. «Este é um momento de incerteza para todos nesta indústria», reconheceu.

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