Rui Costa: «Fomos obrigados a ir a jogo, não nos agradou jogar assim» - TVI

Rui Costa: «Fomos obrigados a ir a jogo, não nos agradou jogar assim»

Presidente do Benfica defendeu que o adiamento da partida com o Belenenses era da responsabilidade da Liga ou da Direção-Geral da Saúde

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Declarações do presidente do Benfica, Rui Costa, no final da vitória frente ao Belenenses, em que os azuis se apresentaram em campo com apenas jogadores devido a um surto de covid-19:

«Queria essencialmente lamentar o que aconteceu, esta página negra do futebol português e até do próprio país. Mas queria dizer que em nenhuma circunstância o Benfica foi tido ou achado para que este jogo se realizasse. Apenas cumprimos com o regulamento. Da mesma forma que o Belenenses foi obrigado a cumprir o regulamento e a ir a jogo. É inútil estarmos aqui a desvirtuar o que aconteceu. Temos de estar todos envergonhados, mas em nenhuma circunstancia o Benfica é responsável. Não nos agradou de maneira nenhuma jogarmos assim, isto não beneficia o futebol português. Fomos obrigados a entrar em campo. As duas entidades que podiam cancelar o jogo, a Direção-Geral da Saúde ou a Liga, não o fizeram.

[Sobre as palavras do presidente do Belenenses, que disse ter pedido o adiamento do jogo às 19h13] Às 19h13 o Benfica já estava equipado, nem sabia quantos jogadores ia ter em campo. Não houve nenhuma formalização do cancelamento do jogo. E durante o dia houve declarações de que o Belenenses ia a jogo. Sei perfeitamente o estado em que está o presidente do Belenenses [Rui Pedro Soares], no ano passado passámos por isso. Hipotecámos o campeonato por causa da covid-19, lamento profundamente a situação do Belenenses. Mesmo aquela hora, não era nem o Benfica nem o Belenenses que podiam cancelar o jogo.

Àquela hora não havia condições, até porque o Belenenses não deu nenhuma indicação de que não queria ir a jogo. As indicações foi sempre para jogarmos. Se soubéssemos desde ontem [sexta-feira], não permitira que o futebol português passasse por uma página dessas.

Se isto tivesse sido com duas equipas de menor expressão, se calhar tinha-se resolvido de outra maneira. Estando o Benfica pelo meio, é natural que que se fale disto. Mas nós não queríamos isto. Tive de respeitar os meus adeptos que já estavam dentro do Jamor e as indicações da Liga e da DGS, que era entrar para dentro de campo.

A responsabilidade não é do Benfica de certeza. Não é o Benfica que decidia, não passem esse ónus para o Benfica. Vocês sabem perfeitamente que o próprio presidente do Belenenses não punha em questão a realização deste encontro. E nós preparámo-nos. E até receber a ficha de jogo, não sabíamos quantos jogadores o adversário ia ter. Agora, se me perguntam se é correto jogar nestas condições? Não, não é. Afeta a verdade desportiva, o futebol português e o país. Isto beneficia alguém? Não foi responsabilidade do Benfica ter de apresentar-se em campo nestas condições.

A própria DGS devia ter tido uma posição sobre este assunto. Nem sabemos que riscos corremos dentro de campo, isto não pode ficar de parte. Eu não sei se os nove rapazes que jogaram pelo Belenenses – a quem deixo um aplauso extraordinário – não testam positivo amanhã e se não passaram aos nossos. Era nossa intenção colocar os nossos jogadores em risco, depois de tudo o que passámos na época passada?

[Se a situação se tivesse sabido com mais antecedência, adiamento era possível?] Ter-se-ia conversado, como é óbvio. Neste caso, não poderiam ser os clubes a adia o jogo. Os dois clubes foram obrigados a ir para dentro do campo. Claro que era possível adiar o jogo. O problema aqui foi a conjuntura total. O facto de o Belenenses não saber quantos jogadores tinham, a Liga a fazer-nos cumprir o regulamento e a DGS a não querer adiar o jogo. Tem de haver uma mudança nos regulamentos.

Apenas uma palavra para os jogadores do Belenenses, que tenham uma recuperação rápida, as melhores para todos os jogadores.»

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