Carlos, a «máquina» que vendia pastéis de nata a Weigl - TVI

Carlos, a «máquina» que vendia pastéis de nata a Weigl

Axel Witsel e Carlos Couto

Português radicado em Dortmund leva-nos até aos vícios da gula do novo médio do Benfica. Uma história contada ao Maisfutebol em Beja e que nos deixa de água na boca

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Foi através de Carlos Couto que Julian Weigl, o mais recente reforço sonante do Benfica, teve um dos primeiros contactos com Portugal. E isso aconteceu através… da comida. Um cartão de visita português para milhões de turistas e, neste caso, também para o futebolista alemão de 24 anos.

«O Julian era meu cliente no restaurante, ia lá muitas vezes com a família, os amigos, a namorada. Adorava os grelhados, o frango, e também os nossos doces, como os pastéis de nata. Quando o Julian partiu para Lisboa, a minha mulher mandou logo mensagem à namorada dele a recomendar os pastéis de Belém. De certeza que eles foram lá», conta Carlos ao Maisfutebol, numa conversa em pleno relvado do Complexo Desportivo Fernando Mamede, em Beja, onde o Borussia Dortmund sub-23 está a estagiar, até sábado. 

Para reservar uma mesa, Julian Weigl mandava mensagens a Carlos Couto. A última, enviada em agosto, começava da seguinte forma: «Carlos, máquina…».  «Já avisei o Julian de que estou em Portugal agora», acrescenta o minhoto.

Julian Weigl conhece bem este cantinho português em Dortmund

Carlos, de 46 anos, com raízes em Braga, tem três restaurantes na zona de Dortmund, na Alemanha, e recebe grande parte do plantel do Borussia. Basta ver o álbum de fotos no seu telemóvel para se perceber isso. Fotografias de Marco Reus, Axel Witsel, Thorgan Hazard, Raphael Guerreiro, entre outros. «O Raphael manda-me fotos de rissóis ou de pastéis e diz-me: ‘quero comer isto’. E eu faço. Dou-me bem com ele também, ofereceu-me a camisola da meia-final do Euro 2016. Qualquer jogador do Borussia recomenda os nossos restaurantes. Quando chega um jogador novo ao clube, fala-se logo no Carlos», diz o chef.

Foi assim que Julian Weigl começou a ficar encantado com a comida portuguesa servida nos restaurantes de Carlos. «O Julian é uma pessoa muito, muito tranquila, educada, é um jovem, mas é muito atencioso, não tinha qualquer mania quando falava connosco. Ele e a família toda iam ao restaurante, cheguei a conhecê-los a todos, ele reservava mesas para oito, dez pessoas», revela Carlos Couto, antes de reconhecer o orgulho por ver um futebolista pelo qual tem «muita estima» a jogar no seu país.

«A Liga portuguesa é ideal para ele, é mesmo! Ele é um jogador mais técnico e, na Alemanha, o futebol é mais intenso, mais rápido, um jogador sem velocidade não é muito bem visto por lá. Posso garantir-lhe que ninguém contava, na Alemanha, com esta mudança. Disseram que foi muito barato. Se dão 40 milhões por qualquer jogador, vão pagar só 20 milhões pelo Julian?», questiona, Carlos, apesar de reconhecer: «Eu acho que foi mais ele que pediu para sair. Sentiu que não era titular absoluto na equipa do Borussia Dortmund. Mas, para mim, como português, é muito especial vê-lo a jogar aqui.»

O bom vício português do médio do Benfica, Weigl

Da restauração ao mundo do futebol por «culpa» de…Hakimi

A questão tinha de ser feita. Como é que uma pessoa que anda a vida toda na área da restauração aparece, de repente, na comitiva de uma equipa do Borussia Dortmund, como empresário de jogadores?

«Ora vamos lá, começou há um ano e meio quando o Hakimi [emprestado pelo Real Madrid ao Borussia Dortmund] veio para o clube. O jogador, na altura com 19 anos, foi lá ao meu restaurante com os empresários, eu comecei a falar espanhol, uma língua que ele fala fluentemente, e criou-se logo uma proximidade. Depois, o Hakimi começou a ir lá com muita frequência, eu dizia-lhe para ele experimentar o meu carro de luxo, comecei a ajudá-lo a comprar carros para ele, a abrir contas nos bancos, esse tipo de coisas», revela.

Carlos e o «afilhado» Hakimi

No fundo, Carlos começou a ser o 'padrinho' do marroquino, que foi eleito o melhor jogador jovem africano em 2019. «Certo dia, o empresário do Hakimi disse-lhe que queria vir conhecer-me à Alemanha, uma vez que tinha ouvido falar muito bem de mim. Convidou-me para almoçar, eu pensava que era para me agradecer pelo facto de ser sido uma espécie de ‘padrinho’ do Hakimi, mas acabou por me dizer que eu era o homem de que ele precisava para representar a sua empresa na Alemanha. Foi a partir daí que começou a minha carreira de empresário. Hoje, trabalho para esse empresário espanhol e represento jogadores desta equipa», diz Carlos, apontando para o relvado no qual treina a equipa de sub-23 do Borussia Dortmund, que realizou dois jogos durante o estágio em Beja.

O primeiro foi um empate (3-3) diante dos sub-23 do V. Setúbal e o segundo foi também um empate (1-1) contra o União Serpense, uma equipa que está a crescer na cidade de Serpa, no Alentejo.

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