André Almeida: «Lage tirou-nos um peso de cima» - TVI

André Almeida: «Lage tirou-nos um peso de cima»

Lateral do Benfica em entrevista à TVI

André Almeida é uma das maiores figuras do Benfica na temporada 2018/2019. O internacional português tornou-se um dos capitães de equipa, numa época que teve como ponto mais alto a conquista do Campeonato Nacional.

Em entrevista à TVI falou da reconquista, do impacto da chegada de Bruno Lage, e admite ter jogado uma das melhores épocas da carreira.

A conquista do campeonato traz um sentimento de dever cumprido?

André Almeida: «É um sentimento especial por tudo o que se passou ao longo da época. Foi um campeonato extremamente difícil e de superação. Este grupo é o verdadeiro grupo da Reconquista por isso mesmo, porque nas fases de adversidade soube superar-se e dar a cara. Está de parabéns também por isso.»

Foi uma montanha-russa de emoções, não? O Benfica esteve a sete pontos da liderança, com exibições muito instáveis. Como foi gerir esse período mais negro?

A.A.: «Quem anda no mundo do futebol já está um pouco habituado a isso. Nem sempre as coisas correm como queremos, mas eu tenho a plena convicção que sempre acreditámos e sempre confiámos no nosso valor.

Não sabíamos se íamos ser campeões ou não - porque não dependíamos de nós nessa altura – mas tínhamos muita confiança naquilo que fazíamos, por isso, acho que foi um percurso natural a partir daí. Tentámos fazer tudo da melhor maneira, e quando as coisas começaram a encarrilar foi difícil alguém parar-nos”.

Isso coincidiu com a chegada de Bruno Lage?

A.A.: «Tanto no futebol como na vida, a mudança tem sempre impacto nas pessoas. Não vamos estar a falar de competências – aproveito para dar os parabéns ao Mister Rui Vitória, que foi campeão na Arábia Saudita – mas a mudança traz sempre impacto e connosco teve esse impacto positivo. O mister Bruno Lage trouxe o que era preciso.

Estávamos a viver uma fase de instabilidade, até de alguma “revolta” dos adeptos com as nossas exibições e o mister trouxe-nos essa alegria que era preciso, tirou-nos um peso de cima e dizia: "desfrutem, joguem futebol, divirtam-se porque vocês têm todos muita qualidade". E isso foi muito importante para nós: o futebol em estado puro. Divertimo-nos com aquilo que fazemos, que é o mais importante.»

Então o discurso de Bruno Lage, numa fase inicial, não estava tão focado na parte tática, mas sim na necessidade de serem vocês próprios dentro de campo?

A.A.: «Começou por aí. Claro que o aspeto tático é muito importante numa equipa, mas ele primeiro começou a reconquistar-nos como homens e como pessoas e eu acho que essa é a base. Ele trouxe-nos essa alegria que precisávamos. Valor todos nós sabíamos que tínhamos, e ele conseguiu tirar isso de nós.»

O que mudou para que o André Almeida se tenha tornado uma das figuras da equipa, um dos jogadores mais acarinhados pelos adeptos?

A.A.: «Ao longo destes anos sempre fui muito dedicado ao clube e sempre tentei ajudar da melhor maneira. Os aspetos táticos favorecem algumas coisas e neste sistema eu recebia a bola muito mais à frente e estava mais perto da zona de decisão para assistir os meus companheiros.

Acho também que o facto de liderar a equipa me trouxe uma responsabilidade extra, de ter que levar o jogo para a frente e tentar que as coisas dessem a volta o mais rápido possível. Acho que isso foi importante e a vinda do mister Bruno Lage para me dar essa confiança foi muito importante para mim.»

Tornou-se um dos capitães de uma equipa muito jovem. Sente-se uma das vozes do balneário?

A.A.: «Sinto-me uma das vozes, mas temos um grupo muito porreiro. Mesmo os miúdos que chegam, com toda a qualidade e irreverência que têm, estão sempre dispostos a ouvir-me, ou ao Jonas, ao Pizzi, ao Jardel. O Jonas é uma referência para todos nós, para mim inclusive. É dos jogadores que mais brinca e que mais aconselha todos os miúdos aqui dentro. Estamos todos de parabéns, também por isso. Não só pelo futebol, pelo jogo, pela conquista, criámos grandes laços aqui dentro e a palavra família adequa-se perfeitamente.»

O Jonas emocionou-se antes de entrar em campo, frente ao Santa Clara. Fala-se de um possível final de carreira... ele já confessou alguma coisa aos colegas?

A.A.: «O Jonas tem contrato mais um ano e da vida dele só ele é que sabe. Nós não sabemos nada disso. Quanto à entrada em campo [contra o Santa Clara], o Jonas é uma pessoa muito especial. Ele vive muito intensamente cada momento e acho que ficou mostrado quando entrou em campo, quando festeja os golos, quando pega na bola. Ele é uma pessoa que desfruta muito do futebol e acho que isso é um exemplo para todos nós e quem chega é impossível não olhar para ele como uma referência”.

João Félix é uma das grandes revelações da temporada. Como é que ele tem reagido a todo este mediatismo?

A.A.: «O Félix é um jogador com muita personalidade e a maior virtude que tem é gerir as coisas com a maior naturalidade possível. Se faz um jogo mau lida da melhor maneira, se faz um hat-trick – como fez – é como se não tivesse passado nada. A mentalidade dele é o ponto mais forte que tem.»

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