Luís Filipe Vieira e a Justiça: todos os casos de um longo histórico - TVI

Luís Filipe Vieira e a Justiça: todos os casos de um longo histórico

Presidente do Benfica é arguido em dois processos e conhecerá será presente ao juiz Carlos Alexandre para conhecer as medidas de coação relativas ao caso mais recente

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O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, foi detido esta quarta-feira e será presente ao juiz Carlos Alexandre na quinta-feira. O dirigente passará a noite na esquadra da PSP de Moscavide e conhecerá posteriormente as medidas de coação aplicadas pelo magistrado.

Vieira, indica a TVI, é acusado dos crimes de burla qualificada ao Fundo de Resolução bancária, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. Em investigação está um esquema para benefício de Vieira e José António dos Santos, conhecido como 'Rei dos Frangos', em prejuízo do Benfica, para gerar uma mais-valia de 11 milhões de euros para o maior acionista privado da SAD encarnada, na sequência de uma OPA – chumbada pela CMVM.

Este é o mais recente capítulo de um longo histórico de Luís Filipe Vieira com a Justiça. De forma resumida, o Maisfutebol recupera os casos em que o empresário e presidente do Benfica esteve ou está a ser investigado. Alguns deles acabaram por ser unificados, para que a investigação possa ser mais eficaz, segundo aponta o Ministério Público.

Nesta altura, Luís Filipe Vieira é arguido apenas nos processos «Saco Azul» e «Operação Lex». Está em risco de passar a sê-lo num terceiro caso. 

1. SACO AZUL

O processo arrancou em setembro de 2018 e passou a envolver diretamente o presidente do Benfica em julho de 2020. A investigação indicava suspeitas sobre a utilização de uma empresa de informática para fazer sair do clube dinheiro, sob a justificação de serviços de consultadoria alegadamente irreais.

A Procuradoria Geral da República confirmou a «existência de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Lisboa, no qual se investigam factos suscetíveis de integrarem crime de fraude fiscal».

A acusação aponta a emissão de faturas de serviços fictícios de uma empresa de informática, pagas pelo Benfica, no valor de 1,9 milhões de euros. Essa quantia teria sido paga pela SAD encarnada durante seis meses, a troco de serviços que não foram prestados. Esse dinheiro seria depois levantado em numerário e serviria para fazer outro tipo de pagamentos.

Pode ler mais AQUI sobre este processo.

2. OPERAÇÃO LEX

Neste processo estão em causa alegados crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagens, branqueamento de capitais, fraude fiscal e tráfico de influências e tem como figura principal o juiz Rui Rangel, antigo candidato à presidência do Benfica.

Em setembro de 2020, Luís Filipe Vieira foi acusado de recebimento indevido de vantagem, em co-autoria com Fernando Tavares (também dirigente do Benfica) e Jorge Barroso.

O presidente do Benfica é suspeito de ter oferecido ao juiz Rui Rangel uma vaga na futura universidade das águias, como forma de compensar o juiz pela influência num processo fiscal do seu filho, Tiago Vieira.

Pode ler mais AQUI sobre este processo.

3. MALA CIAO

Em novembro de 2020, a PJ entrou na SAD do Benfica para fazer buscas relacionadas com as acusações espoletadas pelo caso conhecido por ‘Mala Ciao’.

Esse foi apenas o último movimento conhecido de um processo em que está em causa um crime de alegada corrupção desportiva. O presidente Luís Filipe Vieira é, de resto, um dos principais visados desta operação, liderada pelo juiz Carlos Alexandre. Outro dos suspeitos é Paulo Gonçalves, antigo braço direito de Vieira na SAD, que saiu quando foi acusado no processo ‘E-toupeira’ - mas que continua a fazer negócios a envolver o Benfica.

A operação da PJ foi articulada com uma equipa de magistrados do DCIAP e visa ainda empresários, e outros intermediários, além da SAD do Santa Clara. Neste caso, a investigação aponta o dedo ao comportamento de alguns futebolistas, que teriam sido subornados para prejudicar as suas equipas frente ao Benfica. Mas não só.

Há ainda a suspeita da existência de negócios que indiciam a existência de contratos paralelos, ou seja, empréstimos de jogadores com a opção de recompra e em cujos contratos dos atletas constariam pagamentos por fora. Foi precisamente nesta operação de 2018 que os investigadores apreenderam o dossier referente ao jogador líbio Hamdou Elhouni, transferido do Santa Clara para o Benfica e depois para o Aves.

Pode ler AQUI mais sobre este processo.

4. NOVO BANCO

No dia 10 de maio de 2021, Luís Filipe Vieira foi ouvido na Comissão de Inquérito do Novo Banco, no estatuto de um dos maiores devedores ao banco.

Em setembro de 2017, o Grupo Promovalor, holding de imobiliária de Luís Filipe Vieira tinha uma dívida ao Novo Banco superior a 227 milhões. Esses foram os números admitidos pelo empresário na Comissão de Inquérito, embora os deputados tenham apontado verbas superiores.

A dívida de Vieira foi renegociada e o processo irá arrastar-se durante mais algum tempo. O presidente do Benfica está neste processo enquanto proprietário da Promovalor e, nesta altura, não é arguido.

Pode ler AQUI mais sobre este processo.

5. VOUCHERS, EMAILS e E-TOUPEIRA

Os processos eram independentes e o dos Vouchers chegou a ser arquivado em 2018. A Polícia Judiciária recuperou a investigação e associou-a à dos Emails e ao E-Toupeira. Os primeiros continuam a ser apreciados pelo Ministério Público e o terceiro avançará já para julgamento em 15 de setembro.

No processo dos emails, o Supremo Tribunal de Justiça terá ainda de decidir o local onde se fará a instrução. As possibilidades são o Tribunal de Instrução de Lisboa e o Tribunal de Instrução Criminal de Matosinhos.

O caso dos emails acabou por ser dividido em duas partes. Numa das ações, os arguidos são Francisco J. Marques e Diogo Faria, funcionários do FC Porto, e Júlio Magalhães, ex-diretor do Porto Canal. Noutra das ações, o E-Toupeira, o único arguido é Paulo Gonçalves. A SAD do Benfica, e Luís Filipe Vieira, acabaram por ser afastados do processo, embora a acusação e o recurso do MP insistissem na sua responsabilidade e ligação ao processo.

Foi no canal ligado ao FC Porto que os primeiros começaram a exibir emails retiradas de contas eletrónicas do Benfica, em que se expunha uma suposta teia de influências e ligações promíscuas entre os dirigentes das águias e vários agentes desportivos.

Pode ler AQUI mais sobre estes processos.

6. BPN

Luís Filipe Vieira estava acusado de burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento de capitais, num dos processos ligados ao BPN, mas o processo foi arquivado em abril de 2021 por não existirem «indícios suficientes da prática de crime».

Pode ler AQUI mais sobre este processo.

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