E-Toupeira: funcionário judicial nega acordo com Paulo Gonçalves - TVI

E-Toupeira: funcionário judicial nega acordo com Paulo Gonçalves

Casos que se arrastam. E-toupeira, e-mails, vouchers, Mala Ciao. Os nomes de cada um destes processos, todos associados ao Benfica, tornaram-se familiares, alimentam acusações e suspeitas, mas ainda esperam por apuramento na justiça. O primeiro irá a julgamento, com Paulo Gonçalves como principal arguido e sem acusação à SAD do Benfica. O segundo teve uma decisão cível que condenou o FC Porto pela divulgação dos e-mails, mas ainda não tem desfecho judicial. Enquanto não se apuram os factos, a nebulosa em torno do futebol português adensa-se.

Júlio Loureiro aceitou falar no arranque do julgamento

Júlio Loureiro, funcionário judicial, nega qualquer acordo com Paulo Gonçalves, antigo assessor jurídico do Benfica, para passar informações confidenciais em troca de bilhetes para jogos ou «merchandising» do clube encarnado.

Júlio Loureiro foi o único dos arguidos do processo denominado E-Toupeira que quis prestar declarações no arranque do julgamento, no Tribunal Central Criminal de Lisboa. Paulo Gonçalves e José Augusto Silva, os outros arguidos, não quiseram prestar declarações.

O funcionário judicial garantiu então que o alegado acordo com Paulo Gonçalves é «pura fantasia», refutou toda a acusação do Ministério Público e disse nada saber sobre os acessos informáticos ao sistema Citius.

Júlio Loureiro explicou que conhece Paulo Gonçalves há muitos anos, do mundo do futebol, mas que passou a «conhecer melhor» em 2015, a propósito de um jogo na Madeira em que estava como observador da equipa de arbitragem, função que passou a exercer em 2000, após doze anos como árbitro.

O arguido revelou que chegou a oferecer caixas de vinho verde a Paulo Gonçalves, mas alegou que oferece habitualmente a amigos, e garantiu que os bilhetes que recebeu, para jogos do Benfica, eram para a filha, uma vez que ele já tinha acesso aos mesmos, na condição de observador.

«Tinha e mesmo como jubilado continuo a ter», respondeu Júlio Loureiro, que referiu ainda que «todos os clubes disponibilizam convites a magistrados, políticos, a polícias».

«Nunca recebi benefícios. Absolutamente nada», reiterou o funcionário judicial, confrontado com várias escutas.

Júlio Loureiro admitiu ter pedido ajuda ao (então) assessor jurídico da SAD do Benfica para desbloquear um empréstimo bancário para a sua mulher, algo que posteriormente classificou como «uma asneira». Questionado sobre essa posição, Júlio Loureiro respondeu que isso não esteve relacionado com as consequências dessa ajuda, mas porque «extrapolou» a relação de confiança que tinha com Paulo Gonçalves.

Júlio Loureiro está acusado de um crime de corrupção passiva, enquanto que José Augusto Silva, também funcionário judicial, responde por um crime de corrupção passiva, seis de violação do segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo, 28 de acesso ilegítimo e um de peculato.

Paulo Gonçalves está acusado de seis crimes de violação do segredo de justiça, 21 de violação de segredo por funcionário, nove de acesso indevido, nove de violação do dever de sigilo, em coautoria, além de um crime de corrupção ativa, dois de acesso indevido e dois de violação do dever de sigilo.

 

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