Ferro recorda chamada de urgência para o dérbi: «Na altura não percebi» - TVI

Ferro recorda chamada de urgência para o dérbi: «Na altura não percebi»

Defesa português em entrevista à TVI.

Ferro começou a temporada na equipa B do Benfica. Um dia estava a jogar contra o Mafra, até que o telefone tocou: era preciso o defesa central ser substituído para ser convocado na equipa principal para jogar contra… o Sporting.. A partir daí, Ferro tornou-se num indiscutível de Bruno Lage e uma pessoa fulcral até à conquista do Campeonato.

TVI – Foi um título conquistado já na última jornada, após uma luta titânica.

Ferro – É um sentimento muito especial termos chegado ao título. Sendo na última jornada ou na penúltima era indiferente, o nosso objetivo era mesmo chegarmos ao título e acho que o conquistámos com todo o mérito dentro do campo.

TVI – É inevitável recordar que o Benfica esteve a sete pontos da liderança mas com a chegada de Bruno Lage começaram a recuperar. Quando sentiram que era mesmo possível ultrapassar o FC Porto e ser campeão?

Ferro – Quando o mister Bruno Lage chegou, o nosso objetivo era juntarmo-nos todos e começar, outra vez, a formar uma equipa, uma família, agarrarmo-nos uns aos outros e ir subindo. O grande objetivo era ser campeão nacional. Claro que estávamos longe, sabíamos que estávamos longe, mas também sabíamos que se fizéssemos o nosso trabalho que havia possibilidade de os outros clubes perderem pontos.

Fomos fazendo o nosso trabalho, fizemos uma segunda volta fantástica, aproveitámos o deslize dos adversários e focámo-nos em nós, que foi o mais importante. Foi o que nos deu a mais-valia do título.

TVI – O momento-chave foi a vitória no Dragão?

Ferro – Antes do jogo do Dragão só dependíamos de nós - caso fôssemos lá ganhar - mas sim claro que esse jogo é aquele momento em que passamos para a frente, ficamos tranquilos e sabemos que temos a vantagem direta sobre o Porto. Foi o momento em que nos agarrámos e sentimos que era possível, que só dependíamos mesmo de nós.

TVI – A chegada de Bruno Lage foi muito importante para a afirmação do Ferro. Como foram os primeiros tempos em que estava na equipa B, passa para a equipa principal e afirma-se como um titular?

Ferro – Foi muito bom mas tive a ajuda de todos os colegas, de todos os jogadores mesmo os que acabavam por ficar no banco. Estávamos todos a lutar pelo mesmo. Eu subindo à equipa principal era mais um para ajudar.

Claro que tinha o objetivo de jogar mas nunca meti essa pressão sobre mim que tinha de chegar e jogar. Só queria ajudar a equipa, ajudar o Benfica.

Tive a oportunidade de ajudar quando o Jardel se lesionou e a partir daí o mister foi tomando as suas opções, eu continuei a ser opção mas lá está: estávamos todos a trabalhar para o mesmo, todos a trabalhar para o mesmo lado. Fosse eu, o Jardel, o Conti ou outro jogador qualquer. Estávamos a lutar pelo mesmo e a ajudarmo-nos uns aos outros porque o mais importante é o Benfica.

TVI – Mas o facto de existir muita juventude também ajudou à adaptação porque são realidades diferentes.

Ferro – Sim. São realidades diferentes. Não há assim tanta diferença – e ainda bem – porque todos os jogadores nos acolhem de excelente forma, não fazem essa diferença entre os mais velhos e os mais novos, não há esse tipo de diferenças.

Só tenho de agradecer a todos, sem exceção nenhuma pela forma como me acolheram.

TVI – O Ferro estava a jogar pela equipa B contra o Mafra quando recebeu uma chamada a dizer que tinha de sair do campo para ser convocado para a primeira equipa para jogar contra o Sporting. Como foi esse momento?

Ferro – Eu na altura não percebi. Vi a placa com o meu número, claro que saí. Até podia ser a opção do mister Renato Paiva. Saí, depois cheguei ao banco e foi quando me explicaram o que se tinha sucedido, que tinha existido uma lesão no treino da equipa principal e que eu estava convocado para o jogo.

Depois claro que percebi, foi tudo muito rápido, foi maravilhoso. Claro que acabo de sair de um jogo, mas depois acabo por receber uma grande notícia logo a seguir. Fiquei extremamente feliz.

TVI – Vamos entrar no mercado de transferências onde há sempre muitos rumores. Está preparado para lidar com o interesse de alguns dos colossos europeus?

Ferro – O Ferro só quer fazer o seu trabalho. Neste momento estou no Benfica e é cá que quero ficar.

TVI – Então não abre portas a uma possível saída.

Ferro – Neste momento só quero pensar no Benfica.

TVI – João Félix tem sido um dos grandes destaques. Já se conhecem há muitos anos. Como está a ver todo este mediatismo à volta do Félix?

Ferro – Para quem o conhece não fica surpreendido, de todo. Claro que foi uma ascensão incrível da parte dele mas quem o conhece sabia que o talento estava lá, que a qualidade estava lá. Toda a gente via que mais cedo ou mais tarde – poderia não ser este ano, ou no próximo ou daqui a dois - o talento dele ia subir e ia mostrar a toda a gente o potencial que tinha e que tem.

A mim não me surpreende porque já o conhecia, mas claro que as pessoas que não o seguem desde as camadas jovens e que veem só a equipa A do Benfica, claro que é normal que um miúdo de 19 anos chegue e mostre o talento e o jogo que tem feito na equipa do Benfica. A mim não me surpreende mas é extremamente normal surpreender as pessoas que não o acompanham.

TVI – Muito se tem falado dos 103 golos mas há sempre aquele velho ditado de ‘os ataques ganham jogos e as defesas campeonatos’. Tem feito dupla com o Rúben Dias. Sente que tem uma importância extrema na conquista deste campeonato?

Ferro – Claro que a defesa é muito importante. Mas como disse isso, eu também digo que os primeiros defesas são os avançados e aqui no Benfica defendemos 11 e atacamos 11. Claro que eu, o Rúben, o Jardel somos os defesas com mais desarmes, mais ações defensivas mas se os avançados não fizerem o trabalho deles em defender, nós vamos acabar por levar com todos. Acho que os avançados são os primeiros defesas.

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