Nova tecnologia permite a tetraplégico comer e beber sozinho - TVI

Nova tecnologia permite a tetraplégico comer e beber sozinho

  • BM
  • 30 mar 2017, 19:36
Bill Kochevar conseguiu mexer a mão e o braço

Bill Kochevar recebeu implantes elétricos no cortéx cerebral e sensores nos braços e conseguiu mexer a mão e o braço

Uma tecnologia implantada no cérebro permitiu a um homem tetraplégico voltar a mexer as mãos e os braços através do poder do pensamento. O projeto desenvolvido por cientistas nos Estados Unidos e divulgado, quarta-feira, na revista especializada em medicina The Lancet.

Depois de oito anos com uma paralisia quase total, Bill Kochevar, de 53 anos, conseguiu comer e beber sozinho.

Para o conseguir, o homem recebeu implantes elétricos no córtex cerebral e sensores nos braços, de forma a permitir uma estimulação dos músculos, para dar resposta aos sinais provenientes do cérebro, descodificados através de um computador.

Penso naquilo que quero fazer e o sistema faz por mim. Não é preciso pensar muito. Quando quero muito uma coisa, o meu cérebro fá-lo”, explicou Bill Kochevar, citado pelo The Guardian.

Bill Kochevar foi submetido a uma cirurgia no cérebro, para implantar os sensores. Depois, passou por quatro meses de experiências e de treinos, o tempo necessário para que a tecnologia conseguisse reconhecer os sinais corporais necessários, a partir do córtex.

De acordo com o artigo publicado na revista britânica, Bill Kochevar deverá ser o primeiro tetraplégico do mundo a mexer um braço e uma mão, com a ajuda de duas tecnologias que lhe foram temporariamente implantadas.

O trabalho desenvolvido na universidade Case Western Reserve, em Cleveland, nos Estados Unidos, permitiu que o paciente conseguisse pegar numa caneca de água, puxá-la para os lábios e beber por uma palhinha.

Com este método, Bill Kochevar conseguiu também segurar um cabo e coçar com ele o nariz e pegar num garfo e comer uma batata.

Para alguém que foi ferido e durante oito anos não se podia mexer, ser capaz de se mover, ainda que só um pouco, foi incrível para mim. É melhor do que eu pensava que seria”, contou Bill Kochever.

Apesar de ainda ser um projeto experimental, os cientistas têm esperança que este novo conceito possa vir a transformar-se num tratamento comum para pessoas com paralisia. No futuro, acreditam que o sistema será invisível, aplicado debaixo da pele e sem fios.

A nossa investigação ainda está muito no início, mas acreditamos que este tratamento poderá oferecer a possibilidade de recuperar as funções dos braços e das mãos, aos indivíduos com paralisia para conseguirem realizar as tarefas do dia-a-dia, oferecendo-lhes uma maior independência. Até agora, ainda só ajudou um homem tetraplégico a agarrar as coisas, para se alimentar e conseguir beber. Com mais desenvolvimento, acreditamos que a tecnologia poderia possibilitar um controlo mais preciso, permitindo uma variedade de ações, que transformariam certamente a vida das pessoas com paralisia”, admitiu Bolu Ajiboye, médico e um dos responsáveis pelo estudo, citado pelo The Guardian.

Bill Kochevar ficou tetraplégico num acidente de bicicleta, depois de ter sido abalroado por um camião.

 

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