Economia italiana e alemã a recuperar, mas Reino Unido afunda - TVI

Economia italiana e alemã a recuperar, mas Reino Unido afunda

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  • 5 nov 2020, 10:47
Bruxelas

Estas previsões macroeconómicas de outono da Comissão Europeia surgem em altura de segunda vaga de covid-19, com a economia a ser impactada pelo agravamento da situação sanitária

A Comissão Europeia prevê uma recessão menos acentuada em Itália este ano do que anteriormente previa, mas ainda projeta uma queda de 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB), esperando que o país só recupere totalmente depois de 2022.

Nas previsões macroeconómicas de outono, esta quinta-feira divulgadas, o executivo comunitário aponta que “Itália está a recuperar de um fosso profundo na produção” devido à covid-19, embora sublinhe que “a pandemia e as suas repercussões negativas persistem e pesam na atividade económica, especialmente nos serviços, durante o período em análise”.

É pouco provável que a recuperação seja suficiente para que a produção real regresse aos níveis pré pandémicos até 2022”, alerta a Comissão Europeia nestas projeções para Itália, que foi um dos países mais afetados pela primeira vaga de covid-19.

Assim, para 2020, Bruxelas antecipa agora uma recessão de 9,9% em Itália, o que representa uma melhoria face às anteriores previsões, as intercalares de verão divulgadas em julho, que falavam numa queda de 11,2% do PIB.

Nestas projeções esta quinta-feira publicadas, a instituição estima também uma recuperação mais lenta do que anteriormente previsto, com a economia italiana a crescer 4,1% em 2021 e a abrandar para 2,8% em 2022.

Estes dados comparam com estimativas de crescimento de 6,1% em 2021 nas previsões intercalares de verão.

Em 2021, um efeito de transição substancial deverá apoiar o crescimento da produção projetado em 4%, embora prejudicado pelo recente ressurgimento acentuado da pandemia e pela imposição das medidas de contenção”, contextualiza a Comissão Europeia.

Numa altura de pico de infeções na Europa devido ao ressurgimento dos casos, acompanhada também por grandes incrementos nas hospitalizações e nas mortes relacionadas com a covid-19, a Comissão Europeia salvaguarda que estas previsões “estão sujeitas a uma elevada incerteza e a riscos de abrandamento relacionados com a pandemia”.

No que toca ao desemprego, o executivo comunitário prevê taxas de 9,9% em Itália este ano, que deverão subir para os 11,6% em 2021 e para os 11,1% em 2022, acima da média da zona euro.

Queda do PIB alemão melhor que previsto apesar de "recessão histórica"

Bruxelas melhorou a previsão da contração da economia alemã, devendo o país registar este ano, ainda assim, uma “recessão histórica” de 5,6%, recuperando em 2021 e 2022.

Apesar da "recessão histórica" registada no primeiro semestre, as previsões de hoje são melhores, no entanto, que a estimativa de uma contração do PIB da Alemanha avançada no verão (-6,3%).

Por outro lado, o crescimento do PIB apontado para 2021 é revisto em baixa para os 3,5% nas previsões de outono face aos 5,3% avançados em julho.

Em 2022, a CE estima um abrandamento para os 2,6% do crescimento do PIB.

A Alemanha – a maior economia da zona euro - deverá registar este ano um défice orçamental de 3,4% do PIB, que deverá recuar para os 2,7% em 2021 e os 1,9% do PIB em 2022.

As previsões para a dívida pública, por seu lado, apontam para um peso de 71,2% este ano, recuando para os 70,1% em 2021 e os 69,0% do PIB em 2022.

A taxa de desemprego estimada para este ano é de -1,0%, fixando-se nos 0,2% em 2021 e 0,6% em 2022.

PIB britânico cai mais que esperado e afunda 10,3%

As estimativas sobre a economia do Reino Unido pioraram, passando a prever que o PIB britânico caia 10,3% este ano devido à covid-19, tendência contrária à da Europa, onde existem melhorias.

As previsões macroeconómicas de outono, antecipam que a economia britânica vá afundar 10,3% este ano, pior do que esperado nas projeções do verão (9,7%) e da primavera (8,3%).

Como consequência da pandemia de covid-19, prevê-se que o PIB do Reino Unido caia acentuadamente em 2020, impulsionado por uma grande queda na procura interna”, explica a instituição.

Também a recuperação deste antigo Estado-membro da UE, o Reino Unido, foi revista em baixa, passando agora a prever-se que o PIB britânico cresça 3,3% em 2021 e 2,1% em 2022.

Nas anteriores previsões económicas da instituição, do verão e da primavera, previa-se que a economia britânica crescesse 6% em 2021.

Espera-se que a recuperação em 2021 seja moderada, assumindo nesta previsão as relações comerciais UE-Reino Unido baseadas nas regras […] da Organização Mundial do Comércio a partir do início de 2021”, argumenta o executivo comunitário, numa alusão à possibilidade os blocos britânico e comunitário não chegarem a acordo sobre a sua futura relação pós-Brexit.

De acordo com a instituição, projeta-se também que o consumo privado no Reino Unido “impulsione a maior parte da recuperação em 2021”, devendo, porém, o investimento por parte das empresas “demorar mais tempo a recuperar devido aos efeitos a longo prazo da pandemia e à necessidade de adaptação às novas relações comerciais com a UE, significativamente menos benéficas”.

PIB de França recua 9,4% este ano e retoma crescimento em 2021

A economia francesa deverá contrair-se 9,4% este ano, devendo crescer 5,8% em 2021, prevê a Comissão Europeia, melhorando a estimativa para 2020 avançada no verão (-10,6%).

O PIB francês deverá cair 9,4% em 2020, estimando-se que cresça 5,8% em 2021 e 3,1% em 2022.

O PIB da França deverá diminuir acentuadamente em 2020. Apoiada por medidas fiscais destinadas a assegurar liquidez às empresas e a proteger o emprego em 2020 e pelo plano de recuperação em 2021 e 2022, a atividade económica deverá recuperar lentamente”, lê-se no documento.

A contração económica em 2020 deve-se à pandemia de covid-19, tendo o impacto do surto sido concentrado no segundo trimestre, devido às medidas de confinamento.

O desemprego deverá fixar-se nos 8,5% este ano, devendo a taxa agravar-se para os 10,7% em 2021 e fixar-se nos 10,0% em 2022.

Bruxelas agrava queda do PIB espanhol para 12,4% em 2020

Bruxelas está mais pessimista do que há quatro meses sobre a evolução da economia espanhola, prevendo uma contração do PIB de 12,4% em 2020, a maior de um Estado-membro da União Europeia.

A pandemia Covid-19 e as medidas rigorosas de confinamento aplicadas em Espanha para a conter têm levado a uma desaceleração sem precedentes na atividade económica este ano”, resume o executivo comunitário.

Bruxelas estima que o PIB espanhol irá cair 12,4% em 2020 (mais 1,5 pontos percentuais do que nas previsões de julho), crescer 5,4% em 2021 (menos 1,7) e 4,8% em 2022.

A queda do PIB no final do ano (12,4%), com o setor turístico espanhol a ser um dos que mais contribuiu para essa evolução, contrasta com a diminuição esperada de 7,8% para a média dos países da zona euro ou a de 7,4% na União Europeia.

Mesmo assim, a Comissão Europeia sublinha que “medidas para limitar a perda de postos de trabalho e apoiar o setor empresarial amorteceram o impacto” e prevê uma “forte recuperação” da produção no setor empresarial no segundo semestre do ano, advertindo que “a recuperação será desigual” entre setores.

Bruxelas realça ainda que “o aumento significativo” da taxa de desemprego este ano será “apenas parcialmente invertido” ao longo dos próximos dois anos.

Numa altura de incerteza por causa destas negociações comerciais, mas também impactada pela pandemia de covid-19, que está a ter um novo pico na Europa, Bruxelas estima que o desemprego no Reino Unido suba 5% este ano, devendo depois aumentar para os 7,3% em 2021 e para os 6,2% em 2022.

Estas previsões macroeconómicas de outono da Comissão Europeia surgem em altura de segunda vaga de covid-19, com a economia a ser impactada pelo agravamento da situação sanitária.

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