FPF responde aos capitães: «Nunca esteve prevista audiência prévia» - TVI

FPF responde aos capitães: «Nunca esteve prevista audiência prévia»

Sp. Espinho-Lourosa no Campeonato de Portugal

Organismo reagiu à carta dos 69 atletas do Campeonato de Portugal, sobre fundo de apoio, valor do prémio de qualificação para o Euro 2020 a ele alocado e apoio aos clubes da II Liga

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A Federação Portuguesa de Portugal (FPF) afirmou, em resposta à carta dos 69 capitães de clubes do Campeonato de Portugal (CP) enviada ao seu presidente, Fernando Gomes, que «nunca esteve prevista qualquer audiência prévia dos cerca de 300 clubes» para decidir as condições do fundo de apoio criado pelo organismo, reforçando que o mesmo aplica-se não só aos participantes no CP, mas a todos os clubes que competem nas provas da FPF.

«Estas medidas foram decididas como forma de apoiar os clubes num momento particularmente difícil e desenhadas para que o dinheiro chegasse a treinadores, jogadores e demais funcionários. As medidas aplicam-se não a uma competição (…) mas ao universo dos clubes que participam nas provas FPF», refere a resposta do organismo, através do diretor de competições e eventos, Carlos Lucas, na troca de correspondência eletrónica, lida pelo Maisfutebol.

Na primeira das três questões, os capitães questionaram o porquê de não ter havido uma reunião para «encontrar uma solução» e esclarecimento acerca do fundo de apoio, defendendo que o molde do mesmo «iria ser discutida pela FPF em reunião com os 72 clubes». Em seguida, sobre a verba do prémio de qualificação para o Euro 2020 ter sido «colocada na linha de crédito [ndr: o fundo] e não doada aos atletas amadores», o organismo aclarou que «a verba foi doada por jogadores, treinadores, dirigentes de topo da FPF e staff que participou no apuramento» e que «foi sua vontade que a verba fosse incluída num fundo que tem regras públicas e claras e que estabelece como forma de entrada a inexistência de dívidas aos jogadores».

Os atletas perguntaram ainda sobre o apoio dado pela FPF à II Liga «para melhorar infraestruturas», reclamando «uma ajuda deste tipo» para os clubes do CP. Na resposta respetiva, que data de segunda-feira, 11 de maio, a FPF refere que «decidiu permitir que os valores definidos para 2019/20 e 2020/21 pudessem ser utilizados pelos clubes para acorrer a dificuldades imediatas».

Na carta enviada a Fernando Gomes, os capitães de equipa tinham também colocado propostas para o futuro, no sentido de «proteger os atletas» do CP.  

Na mesma resposta, a FPF refere que reenviou a carta ao Sindicato dos Jogadores (SJPF) para a entidade liderada por Joaquim Evangelista tomar conhecimento da mesma.

Também na segunda-feira, mas em declarações ao Observador, o diretor técnico nacional da FPF, José Couceiro, afirmou que o que os capitães de equipa expressaram na carta só veio «reforçar o levantamento» feito pela FPF. «Há questões de defesa do jogador, clube, integridade da competição. Estamos a criar condições para melhorar», apontou.

Nesta altura, apurou o Maisfutebol, os jogadores estão a analisar possíveis novas medidas em sua defesa, na sequência da resposta à carta recebida no início desta semana.

Como funciona o mecanismo do fundo de apoio da FPF?

A 8 de abril, a FPF anunciou a criação de um fundo de apoio aos clubes de futebol e futsal, no valor de 4,7 milhões de euros, atualizado em pouco mais de um milhão, fruto da cedência da seleção nacional com metade do prémio de qualificação para o Euro 2020.

Na primeira época, os clubes que utilizarem o fundo terão de pagar 10 por cento do valor disponibilizado pela FPF, seguindo-se 25 por cento e 32 por cento, na segunda e terceira época, respetivamente. Só na última época é que os restantes 33 por cento, a fundo perdido, não são devidos à FPF pelos clubes se os mesmos cumprirem três requisitos: manterem, até à época 2023/2024, pelo menos o mesmo número de equipas ou escalões inscritos em 2019/2020, se exibirem comprovativo emitido pelo SJPF de que não foi acionado para o plantel o Fundo de Garantia Salarial e se o clube não tiver dívidas à FPF, treinadores ou jogadores em junho de 2024.

De acordo com o regulamento do apoio, os valores concedidos - pagos em duas prestações para os clubes que recorreram do mesmo – começa a ser enviado esta sexta-feira, 15 de maio. A segunda parcela está prevista para 15 de junho.

A resposta da FPF às 3 questões enumeradas na carta dos capitães do CP, lida na íntegra pelo Maisfutebol:

"Os Estatutos da FPF estabelecem que são sócios, entre outros, as organizações representantes dos agentes desportivos (ANTF, APAF, SJPF).

A Direção da FPF mantém diálogo constante com estas organizações, que representam treinadores, árbitros e jogadores.

Este diálogo é uma forma eficaz e profícua de garantir que os agentes desportivos são ouvidos nas decisões que dizem respeito ao futebol português.

Por isso, informamos desde já que a vossa carta será reenviada ao Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, para conhecimento.

Sem embargo, entendemos dever responder a algumas das questões levantadas.

1. Face ao impacto da pandemia COVID-19, a FPF tomou diversas medidas de apoio, todas divulgadas no site oficial. Entre elas estão o diferimento do pagamento de multas, lançamento de linha de crédito e de fundo de apoio às competições. Estas medidas foram decididas como forma de apoiar os clubes num momento particularmente difícil e desenhadas para que o dinheiro chegasse a treinadores, jogadores e demais funcionários. As medidas aplicam-se não a uma competição, como parece indiciar a vossa a pergunta, mas ao universo dos clubes que participam nas provas FPF. O modelo foi definido pela FPF e nunca esteve prevista qualquer audiência prévia dos cerca de 300 clubes.

2. A verba foi doada por jogadores, treinadores, dirigentes de topo da FPF e staff que participou no apuramento. Foi sua vontade que a verba fosse incluída num fundo que tem regras públicas e claras e que estabelece como forma de entrada a inexistência de dívidas aos jogadores.

3. Desde 2012 a FPF lançou diversos planos de apoio ao melhoramento das infraestruturas dos clubes não profissionais. Na época 2018/19 foi lançado um plano de apoio também para os clubes da II Liga – diversos, naturalmente, vindos do Campeonato de Portugal. Face à emergência que vivemos, a FPF decidiu permitir que os valores definidos para 2019/20 e 2020/21 pudessem ser utilizados pelos clubes para acorrer a dificuldades imediatas."

Artigo atualizado às 16h07

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