Amnistia internacional pede reconhecimento do massacre de Tiananmen - TVI

Amnistia internacional pede reconhecimento do massacre de Tiananmen

Comemorações do 23º aniversário do Massacre na Praça Tiananmen, China (LUSA)

«O apelo é para que os acontecimentos (de Tiananmen) sejam reavaliados, para que seja feita justiça às vítimas», afirmou Teresa Nogueira

A Amnistia Internacional apelou ao Governo chinês que reconheça a violação dos direitos humanos no massacre da praça Tiananmen, faça justiça às suas vítimas e não realize mais perseguições aos ativistas.

«O apelo é para que os acontecimentos (de Tiananmen) sejam reavaliados, para que seja feita justiça às vítimas e para que se deixe de perseguir e prender todos aqueles que agora estão a pedir a reavaliação dos fatos e justiça às vítimas», disse esta terça-feira, à Lusa, Teresa Nogueira, coordenadora do cogrupo da China da Amnistia Internacional (AI) de Portugal.

A 04 de junho de 1989, o exército chinês reprimiu os manifestantes que estavam concentrados há várias semanas na praça Tiananmen, em Pequim, pedindo mais liberdade política e de expressão e o fim da corrupção no país, entre outras reivindicações.

Segundo várias Organizações Não Governamentais morreram milhares de manifestantes enquanto o governo insiste apenas na morte de dezenas de estudantes.

A AI está a recolher assinaturas para uma petição sobre Tiananmen que será entregue ao Governo chinês até 12 de junho.

A organização não-governamental dos direitos humanos quer que o Governo chinês «reconheça e responsabilize os que cometeram as violações dos direitos humanos e indemnize as vítimas da repressão de 1989 e as suas famílias».

«O Governo chinês, com a proximidade dos 25 anos da repressão na praça Tiananmen, está a perseguir e prender dezenas de ativistas», disse Teresa Nogueira.

Entre os presos nas últimas semanas, de acordo com a coordenadora da AI, estão «o advogado de direitos humanos Pu Zhiqian, e a jornalista Gao Yu. Outros, como Ding Zilin, porta-voz do movimento das Mães de Tiananmen, foram colocados em prisão domiciliária».

«Os cidadãos chineses estão a protestar e também através da Internet. Apesar de ser censurada, as pessoas recorrem a servidores de Internet estrangeiros, sendo um meio muito utilizado pelas para denunciar as situações de corrupção e a falta de liberdade de expressão», disse Teresa Nogueira.

A ativista diz que as reivindicações de hoje são as mesmas de há 25 anos, pois «não houve mudanças no país» e as promessas de abertura política e o respeito pelos diretos humanos e liberdades civis ficaram por cumprir, mesmo que estes estejam previstos na Constituição chinesa.

«Há centenas de manifestações na China que não ficamos a saber, muitas em fábricas, devido às más condições de trabalho, que são amplamente reprimidas e abafadas», sublinhou.

A corrupção é um problema que continua a atingir a China e, a nível provincial, os governos estão a desalojar centenas de pessoas de suas casas e propriedades agrícolas para a construção de grandes complexos fabris e habitacionais, segundo a coordenadora da AI.

«Além de ganhar dos agentes promotores destes complexos, os políticos também querem apresentar números de crescimento e desenvolvimento ao governo central para conseguir benesses e promoções», acrescentou.

A coordenadora da AI também referiu o facto da repressão que existe nas regiões que pretendem autonomia, como o Tibete e a Mongólia.

Teresa Nogueira afirmou ainda que as manifestações de 1989 valeram a pena, pois promoveram a «consciencialização de muitas pessoas» para o que ocorria, de facto, na China.
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