Eurimages apoia «Morrer como um homem»

O novo projecto do realizador João Pedro Rodrigues, a longa-metragem «Morrer como um Homem», cuja rodagem tem início em Agosto, vai receber 240 mil euros do Fundo europeu de apoio à co-produção cinematográfica, Eurimages, escreve a Lusa.

De acordo com o site do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), o filme do realizador português é um dos 12 projectos seleccionados entre 29 candidaturas apreciadas na 111.ª reunião do Eurimages, realizada em Estrasburgo.

«Morrer como um homem» - uma co-produção entre Portugal (Rosa Filmes) e França (Les Films Pelléas) - conta ainda com o financiamento do ICA e da RTP, «além de um investimento de capital em participação do recentemente criado FICA» (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual), segundo o instituto.

O argumento desta terceira longa-metragem de João Pedro Rodrigues é baseado na história verdadeira de Tonia, um travesti veterano dos espectáculos de «drag queen» de Lisboa.

Para fazer o projecto, o realizador entrevistou travestis e transexuais durante meses para conhecer o seu mundo, mas, numa nota de intenções sobre o filme, o autor explica que não teve a preocupação de ser fiel a esses testemunhos.

«A escrita foi-se moldando às exigências da construção da ficção em diálogo com os géneros de comédia musical, melodrama e tragédia. As personagens desta ficção (tal como as histórias e relações entre elas) autoexcluíram-se ou foram excluídos de certos padrões da normalidade», argumenta o cineasta.

João Pedro Rodrigues assinala ainda que as pessoas que conheceu no meio «revelaram um desejo profundo de serem fiéis a si próprias, e de alcançar um equilíbrio entre o que mostram e o que sentem» e aqui surgem os pontos de conflito com as convenções sociais.

«Eu também queria, com esta história, contribuir para a visibilidade de outra identidade, em última análise uma outra forma de expressar a nossa humanidade», justifica o cineasta.

João Pedro Rodrigues, 40 anos, estreou-se no Festival de Veneza em 2000 com o filme «O Fantasma», e em 2005 foi galardoado com um Prémio de Pesquisa pela segunda longa-metragem «Odete», na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes.