«Espelho mágico», de Manoel de Oliveira, distinguido no Le Monde

O filme «Espelho mágico», de Manoel de Oliveira, dá a ver um cineasta «em perfeita osmose com o seu próprio universo, assombrado pelos rituais, as casas majestosas, os amores frustrados e a Imaculada Conceição», escreve esta quarta-feira o jornal francês «Le Monde», citado pela «Lusa».

Baseado no romance «A alma dos ricos», de Agustina Bessa-Luís, que o jornal descreve como «uma grande romancista portuguesa», «Espelho Mágico» estará em exibição a partir de quarta-feira em algumas salas de cinema de França.

Na opinião do crítico Jean-Luc Doin, o «tom» do veterano realizador português para contar a história do livro é o que lhe «convém» e se situa «entre Luis Buñuel e Raoul Ruiz: o de um certo onirismo, belas mulheres, raciocínios perversos e leituras impertinentes da Bíblia».

«'Espelho mágico' - anota Doin - leva-nos ao encontro de um director de prisão persuadido de que os criminosos são idealistas de ambições frustradas, e que cultiva cactos com a mesma devoção com que cultivaria rosas».

Há no filme, no dizer do crítico, «ironias (entre as classes modestas) e tormentos mortais (entre os senhores) e muitos espelhos, onde se reflectem tanto os criados como a sua patroa, à espera do fantasma, de um mundo paralelo».

Leonor Silveira, Ricardo Trepa, Luís Miguel Cintra, Michel Piccoli e Marisa Paredes integram o elenco.