EFF: «Tetro», de Francis Ford Coppola, esgotou duas sessões - TVI

EFF: «Tetro», de Francis Ford Coppola, esgotou duas sessões

Francis Ford Coppola

Realizador falou sobre «Tetro», contou como gere os custos das suas produções e ainda comentou os avanços tecnológicos no cinema

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Francis Ford Coppola marcou presença este Domingo no Centro de Congressos do Estoril para um encontro com o público logo a seguir à projecção do seu mais recente filme, «Tetro». De acordo com a organização do Estoril Film Festival, foram vendidos cerca de 600 bilhetes para a antestreia nacional da película, o que obrigou ao agendamento de uma sessão extra para a 00:00, também ela rapidamente esgotada.

Perante uma sala completamente lotada, o realizador norte-americano falou sobre o carinho que nutre por este filme, que, além de «pessoal», «é tudo aquilo que sempre quis fazer». Quando questionado sobre os riscos que correu ao avançar com uma película rodada a preto e branco e com um toque tão familiar, o também produtor e argumentista não se faz rogado e argumentou: «Os filmes têm de correr riscos» e, além disso, «preto e branco não é só abstenção de cor». Para o cineasta é sinónimo de belo. E mais uma vez Coppola não se cansou de repetir que tudo aquilo que faz fá-lo de coração e com «entusiasmo», pegando numa inspiração pessoal e juntando-a ao facto de se sentir «apaixonado» pelo que está a fazer.

No entanto, noutros aspectos o realizador não ousa arriscar tanto, especialmente no que toca a custos de produção. Coppola confessou que ter escolhido Buenos Aires, na Argentina, para rodar «Tetro» foi, sem dúvida, uma boa opção, uma vez que os gastos são muito mais reduzidos. O mesmo acontece quando tem de escolher actores para integrarem o elenco dos seus filmes. «Na minha carreira nunca estive em posição de trabalhar com as grandes estrelas porque é muito dispendioso», assume o cineasta, que costuma realizar todo o tipo de castings para encontrar bons actores, «que sejam eles próprios», mas «que dêem o seu melhor».

Sobre as alterações que se começam a verificar no mundo cinematográfico, Coppola também teve uma palavra a dizer. O produtor e argumentista mostrou-se decidido a acompanhar as mudanças, mas está convicto de que nem os efeitos especiais nem o 3D serão a solução para o «cinema maleável» que hoje temos. «O cinema é uma língua e a língua muda», ou seja, também a «linguagem do cinema é afectada pela tecnologia», concluiu.

Francis Ford Coppola estreou-se no cinema no início dos anos 60 e «Dementia 13» (1963) foi o seu primeiro filme como realizador. «O Padrinho» (1972) e «Apocalypse Now» (1979) são alguns dos sucessos que fizeram dele um dos maiores cineastas mundiais, com duas Palmas de Ouro conquistadas no Festival de Cannes e cinco Óscares da Academia arrecadados. Há dois anos o Estoril Film Festival também teve em antestreia nacional um filme de Coppola, «Youth Without Youth», mas nesta terceira edição contou com a presença do realizador, pela primeira vez em Portugal, e o resultado não poderia ter sido melhor.
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