«Almodóvar demorou 20 anos a perdoar-me» - TVI

«Almodóvar demorou 20 anos a perdoar-me»

Melanie Griffith, Antonio Banderas e Faye Funaway no Festival de Cannes (Lusa/EPA/GUILLAUME HORCAJUELO)

Antonio Banderas diz que realizador considerou uma traição a sua ida para Hollywood

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O actor Antonio Banderas, protagonista do último filme de Pedro Almodóvar, «A pele que habito», disse que este trabalho do realizador espanhol funcionou como o «perdão» do cineasta que considerou uma traição a sua ida para Hollywood, noticia a agência Efe.

«Ele criou-me, em certo sentido eu era algo seu. Viu a minha partida como uma traição e precisou de tempo para me perdoar», refere Antonio Banderas em declarações publicadas no «Jornal de Domingo», antes da estreia do novo filme em França, marcada para quarta-feira.

O actor espanhol acrescentou que ainda que ainda que nestas décadas tenham falado pelo telefone e encontrado com «regularidade» as trajectórias profissionais dos dois foram marcadas por desencontros.

Em 1991, quando Almodóvar lhe propôs que entrasse em «Kika», Banderas acabara de ser convidado para o filme «Os reis do mambo». E Almodóvar não aceitou bem a recusa de Banderas em integrar o elenco de «Kika».

«Teve palavras muito duras: Hollywood vai arrasar-te, vais desbaratar o talento. Eu avisei-te», disse banderas, citando os avisos que Almodóvar lhe fez na altura.

Sublinhou porém nunca ter guardado qualquer rancor a Pedro Almodóvar, considerando-o um «génio que revolucionou o cinema». «Gosto muito dele e sempre gostarei», indicou.

Segundo o diário, ambos queriam reencontra-se a nível profissional mas algo sem interpunha entre eles.

«Em 1998, na antestreia de «A máscara de Zorro» disse-me: Vais tornar-te tão caro que não poderemos voltar a trabalhar juntos. Tinha encontrado a desculpa perfeita, mas com o tempo tornou-se mais razoável e o desejo de fazer bons filmes foi mais forte que outra coisa», disse.

Em «A pele que habito», Almodóvar ofereceu-lhe um papel diferente do que o actor malaguenho estava habituado.

«Trata-se de um psicopata, mas Pedro deixou logo muito claro que não queria que eu interpretasse um monstro, não queria nada ao estilo de Hollywood», disse Banderas, acrescentando que o realizador espanhol o avisou imediatamente que desta vez tinha que ser «subtil».

Pedro Almodóvar «empurrou-me para um estilo que não era o meu, fez-me superar limitações e explorar o meu lado obscuro, encontrei a mesma excitação que nos primeiros filmes, o mesmo desejo de Pedro surpreender, de fazer o melhor de forma diferente. Em resumo, envelhece mas não muda», concluiu.

«Labirinto de paixões» (1982), «Matador» (1986), «A lei do desejo» (1987), «Mulheres à beira de um ataque de nervos» e «Ata-me!» (1990) são alguns dos filmes do início de carreira de Banderas realizados por Almodóvar.
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