IndieLisboa: a festa do cinema contra a corrente faz dez anos - TVI

IndieLisboa: a festa do cinema contra a corrente faz dez anos

IndieLisboa 2013

Dizem que «Hollywood está a ficar sem ideias». E propõem alternativas desde 2004. A 10ª edição arranca nesta quinta-feira

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O mote («Hollywood está a ficar sem ideias») é provocador e vai direto ao assunto. O IndieLisboa, festival de cinema independente cuja décima edição arranca nesta quinta-feira, propõe desde 2003 a valorização de autores e conceitos de cinema alternativos à lógica comercial «mainstream». Há vários indicadores que permitem falar de um sucesso contra a corrente. A começar pela ocupação de salas durante o festival, que em no último ano foi superior a 60 por cento, num país que registou a maior quebra de afluência do público em toda a Europa (12% em 2012).

Dado significativo: entre curtas e longas-metragens, há 48 filmes portugueses nos 250 títulos que nos próximos dez dias vão ser exibidos em quatro cinemas (São Jorge, Culturgest, Cine Classic Alvalade e Cinemateca). Um número encorajador para virar a página sobre um ano de 2012 sem apoios financeiros públicos ao cinema nacional.

O Indie conta, desta vez, com dois títulos portugueses («A Batalha de Tabatô», de João Viana e «Lacrau» de João Vladimiro) na competição internacional de longas-metragens e outros quatro para além desses na competição nacional: «Bobô», de Inês Oliveira, «Campo de Flamingos sem Flamingos», de André Príncipe, «Um Fim do Mundo», de Pedro Pinho e «É o Amor», de João Canijo. Este último, exibido já nesta sexta, na Culturgest (21.30 h), assinala o regresso às salas do realizador, após o sucesso de «Sangue do Meu Sangue».

Ainda antes da estreia comercial, no dia 25, deste filme rodado nas Caxinas, e que cruza documentário e ficção, João Canijo e a atriz Anabela Moreira vão participar num debate sobre «A individualidade na representação», (3ª feira, 23) numa das muitas iniciativas paralelas inseridas nas LisbonTalks.

Veja aqui o programa completo do Indie Lisboa

Num festival que, por definição, não procura estrelas, há, ainda assim, espaço para nomes mais reconhecidos do circuito alternativo. É o caso de Richard Linklater, que com «Before Midnight» (exibido no sábado, 27) encerra a trilogia de culto formada por «Before Sunset» e «Before Sunrise», desta vez com Ethan Hawke e Julie Delpy em deambulação pela Grécia. Ou do autor de «Tony Manero», o chileno Pablo Larraín, cujo filme «No», que aborda os últimos tempos da era Pinochet no Chile, será exibido de sessão de abertura, nesta quinta-feira.

Estes, e outros títulos de maior projeção internacional, integram a secção «Observatório», onde se incluem obras do filipino Brillante Mendoza («Thy Womb»), dos norte-americanos Noah Baumbach (autor de «Mr. Greenberg» e «A Lula e a Baleia») e Harmony Korine (argumentista de Kids, e realizador de um muito aguardado «Spring Breakers»), ou do alemão Werner Herzog («Death Row», documentário em duas partes sobre a pena de morte nos Estados Unidos). O 10º Indie vai dedicar também uma atenção especial ao autríaco Ulrich Seidl, de quem serão exibidos seis documentários, a pretexto da triologia «Paradies», concluída já em 2013.

Outra caraterística do Indie, a ligação à música, é assegurada na secção Indie Music, com a exibição de documentários sobre artistas tão diversos como Antony and The Johnsons, Rolling Stones, Paul Simon, o movimento disco, ou a canadiana Peaches, que no sábado, dia 20, após a exibição do documentário «Peaches Does Herself» dará seguimento ao concerto dos Linda Martini no Ritz Clube, palco principal das iniciativas musicais que vão enquadrar o festival.

Como habitualmente, o IndieLisboa terá também uma secção especialmente forte destinada ao público mais jovem, o IndieJúnior, que em 2012 foi responsável por quase um quarto do total de 34 mil espectadores. Também aqui a aposta é no cinema alternativo, por contraste com os «blockbusters» da Pixar que dominam a oferta comercial no resto do ano., mantém uma coerência com a linha geral do festival, reforçada pelos workshops e ateliês para espectadores entre os 3 e os 15 anos.
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