«Mahjong», o retrato da maior «Chinatown» portuguesa - TVI

«Mahjong», o retrato da maior «Chinatown» portuguesa

«Mahjong»

Filme de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata estreia no festival Curtas Vila do Conde

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O «Mahjong», que estreia esta segunda-feira no Festival Internacional de Curtas Metragens de Vila do Conde, pretende fazer o «retrato da maior Chinatown do país», adiantou à Lusa um dos realizadores da película.

Para João Pedro Rodrigues, que trabalhou em parceria com João Rui Guerra da Mata, o filme rodado, sobretudo, à noite, apresenta «o deserto solitário e misterioso» que é a zona industrial da Varziela, em Vila do Conde, onde reside e trabalha a maior comunidade chinesa em Portugal.

A película aspira passar a mensagem de que «tudo o que de mal acontece no nosso país, não é culpa dos chineses», sublinhou João Pedro Rodrigues que reconhece, no entanto, a «dificuldade de filmar e "entrar" no seio de uma comunidade muito fechada».

Um homem de chapéu e uma mulher desaparecida que, a par com um sapato perdido num incêndio e alguns objetos orientais, são os ingredientes desta ficção que nos transporta para o mistério de uma comunidade que insiste em manter as suas raízes.

Uma das curiosidades desta fita são as sonoridades que se registam ao longo da trama que dura mais de 30 minutos.

O som das pedras do mahjong, um jogo tradicional chinês, é uma constante e é justificado por João Pedro Rodrigues como uma «vertigem, porque tudo gira à volta de um ruído produzido pelo baralhar das pedras».

E essa sonância faz com que, à medida que o tempo passa, o mistério se adense e suba o tom policial que também arrasta consigo uma mensagem de amor e de drama.

MAHJONG (trailer) from Curtas CRL on Vimeo.



Os meios utilizados na realização e produção desta película foram «escassos», assegurou João Pedro Rodrigues que, ainda assim, está convicto que as poucas pessoas que trabalham em «Mahjong» fizeram um «excelente trabalho».

E um excelente trabalho é também todo aquele que tem sido feito ao longo destes 21 anos pela equipa que realiza o Curtas, porque já arrecadou o Óscar do festival «mais importantes, não só de Portugal, mas do mundo», considerou ainda.

«Tem um programa radical, exigente e incita ao trabalho que, noutras condições, seria impossível concretizar», frisou João Pedro Rodrigues.

Além disso, prosseguiu, é um evento que se «desmultiplica», ao criar vários cenários dentro do mesmo espaço, promove a «discussão cinematográfica», ao catapultar «valores singulares», e apresenta-se como um «desafio frutuoso» para quem nele participa de forma direta ou indireta.

Apesar de não conseguir adivinhar qual será, este ano, o sucesso do festival, devido ao «ambiente negativo que nos rodeia e à falta de apoios», João Pedro Rodrigues destaca o facto de, no imediato, a «excelente equipa que organiza o Curtas» já ter conseguido «que se trabalhe e que se façam filmes». «Até quando? Isso é que é uma incógnita», concluiu.
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