Será certamente um dos filmes mais únicos dos que vão ser exibidos neste IndieLisboa. E dizer que este não é um filme qualquer não obriga a considerá-lo gradualmente em relação a outros, ou vice versa. «The Ballad of Genesis and Lady Jaye» simplesmente é assim, como não o é a maioria. E é nessa sua condição única que tem de ser visto.
Mas, primeiro que tudo, visto. O resto sucede-se-lhe.
Esta biografia sobre duas pessoas que se querem fundidas numa é conduzida por uma primeira pessoa. Mas o seu sentido só pode ser concebido em função da fusão com a outra. Genesis P-Orridge é o narrador do filme e um dos protagonistas, mas também o é Lady Jaye. E ainda outra, na forma da sua sublimação.
Marie Losier não mostra o protagonista vivo que conta esta vida de amor, ou a protagonista que já morreu numa colecção ou sucessão de depoimentos ou imagens que retratem o que viveram. O que vemos, mais do que contado numa primeira pessoa que vai nos revelando o objecto entre palavras ditas ou arquivos que contextualizam, é-nos mostrado de uma forma - às vezes tão plástica, de um ponto de vista artístico da concepção - que, quanto menos correspondente aos cânones se exibe, mais evidente se torna.
A leitura que a realizadora francesa consegue fazer do que está a compor filmicamente é tão mais exacta quanto mais nos surpreende quer visual quer conceptualmente. E é nessa raridade vista que a leitura deste casal que se queria amar enquanto um só ente não podia ser mais clara para o espectador.
«The Ballad of Genesis and Lady Jaye», Marie Losier
Às 21h30 no São Jorge 3
Repete dia 9, às 21h45 no São Jorge 1
IndieLisboa: a forma única de filmar um amor único
- Redação
- Pedro Calhau
- 7 mai 2011, 09:51
«The Ballad of Genesis and Lady Jaye», por Marie Losier
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