«A Serbian Film» gera polémica e pode dar prisão - TVI

«A Serbian Film» gera polémica e pode dar prisão

Cinema (arquivo)

Director do Festival de Sitges está acusado de promover pronografia infantil

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O filme «A Serbian Film», do sérvio Srdjan Spasojevic, continua envolvido em polémica e a última já se tornou num caso de tribunal. A procuradoria de Barcelona acusou o Festival de Sitges e o seu director, Ángel Sala, de promoção de pornografia infantil pela exibição do filme na última edição do certame (em Outubro do ano passado).

O Ministério Público espanhol, noticia a agência Lusa, considera que duas cenas do filme poderão ultrapassar a legalidade: uma com a violação de um recém-nascido e outra de sexo com uma criança de cinco anos. Ángel Sala está assim a responder pela violação do artigo 189.7 do Código Penal espanhol, que condena com pena de três meses a um ano de cadeia ou multa quem «produza, venda, distribua, exiba ou facilite por qualquer meio material pornográfico em que, não tendo sido utilizados directamente menores ou incapacitados, se utilize a sua voz ou imagem alterada ou modificada».

Uma dezena de directores de festivais espanhóis já reagiu assinando uma carta de apoio a Sala na qual apelidam o comportamento da procuradoria de Barcelona como um «retrocesso» a épocas de «censura contra a liberdade de expressão e de programação cultural» que acreditavam que «pertenciam à História».

O comunicado manifesta «surpresa» por a acusação colocar a responsabilidade num programador cultural e não nos responsáveis pelo conteúdo (realizador e produtores) frisando os subscritores que «A Serbian Film» já foi projectado nos «mercados de cinema mais prestigiados do mundo» como Cannes e o American Film Market, na Califórnia.

Em Londres, porém, o Festival da capital inglesa excluiu o filme de Spasojevic, pois o Conselho Britânico para a Classificação de Filmes exigia que houve 49 cortes (num total de quatro minutos) para que o filme pudesse ser exibido.

Ainda esta semana, «A Serbian Film» pôde ser visto no Fantasporto 2011, festival onde o filme sérvio venceu o Prémio Especial do Júri. O director do festival português, Mário Dorminsky, considera a situação da acusação «perfeitamente surrealista».

«O director do Festival de Sitges, como o director de qualquer festival que exibiu o filme, tem a nossa solidariedade porque está a exibir uma obra cinematográfica e não pornografia infantil», disse Dorminsky à Lusa.

Sobre as duas cenas que estão na mira da procuradoria de Barcelona, Dorminsky sublinhou que «há o lado de sugestão mas não há visualmente nada» e considera o filme uma «parábola sobre o que foi a completa loucura da vivência dos sérvios aquando da guerra na Jugoslávia».

«O que acontece é que há um tratamento cinematográfico exemplar. É um filme de muita qualidade, mas que, tendo em conta o seu conteúdo, é extremamente difícil de digerir. Se me perguntarem se quero ver duas vezes, não quero!», acrescentou Dorminsky sublinhando que em Portugal não houve qualquer protesto ficando demonstrado que este é um país que «tem liberdade de expressão, sem censura».

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