Produtores e realizadores denunciam "rutura financeira" do ICA - TVI

Produtores e realizadores denunciam "rutura financeira" do ICA

Sala de cinema (Reprodução)

Projetos em risco. Em causa estão compromissos de pagamentos, que rondam um total de quatro milhões de euros

Cerca de 40 produtores e realizadores de cinema denunciaram esta terça-feira uma situação de "rutura financeira" no Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), pondo em risco os próximos meses de rodagem, produção e finalização de projetos de cinema.

Em causa estão compromissos de pagamentos a produtoras de cinema, por parte do ICA, que rondam um total de quatro milhões de euros, no âmbito dos concursos de apoios financeiros, explicou à agência Lusa Pedro Borges, um dos produtores que assinou o comunicado de denúncia hoje divulgado.

"Porque as verbas existem, estão é bloqueadas pela necessidade de autorizações e decisões formais", decisões que "envolvem o Ministério das Finanças, a Direcção Geral do Orçamento e a Anacom", lê-se no comunicado assinado por cerca de 40 produtores e realizadores.

A agência Lusa tentou nos últimos dias obter mais esclarecimentos junto do ICA e da Direção-Geral do Orçamento, não tendo obtido ainda qualquer resposta.

Esta ausência de pagamento por parte do ICA terá implicações nos próximos meses, porque muitos dos produtores e realizadores têm já calendários de rodagens de novos filmes, produção ou finalização de outros projetos.

"É um setor frágil, há pessoas que trabalham à semana e se comprometeram com coisas, vamos supor, até fevereiro, e se não houver dinheiro, ficam sem receber. Há de facto situações graves", disse Pedro Borges à agência Lusa.


O comunicado é assinado por produtores como Luís Urbano, Joana Ferreira e Abel Ribeiro Chaves, e por realizadores como João Canijo, Pedro Costa, Zezé Gamboa e Susana Nobre.

Caso a situação não se resolva nas próximas semanas, "o resultado será a falência de inúmeras empresas produtoras, a destruição dos projetos, o desemprego de um número imprevisível de técnicos e atores", alertam, em comunicado.

Ana Pereira, da Jumpcut, é uma das produtoras que tem pagamentos em atraso por parte do ICA. Em declarações à agência Lusa contou que "não há razões objetivas para que o ICA não pague. Já falei com a Direção-Geral do Orçamento e também não veem razões para atrasos. É uma vergonha".

Pedro Borges sublinhou a "situação de absurdo que dura há pelo menos duas semanas": "Andam a querer disfarçar o défice, mas no caso do cinema isso nem faz sentido porque estamos a falar de dinheiro quevem da cobrança de taxas e que estão consignadas nas receitas do ICA".

Com aquele comunicado, os produtores e realizadores de cinema pediram ainda uma reunião de urgência com a tutela da cultura, agora novamente com Ministério, que conta com João Soares como ministro da Cultura e Isabel Botelho Leal como secretária de Estado.
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