Portugal prevê arrecadar quase 24 milhões com rodagem de filmes - TVI

Portugal prevê arrecadar quase 24 milhões com rodagem de filmes

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  • 4 nov 2018, 18:10

São 14 os projetos já aprovados. Números são adiantados pelo Ministério da Cultura na véspera do Dia Mundial do Cinema. Descubra sete filmes estrangeiros rodados em Lisboa

Os 14 projetos já aprovados, no âmbito dos incentivos à captação de filmagens em Portugal, preveem um investimento total de 23,7 milhões de euros no país, disse hoje à Lusa fonte oficial do Ministério da Cultura.

Até agora - e incluindo os pedidos que deram entrada em 2017, com o anterior regime fiscal – foram já aprovados incentivos a 14 projetos, que incluem produções dos EUA, Índia, Brasil, Portugal ou Itália, e várias coproduções de Portugal e França, ou Portugal, Espanha e França", correspondendo a "um investimento total de 23,7 milhões de euros, em filmagens em Portugal".

Os números são avançados na véspera do Dia Mundial do Cinema e cerca de um mês após a publicação em Diário da República do regulamento do Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual, que enquadra a concessão destes incentivos.

De acordo com o diploma publicado em 28 de setembro, a adaptação de literatura portuguesa, a rodagem em locais e em estúdios portugueses, a existência de realizadores premiados e a participação maioritária de mulheres, nos projetos, são requisitos valorizados nas candidaturas a este fundo.

Criado pelo Governo, e em vigor deste junho, o Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual tem um capital de 30 milhões de euros e uma dotação global que poderá permitir a extensão aos 50 milhões, até 2022, "em função da sua execução e da avaliação do seu impacto".

Para 2018, "o incentivo à produção cinematográfica e audiovisual e à captação de filmagens internacionais, para Portugal", tem uma dotação anual máxima de dez milhões de euros.

A partir do próximo ano, e até 2022, segundo fonte do Ministério da Cultura, o regime prevê uma dotação anual de 12 milhões de euros.

A candidatura ao fundo implica que seja feito um investimento mínimo de 500 mil euros em território nacional, no caso de filmes rodados em Portugal, e de 250 mil euros, no caso de trabalho de produção.

Segundo a regulamentação, o montante máximo de apoio por cada produção é de quatro milhões de euros, e "são unicamente admitidos projetos de obras que tenham distribuição internacional".

É permitido que os projetos apoiados também tenham outros "auxílios estatais", mas a soma do incentivo "não pode superar 50 por cento dos respetivos custos de produção".

O Governo português considera este fundo "um dos mais competitivos da Europa", ao permitir um reembolso "até 30% das despesas em projetos de elevado impacto económico e/ou cultural" e ao estabelecer "um prazo máximo de 20 dias úteis para a apreciação dos pedidos".

A concessão de apoios é realizada por decisão conjunta do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) e do Turismo de Portugal.

O Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual tem um conselho consultivo presidido pelo Turismo de Portugal, com representações do ICA, do Ministério das Finanças e de uma personalidade a designar pelo Governo.

A entidade gestora do Fundo terá de fazer uma avaliação até dezembro de 2022, antes de se decidir se este será ou não renovado.

O anterior regime, em vigor em 2017, previa, essencialmente, uma dedução à coleta de 20% a 25% das despesas elegíveis, realizadas em Portugal, para a produção de obras cinematográficas de longa-metragem.

Sete filmes estrangeiros rodados em Lisboa

Meryl Streep, Johnny Depp e Jeremy Irons estão entre os atores que já vieram trabalhar a Portugal. A capital portuguesa possui uma luz ótima para filmagens e atrai cada vez mais realizadores. Descubra sete filmes estrangeiros rodados em Lisboa.

1. 007 – Ao Serviço de Sua Majestade (1969)

Sean Connery fez um intervalo de ser James Bond (lá voltaria mais duas vezes) e a produção e o realizador, Peter R. Hunt, acharam por bem filmar em Lisboa. Escolheram George Lazenby para protagonista de uma película que apresenta o Guincho, a Quinta do Zambujal, perto de Setúbal, Cacilhas e umas partes do Ribatejo. Mas é na Joalharia Ferreira Marques, no Rossio, em Lisboa, e no esplendor do Hotel Palácio, no Estoril que melhor se apresenta a modernidade, o luxo e o cosmopolitismo salazarista.

 

2. A Cidade Branca (1983)

Quem já ouviu falar na luz da cidade branca, mesmo sem saber, ouviu-a a propósito do filme de Alain Tanner. Apaixonado pela luz e pelo casario, o realizador suíço usou o lado terceiro-mundista da cidade para filmar o amor amalucado entre as personagens interpretadas por Bruno Ganz e Teresa Madruga.

 

3. A Casa da Rússia (1990)

Quem passou pelo Príncipe Real nos dias em que a equipa de A Casa da Rússia ali filmou dificilmente reconheceria Lisboa. No entanto, a capital, vista de maneira uma bocadinho turística, com tantos monumentos à vista, é cenário essencial do trama do filme, pois aqui se refugia a figura central, o editor inglês Barney Blair, isto é, Sean Connery a fazer de espião reformado.

Inspirado na obra homónima de John Le Carré, com a Guerra Fria por pano de fundo e uns documentos secretos em jogo, o filme foi realizado por Fred Schepisi e, ao lado de Connery, está Michelle Pfeiffer.

 

4. A Casa dos Espíritos (1993)

Meryl Streep, Jeremy Irons, Glenn Close, Winona Ryder e Antonio Banderas protagonizam este filme do realizador Bille August, que adaptou o romance de Isabel Allende.

As desventuras da família Trueba passam-se nos Andes, do lado do Chile, porém grande parte das filmagens foram feitas em Lisboa e no Monte das Três Marias, em Vila Nova de Milfontes, no Alentejo.

 

5. Viagem a Lisboa (1994)

Wim Wenders já tinha filmado a Praia Grande, em Sintra. E voltou para dirigir Viagem a Lisboa (e mais vezes havia de voltar), com o objetivo de mostrar ao mundo a capital através de uma ficção de “qualidade”.

E assim um engenheiro de som alemão que vem ajudar um realizador entretanto desaparecido encontra os Madredeus. E assim se apaixona por Teresa Salgueiro, com quem tem conversas lírico-amorosas-platónicas, troca filosofias com Pedro Aires de Magalhães. E no filme também lá está Manoel de Oliveira a fazer de Charlot.

 

6. A Nona Porta (1999)

O Éden de Byron, em Sintra, é cenário bastante adequado a uma história que mete uma sociedade secreta e que Roman Polanski foi buscar a Clube Dumas, o romance de Arturo Pérez-Reverte, onde o escritor espanhol criou personagens obcecadas por certos clássicos literários com uma especial predileção pela obra de Alexandre Dumas. É por isso que Johnny Depp, quer dizer a personagem que interpreta, pode ser visto no Hotel Central, na Estrada da Pena ou a passear-se pelos salões do Chalet Biester.

 

7. Comboio Noturno para Lisboa (2013)

Vinte anos depois de Casa dos Espíritos, o realizador Bille August regressa a Portugal e a Lisboa e, por conta de um professor obcecado com um livro sobre a resistência ao fascismo, filma a Igreja da Cartuxa, em Caxias, o Cais de Belém e a Estação de Santa Apolónia, o Cemitério dos Prazeres ou um bar, na Bica, para o caso feito mercearia, enquanto se perde entre ruelas e miradouros e jardins como um turista fascinado.

Jeremy Irons é o professor e protagonista, mas atores portugueses como Beatriz Batarda, Nicolau Breyner e Marco d’Almeida não deixam de ter papéis relevantes.

 

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