O festival, na sua segunda edição, volta a fazer parte da programação das Festas de Lisboa, e tem por objetivo, segundo a organização, "homenagear e dar a conhecer" a primeira mulher portuguesa, que assumiu a realização de um filme, falecida em março deste ano.
“A importância desta obra na história do cinema português é grande, não só por ser a primeira ficção realizada por uma mulher, como pelo facto de ter sido a única produção feminina até 1976”, na produção nacional, realça a mesma fonte.
A primeira longa-metragem de Bárbara Virgínia, intitulada "Três dias sem Deus", foi selecionada para a primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 1946, a par de “Camões”, de Leitão de Barros, tornando-se a primeira mulher a apresentar um filme no certame francês.
A homenagem faz parte da programação complementar do Festival, que este ano apresenta, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, cerca de uma trintena de filmes realizados por mulheres de doze países do Mediterrâneo: Bósnia-Herzegovina, Egito, Espanha, França, Grécia, Israel, Líbano, Malta, Palestina, Portugal, Turquia e Tunísia.
A produção portuguesa ocupa um terço do programa deste ano, que se divide em quatro sessões de curtas-metragens e oito sessões de longas-metragens, envoltas "numa diversidade de temáticas, géneros e olhares".
Este ano, os espetadores são chamados a escolher o filme da sua preferência, para atribuição do Prémio do Público, que será entregue pela jornalista Maria João Seixas, ex-presidente da Cinemateca Portuguesa, embaixadora do Olhares do Mediterrâneo 2015. Será também atribuído um Prémio do Júri para a Melhor Longa-metragem e para a Melhor Curta.
A exposição "Bárbara Virgínia – primeira realizadora portuguesa" apresenta, pela primeira vez, em fotografia e vídeo, uma recolha de documentos e testemunhos de Bárbara Virgínia, nome artístico de Maria de Lourdes Dias Costa, enquanto realizadora e artista.
A mostra estará patente no Cinema São Jorge e revela a “artista multifacetada que, nos anos 40 do século XX, participou em programas de rádio, fez recitais de canto e poesia, e foi atriz".
A homenagem à realizadora é complementada, no sábado, às 18:00, com a mesa redonda “À Conversa sobre Bárbara Virgínia”, que conta com as presenças de Ana Mafalda Reis, da organização do festival, Helena Matos, colaboradora do jornal Observador, Luísa Sequeira, jornalista e realizadora, e ainda do investigador Wiliam Pianco e de Tiago Baptista, conservador da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.
À celebração do cinema feminino junta-se um conjunto de atividades em torno do cinema e da cultura mediterrânica: música, artes performativas, debates e conversas, exposições, ateliês de cinema para crianças, "workshops" de criação coreográfica e de dieta mediterrânica, como escreve a Lusa.