Depois dos #OscarsSoWhite, a representatividade foi a grande vencedora deste ano - TVI

Depois dos #OscarsSoWhite, a representatividade foi a grande vencedora deste ano

Numa das cerimónias mais diversas da história da Academia, foram ultrapassadas algumas barreiras, sobretudo no que diz respeito à equidade

Depois de anos em que a hashtag #OscarsSoWhite era um dos assuntos do momento para classificar a cerimónia dos Óscares, a edição deste ano parece ter dado um grande passo na luta pela representatividade.

Os nomeados deste ano são alguns dos mais diversos da história, com duas mulheres (Chloé Zhao, de Nomadland, e Emerald Fennell, de Promising Young Woman) indicadas como Melhor Realizador, e nove dos 20 pré-selecionados para prémios identificando-se como pessoas de cor.

Chloé Zhao tornou-se na primeira asiática e a primeira não caucasiana a vencer um Óscar na categoria de Melhor Realizador. É também a segunda mulher a ganhar um Óscar de realização, em mais de 90 anos de Academia. Youn Yuh-jung foi a primeira atriz coreana a vencer um Óscar. E treze anos depois, uma mulher voltou a vencer a categoria de Melhor Argumento Original, com 'Promising Young Woman', de Emerald Fennell.

De recordar que, no ano passado, a Academia de Hollywood afirmou que ia abordar a preocupante falta de diversidade entre os nomeados e os membros da academia. O anúncio foi feito dias após a morte de George Floyd, cujo assassinato por um polícia de Minneapolis gerou uma onda de protestos Black Lives Matter em todo o mundo.

Regina King cita condenação de Derek Chavin

Ainda mal tinha começado e foi logo um dos pontos altos da noite. Vencedora do Óscar de melhor atriz secundária em 2019, Regina King abriu a cerimónia da edição de 2021 com um forte discurso sobre o racismo nos Estados Unidos e George Floyd.

Lamentando a morte de milhares de negros nos últimos anos, a atriz citou o veredicto em Minneapolis, que condenou o ex-polícia  Derek Chauvin à prisão, pela morte de George Floyd.

Nós lamentamos a morte de muitos e, para ser honesta, se as coisas tivessem acontecido de forma diferente [no tribunal], eu trocaria os meus saltos altos de hoje por umas botas para marchar. Agora, eu sei que muitos nos estão a assistir para ver alguém de Hollywood falar sobre vocês.  Mas como mãe de um filho negro, eu conheço o medo que muitos sentem. Não há fama ou fortuna que mude isso", começou por dizer.

A plateia respondeu com aplausos, confirmando o seu apoio ao discurso de Regina King. Mas a atriz não foi a única a invocar um discurso político nesta cerimónia.

Também Sergio Lopez-Rivera, Mia Neal e Jamika Wilson abordaram o tema ao receberem o prémio de Melhor Cabelo e Maquilhagem.

Neal e Wilson são as duas primeiras mulheres negras a ganhar o Óscar, com Neal a discursar sobre quebrar barreiras enquanto subia ao pódio.

Quero agradecer aos nossos antepassados que muito trabalharam. Que foram negados, mas nunca desistiram. E eu também fico aqui, enquanto quebramos esse tecto de vidro com tanto entusiasmo pelo o futuro, afirmou.

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Já Daniel Kaluuya conquistou o Óscar de Melhor Ator Secundário, pelo desempenho em "Judas and the Black Messiah", do líder dos Blanck Panther Fred Hampton.

Encarnar aos 32 anos o carismático líder da luta pelos direitos civis rendeu-lhe a estatueta dourada, num momento em que a injustiça racial contra a qual os Panteras Negras lutaram na década de 1960 dá sinais de que esta não desapareceu.

Paralelamente, ‘Two Distant Strangers’, que venceu o prémio de Melhor Curta-metragem, e ‘If Anything Happens I Love You’, que venceu a categoria de Melhor Curta de Animação, incidem ambos sobre a violência armada.

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