FC Porto-Benfica, 1-1 (crónica) - TVI

FC Porto-Benfica, 1-1 (crónica)

Um clássico sem tela, palco ou folhas (mas que deu para virar a página)

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Teatros fechados, cinemas e livrarias também, mas há clássicos que não precisam de um palco, uma tela ou de folhas de papel para serem exibidos com o esplendor possível que a ausência de público permite. Ainda assim, Jesus virou a página.

Em exibição: FC Porto-Benfica! [som de claquete ou cortinas a subir, como preferirem.]

Ao quinto jogo, o Benfica descobriu como travar o FC Porto e fechou a sete chaves, em rigoroso confinamento, os traumas dos últimos quatro duelos.

O clássico começou a aquecer com meia-hora de antecedência em casa do outro rival. Em Alvalade, o Sporting empatou frente ao Rio Ave e o resultado abriu ainda mais o apetite para o duelo do Dragão.

Se a noite era fria, o duelo não demorou a ferver.

Jorge Jesus decidiu experimentar a aparentemente mostrou respeito pela ala direita do FC Porto. Grimaldo a médio esquerdo e Nuno Tavares a fechar o quarteto defensivo. Surpresa também foi a inclusão de Seferovic no ataque ao lado de Darwin.

Nuno Tavares, Seferovic, Grimaldo… Ora, foi precisamente deste trio que (aos 17m) surgiu o golo dos encarnados numa combinação que acabou com o espanhol a picar a bola na cara de Marchesín para o fundo das redes.

O FC Porto, que até entrou melhor, viria a empatar oito minutos depois (25m) por Taremi, depois de um passe magistral de Sérgio Oliveira e da assistência de Corona, a tocar para a baliza com a bola a desviar em Marega.

Sexto golo em cinco jogos para o iraniano, que é cada vez mais a referência ofensiva dos dragões.

Apesar do frio invernal, o termómetro subia à flor da relva cada lance.

Com 4-4-2 que variavam a espaços para 4-2-3-1, as equipas encaixavam-se e o aparentemente macio miolo encarnado, com Pizzi e Weigl, chegava para ganhar a maioria das segundas bolas a Uribe, muita lentidão e pouco ímpeto nas divididas, apesar dos esforços redobrados de Sérgio Oliveira.

A primeira parte foi sobretudo de descontrolo. De golpe e contragolpe. Com Rafa a partir os rins a Zaidu de um lado e Luis Díaz a fazer o mesmo a Gilberto ou a Otamendi do outro.

O colombiano esteve perto do golo aos 36m, mas nos entretantos o Benfica cresceu e teve duas ocasiões flagrantes de Darwin para voltar à vantagem: se aos 29m a bola bateu com estrondo no poste, aos 43m o remate potente e cruzado passou a centímetros da baliza de Marchesín.

Equilíbrio no marcador e na estatística ao intervalo: 5-5 em remates, 1-1 em cantos e 49%-51% em posse de bola. A segunda parte traria menos oportunidades junto das duas balizas (apesar de uma incrível mancha de Marchesín a remate de Rafa logo a abrir), mas em «compensação» mais picardia.

Desentendimentos no relvado, protestos que se alastravam para os bancos face ao vazio sepulcral das bancadas.

Pizzi viu amarelo ao empurrar Pepe. Minutos depois, expulsão do team manager do FC Porto (Rui Correia) por pedir o segundo amarelo para o capitão do Benfica por falta sobre Corona. Luís Godinho, que sancionou com amarelo um pisão de Nuno Tavares aos 54m, haveria expulsar também Taremi, após recurso ao VAR, por acertar em cheio no tornozelo de Otamendi.

Ficaria o FC Porto a jogar com dez nos 20 minutos finais. Com menos um, ainda assim, os dragões desperdiçaram na pequena o 2-1 por Marega, na cara de Vlachodimos aos 75m. Sérgio Conceição (que estreou o filho Francisco no banco) logo de seguida mexeu na equipa para tentar manter algum controlo do jogo. Lançou Diogo Leite e João Mário para o lugar de Zaidu e Luis Díaz. Jesus respondeu tirando Grimaldo para lançar Everton, que mal tocou na bola disparou com perigo sobre a barra azul e branca.

Estava dado o sinal ao minuto 83: pressão final do Benfica, sofrimento do FC Porto.

Não houve ainda assim qualquer golpe de teatro ao cair do pano. Só muita luta e algum futebol. Acabaria por cima o Benfica, terminando o jogo com mais posse de bola (57%-43%), remates (10-9) e cantos (3-1). 

Depois da Luz, Dragão, Coimbra, Aveiro… A rota triunfal do Dragão em clássicos parou hoje em casa e Conceição não alcançou o feito de ser o primeiro técnico a vencer por cinco vezes consecutivas o rival.

Não terá ainda assim, pistolas e fisgas apontadas por não vencer esta noite (como disse na antevisão).

Quanto a Jesus, também não fez história. Ainda assim, para o comum dos adeptos do Benfica já terá sido um desfecho interessante não se ter repetido a história de sempre: em clássicos destes, mais vale um thriller do que um drama.

 

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